Samu foi dos diabos. Maguire também
Não foi 2004. Nem 2009.
Nem era a eliminar. Mas, a dada altura, foi como se fosse. Um jogo de tudo ou nada.
Não teve um McCarthy ou um Costinha. A mítica corrida de um tal de Mourinho. Ou Cristiano Ronaldo em campo.
Mas foi um jogo dos diabos. Foi mesmo!
Vá, não foi literalmente dos diabos. Começou até por ser (e parecia ter tudo para ser). Como ainda mais parecia ter tudo para ser do FC Porto, que virou um 0-2 para um 3-2.
Mas se Samu mostrou ser mesmo um avançado dos diabos, Maguire resgatou os «red devils» do fundo do poço, com o 3-3 final aos 90+1m, já com o Man. United reduzido a dez devido ao vermelho a Bruno Fernandes, expulso pelo segundo jogo seguido.
Emoção. Incerteza. Uma grande reviravolta. E, por fim, um empate que dá o primeiro ponto ao FC Porto na Liga Europa. A vitória não chegou, mas a resposta à derrota na Noruega esteve lá.
Um Manchester United na mó de baixo (e com Ten Hag em xeque) teve um início de sonho no Dragão e vencia por 2-0 aos 20 minutos. Os golos de Pepê (28m) e dois de Samu (34m, 50m) permitiram uma reviravolta que quase foi para os livros das grandes noites europeias do FC Porto, mas os ingleses ganharam lá nas alturas. Quando já nada o fazia prever.
Início de pesadelo para o FC Porto
A «corda ao pescoço» que o FC Porto - disse Vítor Bruno antes do jogo - tinha para esta noite europeia tornou-se ainda mais apertada num início que ganhou contornos de desastroso para os azuis e brancos.
Até deu indícios de não o ser, porque o FC Porto teve cinco minutos iniciais interessantes. Ao ataque.
Mas do outro lado, houve um tal de Rashford. Foi o cabo dos trabalhos para a defesa portista, a partir da esquerda. Foi daí que, a passe de Eriksen, passou pela “sanduíche” criada por João Mário e Eustáquio, antes de bater Diogo Costa ao minuto sete, no primeiro remate dos «red devils».
O United voltou a ameaçar pelo mesmo lado mais uma vez e faria estragos de novo ao minuto 20. Eriksen ganhou a bola a meio-campo depois de um duelo ganho por Zé Pedro a Hojlund pelo ar, mas o avançado dinamarquês celebraria mais à frente, concluindo para o 2-0 a passe de Rashford.
Em ambos os golos, um denominador comum: Diogo Costa tocou a bola, deixou-a escapar. E ficou mal na fotografia.
Corda desatada por Pepê… até Samu
A noite corria na perfeição ao Man. United, muito eficaz. Mas o FC Porto foi dando sinais de querer reagir e tudo mudou a partir do minuto 28. A esperança renasceu quando Pepê, após uma defesa para a frente de Onana, reduziu distâncias, seis minutos antes de Samu – quem mais, não é? – levar à loucura a maioria dos mais de 49 mil adeptos com o 2-2, de cabeça após cruzamento de João Mário.
O jogo mudou de figura. O FC Porto desatou a corda. E parecia que mais um golo podia surgir a qualquer momento. Até ao intervalo, foi até o Man. United a avisar por Casemiro e Rashford, como Moura o fez logo a abrir a segunda parte, para a qual já não voltou o endiabrado Rashford (entrou Garnacho).
Porém, cinco minutos de jogo bastaram após o reatamento para o dragão soltar-se totalmente da corda ao pescoço, pela garra e sentido de golo de Samu, que bisou para o 3-2 a cruzamento de Pepê.
Do vermelho a Bruno à improvável aposta ganha de Ten Hag a partir do banco
A noite corria de feição ao FC Porto e o frenesim do jogo quase deu mais um golo a Samu (66m), mas Onana manteve o Man. United vivo num jogo em que os ingleses começaram a aproximar-se mais da área contrária a partir do minuto 70, já com Antony e Zirkzee em campo. Garnacho também se mostrou irrequieto, mas o FC Porto ia mantendo a vantagem e a expulsão de Bruno Fernandes, ao minuto 81, após choque com Nehuén Pérez (segundo amarelo) parecia complicar ainda mais a vida a Ten Hag.
Só que o neerlandês, que minutos antes, a perder, pareceu surpreender ao trocar os dois centrais (De Ligt e Lisandro por Maguire e Evans, mais lentos, mas altos) acabou por ser salvo pelo inglês que, a canto de Eriksen, desviou para o 3-3.
Samu foi dos diabos… e o FC Porto podia ter acabado com o jogo, mas não fez. Até que apareceu Maguire. E ninguém saiu totalmente a sorrir desta epopeia.