Champions: Manchester City-Inter Milão, 1-0 (crónica)

10 jun 2023, 22:22

Faltou inspiração, houve Bernardo

10 de junho, dia de Portugal e também dia de Ruben Dias e Bernardo Silva, titulares na final de Istambul que consagrou, finalmente, a equipa de Pep Guardiola no topo da Europa. O espetáculo em si deixou muito a desejar. De Bruyne saiu cedo lesionado, Haaland esteve muito longe dos seus melhores dias e teve de ser mesmo o pequeno Bernardo a abrir caminho para o golo solitário de Rodri no golo que ditou o novo e inédito campeão. Um jogo ingrato para os italianos que conseguiram controlar boa parte do jogo e chegaram mesmo ao fim com mais remates do que o campeão inglês.

Confira a FICHA DO JOGO

A entrada dos jogadores em campo ao som do hino da Liga dos Campeões, tocado ao piano por Adam Gyorgy, foi um dos momentos mais arrepiantes desta noite. Isto para dizer que a final de Istambul não foi propriamente um grande espetáculo de futebol, pelo contrário, teve poucos momentos de emoção, poucas oportunidades de golo e, sobretudo, faltou inspiração aos protagonistas.

O Manchester City, como estava programado, procurou, desde logo, assumir as rédeas de jogo, mas logo aqui encontrou um contratempo. O Inter estava bem mais subido do que era suposto estar, a fazer uma pressão tremenda na zona de construção da equipa de Pep Guardiola. Uma pressão que chegou a parecer arriscada, tendo em conta a capacidade dos citizens para acelerar o jogo e provocar desequilíbrios com dois passes, mas a verdade é que a equipa de Simone Inzaghi veio com a lição bem estudada e, além de fechar todas as saídas de escape, tinha também controlados os elementos mais criativos do City.

O City estava preso, amarrado, não conseguia embalar. Do outro lado, uma equipa extramente  bem organizada, a tapar todos os caminhos para o suposto recetor da bola e a antecipar todos os movimentos alternativos do adversário. 

Bernardo Silva ainda escapou uma vez, com um nó em Dimarco que lhe permitiu rematar cruzado, sobre a direita, mas depois também foi abafado. Nos momentos que se seguiram, o internacional português vaio mais atrás, andou às cabeçadas com Brozovic, Dimarco e Bastoni. No lado contrário, Jack Grealish estava ainda mais isolado entre Darmian e Dumfries. De Bruyne ainda ensaiou duas investidas pela zona central, com passes de rotura para Haaland, mas também não foram precisos muitos minutos para se perceber que não ia ser uma daquelas noites do belga.

Estas finais não são para De Buyne

De Bruyne queixou-se uma primeira vez, foi assistido, fez um esforço para continuar em campo, mas acabou mesmo por pedir para sair, tal como já tinha acontecido na final de há dois anos, no Dragão, quando o City perdeu o ambicionado título para o Chelsea. Entrou Phil Foden, mas o City não melhorou, pelo contrário, deixou-se ainda enrolar mais na estratégia que o Inter montou para este jogo. A verdade é que nada saía bem ao City. Nem mesmo a Ederson, normalmente exímio a jogar com os pés, esta noite falhou dois passes de forma inesperada e, num deles, colocou mesmo a bola nos pés de Barella que tentou marcar de chapéu, mas não lhe saiu como pretendia.

Nesta altura, a realização mostrava Walker, o grande ausente nos onzes iniciais desta noite, a bocejar no banco. Não era para menos, o jogo estava aborrecido.

Não havia emoção em campo e Guardiola tentou ir buscá-las às bancadas, virando-se várias vezes para os adeptos a pedir mais apoio, mas era Dimarco que, nesta altura, levantava mais suspiros dos adeptos italianos.

Já na segunda parte, o Inter também foi forçado a uma alteração, com Dzeko, em dificuldades, a ceder o lugar a Lukaku e, logo a seguir, o Inter teve uma oportunidade soberana para abrir o marcador. Akanji, distraído sobre a direita, não viu Lautaro escapar pelas suas costas e o argentino, com Lukaku a aparecer na área, optou no remate contra Ederson. Guardiola não queria acreditar. Parecia que se estava a repetir o guião de há dois anos. 

Bernardo volta a aparecer e Rodri marca

O jogo começava a ficar mais partido, mas o Inter continuava a dar sinais de extrema segurança defensiva quando Bernardo Silva voltou a aparecer no jogo, numa arrancada sobre a direita. O internacional português ganhou a linha de fundo, cruzou tenso, a bola sofreu um desvio em Bastoni e sobrou para a entrada da área onde surgiu Rodri a encher o pé para um remate indefensável.

Estava lançada a festa do City, mas ainda faltavam vinte minutos para o final. O Inter deixou isso bem claro logo no primeiro lance de resposta, com Dimarco a aparecer na área e a tentar bater Ederson, de cabeça, com um chapéu que levou a bola à barra. O lateral, um dos melhores em campo esta noite, ainda tentou a recarga, mas acertou em Lukaku.

O jogo tornou-se tenso, com o Inter a carregar no acelerador e o City a travar a fundo. Phil Foden ainda teve uma oportunidade soberana para matar esta final, mas a verdade é que o jogo acabou com toda a equipa do Inter na área do City, incluindo Onana, e uma grande defesa de Ederson a fechar a noite.

Ao fim de sete temporadas em Manchester, Pep Guardiola conseguiu finalmente conquistar a Liga dos Campeões e, desta forma, completar o ambicionado «treble», juntando a liga milionária à Premier e League e a Taça de Inglaterra [o segundo de Guardiola, que já tinha conquistado três troféus no Barcelona]. Uma temporada fantástica dos citizens, fechada, agora, a chaves de ouro.

O final do jogo fica marcado por um intenso abraço de Guardiola a Bernardo. Totalmente merecido, diga-se,

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