Liga Europa: Roma-Bayer Leverkusen, 1-0 (crónica)

11 mai 2023, 22:19

Vitória do mestre sobre o pupilo

O mestre bateu o pupilo e a Roma está, nesta altura, mais próxima da final de Budapeste, com um golo solitário de Edoardo Bove (que classe!) a dar vantagem aos romanos sobre o Bayer Leverkusen. Com as bancadas do Estádio Olímpico em ebulição, no relvado disputou-se um jogo demasiado tático, demasiado preso, demasiado lento. José Mourinho foi o primeiro a assumir o risco e acabou recompensado ficando, agora, a um curto passo da sua segunda final europeia consecutiva, a sexta da carreira.

Confira a FICHA DO JOGO

O jogo começou com o Bayer ao ataque, com os alemães a procurarem a profundidade logo que ganharam a bola, com Diaby a construir e Andrich a colocar Rui Patrício à prova, com o primeiro remate do jogo. Estava dado o mote, mas a Roma respondeu com serenidade, com uma elevada posse de bola, procurando progredir no terreno, passo a passo, de pé para pé, sem pressa de chegar à frente, à espera de um erro do adversário.

Mais quatro minutos e nova oportunidade para os alemães, desta vez com um pontapé do jovem Wirtz a rasar o poste, reflexo do jogo bem mais objetivo da equipa de Xabi Alonso. Mas a verdade é que o Bayer parecia estar cada vez mais longe da baliza de Rui Patrício e tinha cada vez mais dificuldades em acelerar o jogo. Primeiro porque não tinha bola, depois porque a Roma defendia com um bloco cada vez mais subido.

O ritmo de jogo caiu de forma vertiginosa, mas com a Roma a crescer visivelmente no jogo e a criar a primeira oportunidade aos 18 minutos, na sequência de um livre, sobre a esquerda, quer permitiu a Ibañez cabecear para a defesa da noite de Hrádecky.

O jogo chegou a um ponto de equilíbrio tal que nenhuma das equipas conseguia profundidade no jogo [o primeiro pontapé de canto só foi marcado no período de compensação da primeira parte], com fortes marcações na zona do meio-campo, mas linhas defensivas demasiado rígidas mais atrás. Xabi Alonso teve, depois, de reestruturar a sua defesa face a uma lesão de Kossounou, lançando Bakker para o meio-campo, fazendo recuar Hincapié para o eixo defensivo, com o ex-Vitória Tapsoba a mudar de flanco.

O intervalo chegou com o ritmo de jogo extremamente baixo, com nenhuma das equipas interessadas em assumir qualquer risco. As bancadas desesperavam.

José Mourinho regressou ao balneário ainda com o jogo a decorrer, certamente, para delinear nova estratégia para a segunda parte.

Entre José Mourinho e Xavi Alonso há uma profecia por cumprir

A Roma regressou ao relvado com uma nova atitude, com linhas mais subidas, sobretudo Bove e Pellegrino, no apoio ao ataque. Pellegrini, com um remate fora da área, deu o exemplo num momento em que a Roma começava a fixar o jogo no meio-campo do Bayer que, agora, estava ainda mais recuado, mas sem capacidade para responder com transições rápidas, como tinha demonstrado no início do jogo.

O rolo compressor da Roma continuou a aproximar-se da área de Hrádecky, com Çelik e Spinazzola a alargarem jogo para as alas e a obrigarem o Bayer também a esticar a defesa à frente da baliza de Hrádecky

Foi sem surpresa que o golo chegou ao minuto 62, com o jovem Edouárd Bove a explorar muito bem um enorme buraco na zona central para colocar a bola em Abraham. O inglês rematou à meia-volta para defesa de Hrádecky que já não conseguiu travar a recarga de Bove, de primeira, colocado, com o pé esquerdo. Que classe do miúdo de vinte anos. O Olímpico quase veio a baixo.

O Bayer perdeu o norte por instantes e Bove teve nova oportunidade, novamente numa recarga, desta feita a um primeiro remate de Pellegrini. Mourinho procurou aproveitar o momento e lançou para a contenda Wijnauldum e Dybala, dois jogadores que estavam limitados, mas que ainda deram o seu contributo para os últimos quinze minutos da partida.

Xabi Alonso também lançou a sua última cartada e os últimos dez minutos foram jogados sobre enorme tensão, com os alemães a crescerem à procura do empate e os romanos a cerrarem fileiras na defesa da magra vantagem.

Já muito perto do final do jogo, com Mourinho a alertar os jogadores para os escassos minutos que faltavam para o último apito, um último susto. Rui Patrício, em noite de recorde na Liga Europa, saiu de entre os postes, chocou com Ibañez e a bola sobrou para Frimpong que, com tudo para empatar o jogo, permitiu o corte de Cristante sobre a linha fatal. 

A Roma segurava a curta vantagem e é com este resultado que vai procurar chegar à final que está marcada para o Estádio Puskas, em Budapeste, no segundo jogo, dentro de uma semana, em Leverkusen.

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