A provocação de Haaland tem uma história incrível... que ele desconhecia

10 mar 2021, 17:10

A incrível história da palavra que provocou confusão entre o avançado e o guarda-redes do Sevilha

Já se tornou quase banal escrever que Erling Haaland foi figura de um jogo. E se falamos de Liga dos Campeões, mais banal se torna.

Afinal, falamos de um jogador que está a pulverizar todos os recordes na competição. Alguém que aos 20 anos, com em 14 jogos na melhor competição do mundo, tem 20 golos marcados.

Mas e se os super-poderes do jogador do Dortmund fossem além dos golos?

Para isso, teria de acreditar em misticismo. 

Calma! Mesmo que não acredite, fique mais um pouco para conhecer esta história. Ela vale bem a pena.

No centro da questão está ‘Kiricocho’.

Uma palavra sem significado aparente. Mas responsável pela confusão gerada após o bis de Haaland no empate do Dortmund com o Sevilha, na terça-feira.

Kiricocho! Kiricocho! Kiricocho!

Com Haaland a correr para a bola para bater o penálti, Bono gritou aquela palavra estranha três vezes. E defendeu o penálti.

O problema é que tinha dado um passo a mais para a frente e o penálti teve de ser repetido.

Tal como o ritual. Bono voltou a gritar três vezes Kiricocho!. Só que à segunda, Haaland marcou mesmo correndo depois em direção ao guarda-redes do Sevilha para lhe gritar, imagine-se… Kiricocho!

E daí nasceu a confusão entre Haaland e vários jogadores do Sevilha que não gostaram da provocação que culminou com um dos golos mais longos da história da Champions. Até parecia bruxedo!

Mas o que raio quer dizer ‘Kiricocho’?

«Não faço ideia do que significa. Grite o mesmo que ele me tinha gritado a mim, mas não sei o significado», confessaria o norueguês após o final da partida.

A história tem décadas. É uma espécie de ‘feitiço’ que viajou da Argentina nos anos 70 do século passado.

Kiricocho era a alcunha de um adepto do Estudiantes de La Plata que não dava particular sorte ao clube, segundo rezam as crónicas.

De acordo com relatos, sempre que Kiricocho ia ver um treino da equipa pela qual era fanático, alguém se lesionava.

É aí que entra o outro protagonista deste enredo: Carlos Bilardo, o histórico treinador argentino que levou a seleção das pampas à glória em 1986… às costas de Maradona.

Bilardo era o treinador do Estudiantes nessa altura e, reconhecido por todos como alguém extremamente supersticioso.

Segundo relatou David Mosquera, um historiador de futebol argentino, ao ter conhecimento da coincidência das lesões com a presença de Kiricocho, Bilardo teve uma conversa com o adepto… e contratou-o como amuleto, em 1982.

«Bilardo fez de Kiricocho o responsável por receber as equipas adversárias que iam jogar a casa do Estudiantes. Recebia cada jogador com uma palmadinha nas costas. E a verdade é que nessa época, o clube foi campeão só perdeu um jogo: contra o Boca, que levou segurança privada e não deixou Kiricocho aproximar-se dos jogadores», relata Mosquera.

Ora, na Argentina a palavra ‘Kiricocho’ passou a ser utilizada por muitos como ‘feitiço’ que se lançava para dar azar a alguém num determinado momento. Num penálti, por exemplo.

Certo é que quando Bilardo chegou a Espanha em 1992 para treinar o Sevilha, encontrou no sul de Espanha… Kiricocho. Aí, já não o adepto do Estudiantes, mas a lenda.

«Quando treinava o Sevilha, num penálti contra nós ouvi alguém a dizer ‘Kiricocho. Kiricocho’. E até o Simeone e o Maradona me disseram que já tinham dito isso algumas vezes. E outros jogadores começaram a fazê-lo também», assumiu Bilardo, anos mais tarde.

Em Espanha e na Argentina o hábito banalizou-se. E com os estádios vazio, os gritos de ‘Kiricocho’ começaram a ser ouvidos e muitos foram atrás da história. Umas vezes resultou, outras nem tanto...

Será que agora o monstro Haaland pode ter acabado com o feitiço?

Cruzes credo! Vade retro!

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