A energia inesgotável de Gyökeres e a fé no peito do pé de Debast
A FIGURA: Gyökeres
Os defesas do Lille montaram-lhe uma marcação impiedosa. Onde estava Gyökeres estava sempre um ou dois homens da equipa francesa. Ou melhor: quase sempre. O avançado sueco estica o jogo pela direita, pela esquerda, baixa para reter a bola o tempo necessário para que ela suba e a cada pancada que leva levanta-se (aparentemente) mais forte do que antes. Foi dele o golo que quebrou a resistência dos gauleses. Antes disso já tinha isolado Pote naquela que foi, até ao golo, a melhor ocasião de golo da primeira parte. Pouco depois sofreu a falta que ditou a expulsão de Angel Gomes. Aos 85 minutos trocou as voltas a um adversário, puxou para o pé esquerdo, mas acertou na malha lateral. Estreou-se na Liga dos Campeões aos 26 anos, mas está visto que nasceu para jogar nestes palcos.
O MOMENTO: golaço de Debast. MINUTO 65
O Sporting dominava o jogo, jogava em superioridade numérica, mas faltava um golo para acabar definitivamente com as ambições que o Lille ainda pudesse ter no jogo. Num daqueles remates quase sempre condenados ao fracasso, o defesa-central belga contrariou as probabilidades e fez a bola entrar no canto superior direito da baliza da equipa francesa.
OUTROS DESTAQUES
Geovany Quenda: aos 17 anos, quatro meses e 19 dias tornou-se no mais jovem futebolista do Sporting a jogar na Liga dos Campeões. Será que acusaria a pressão? Ruben Amorim, conhecedor da qualidade e do carácter do menino/homem, já tinha dito que não tirando aquele momento do hino da Champions, que até foi abafado pelos adeptos leonino. Não teve a permissão habitual para subir no terreno, mas mostrou-se consistente em todas as ações em campo. Se ainda houvesse dúvidas sobre como se sentia na maior competição de clubes do planeta, dissipou-as quando aos 20 minutos serpentou com classe sobre adversários e só foi travado em falta. Ou aos 50 minutos quando foi ao coração da área ameaçar o 2-0 com uma poderosa cabeçada. Aos 68 minutos teve a história no pé esquerdo, mas atirou ao lado com tudo para fazer o terceiro do Sporting no jogo.
Pote: esteve em quase tudo o que o Sporting fez de bom na primeira parte. Inteligente na ocupação dos espaços, esteve perto de inaugurar o marcador e, depois, serviu Gyökeres para o 1-0.
Debast: o golo já era digno de destaque, mas o defesa-central belga fez uma exibição sólida a todos os níveis. Irrepreensível no plano defensivo, mostrou serenidade e sentido de oportunidade nas disputas de bola mais delicadas. Arrancou mal a aventura em Portugal, mas nesta terça-feira mostrou toda a sua qualidade.
Hjulmand: voltou a ser um dos pilares da equipa de Ruben Amorim. Teve um raio de ação tremendo sem bola, matando várias transições do Lille à nascença.
Angel Gomes: ficou condicionado a meio da primeira parte com o amarelo após falta sobre Trincão. Depois desse momento era-lhe aconselhada outra prudência na abordagem àquele lance com Gyökeres, mas na prática, quando se tem o sueco pela frente, é tudo mais difícil.