Liga e Federação trabalham na redução da I Liga para 16 clubes: saiba tudo

4 mar 2021, 18:46
Uribe e Pizzi no FC Porto-Benfica (Estela Silva/LUSA)

Ideia passa reduzir a I Liga já em 2022/23. Em causa está a adequação dos calendários nacionais ao alargamento do calendário internacional, particularmente com as alterações da Liga dos Campeões

A Liga de Clubes e a Federação Portuguesa de Futebol estão em sintonia quanto à urgência de reduzir o quadro da I Liga dos atuais 18 para 16 clubes, o que corresponde a uma diminuição do campeonato de 34 para 30 jornadas, tal como já aconteceu num passado recente.

Para os dois órgãos responsáveis pelo futebol profissional em Portugal, esta redução impõe-se como resposta às alterações que a Liga dos Campeões vai ter a partir de 2024.

Recorde-se que a UEFA quer alterar o modelo da Champions a partir a partir de 2024/25, como resposta à ameaça de uma Superliga: essas alterações parram por aumentar a competição dos atuais 32 para 36 clubes (dois dos quais podem até apurar-se não por mérito desportivo, mas por ranking histórico, de forma a evitar que tubarões como o Man. United ou Barcelona falhem a competição se num determinado ano não se apurarem através da classificação do campeonato doméstico).

Ora para além do aumento do número de clubes, as alterações passam também pela criação de seis grupos de seis clubes, sendo que cada clube faz na primeira fase dez jogos contra dez adversários diferentes. Ora isso significa um aumento de jogos quase para o dobro: dos atuais quatro para dez.

Nesse sentido, a UEFA tem conversa com as entidades nacionais para a necessidade de adequarem as competições internas a este calendário internacional. Portugal tem essa preocupação em mente, naturalmente, sentido que não é possível manter o atual calendário a partir de 2024.

Utilizar a época do Mundial do Qatar como tubo de ensaio para 16 clubes

No entanto, e isto é muito importante, a intenção de Federação e Liga é que a redução da I Liga para 16 clubes aconteça já em 2022/23: ou seja, dois anos antes da mudança na Champions.

E porquê? Basicamente por a meio dessa época vai acontecer o Mundial do Qatar, que se realiza entre novembro e dezembro, pelo que Liga e Federação consideram que essa temporada seria perfeita para experimentar um novo quadro competitivo na I Liga, já a pensar no excesso de jogos provocado pelo Mundial.

Por causa do Qatar 2022, os clubes vão ser obrigados, em princípio, a libertar os jogadores a 14 de novembro para as seleções, ficando sem eles também durante o mês de dezembro. Para compensar essa interrupção, o campeonato 2022/23 vai ter provavelmente de começar mais cedo e vai ter de acabar mais tarde. Vai ser mais tempo de competição, portanto.

Nesse sentido, a Liga e a Federação veem essa época como a temporada ideal para lançar o novo quadro competitivo da I Liga, já a pensar em 2024/25. Esta solução já tem sido discutida em vários grupos de trabalho de competições de elite entre a Liga e a Federação, de resto.

Maioria dos clubes estão contra e propõe outras mudanças

Há, no entanto, um problema: a maioria dos clubes estão nesta altura contra esta redução. E para ela entrar em vigor em 2022/23, teria de ser aprovada pelos clubes em Assembleia Geral até 30 de junho. Sobretudo os clubes mais pequenos da Liga e os clubes da II Liga são frontalmente contra a ideia, porque significar mais dificuldades em chegar ao patamar maior do futebol português.

Nos grupos de trabalho que já se realizaram, os clubes confrontaram Federação e Liga com outras formas de reduzir o calendário competitivo. Apontaram por exemplo à reformulação da Taça da Liga e apontaram à supressão de dois fins de semana inteiramente dedicados à Taça de Portugal, bem como à realização das meias-finais da Taça de Portugal em duas mãos.

Liga e Federação admitem fazer cedências, mas querem mais

Ora a verdade é que a Liga está aberta a reformular a Taça da Liga, desde que isso não signifique acabar com ela: acabar com a Taça da Liga está fora de hipótese. A competição tem de continuar e convém que os clubes que não estão nas competições europeias continuem a fazer mais jogos.

Em relação à Taça de Portugal, a Federação também já mostrou abertura para introduzir alterações na competição, de forma a libertar espaço no calendário competitivo.

No entanto, estas alterações não chegam e é por isso que Federação e Liga continuam a trabalhar na redução do número de clubes na I Liga, sabendo que pela frente têm um trabalho difícil de negociação com os clubes até garantir a necessária aprovação em Assembleia Geral.

A meta é fazê-lo até 30 de junho, de forma a reduzir a I Liga para 16 clubes já em 2022, a pensar nas alterações que a Liga dos Campeões vai obrigar a fazer em 2024.

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