Um novo e enorme complexo da embaixada dos EUA num pequeno país do Médio Oriente está a suscitar polémica

CNN , Nadeen Ebrahim
15 mai 2023, 09:00
Imagem aérea do novo complexo da embaixada dos EUA no Líbano. Imagem: Embaixada dos EUA em Beirute/Twitter

O complexo no subúrbio tem quase duas vezes e meia o tamanho do terreno onde se situa a Casa Branca

O enorme complexo da nova embaixada dos Estados Unidos no Líbano está a causar polémica pela sua dimensão e opulência num país onde quase 80% da população vive abaixo do limiar da pobreza. 

Localizado a cerca de 13 quilómetros do centro de Beirute e construído no local da atual embaixada, o novo complexo dos EUA no Líbano parece uma cidade própria. 

Estendendo-se por um terreno de 174 mil metros quadrados, o complexo no subúrbio de Awkar, em Beirute, tem quase duas vezes e meia o tamanho do terreno onde se situa a Casa Branca e ocupa mais do que 21 campos de futebol. 

No Twitter, muitos libaneses questionaram por que razão os EUA precisam de uma embaixada tão grande na sua capital. O Líbano é mais pequeno do que o estado de Connecticut e tem uma população de apenas seis milhões de habitantes. Poucos turistas americanos vão ao país, uma vez que o Departamento de Estado norte-americano desaconselha as viagens para o Líbano, mas tem uma população considerável de residentes libaneses americanos. 

"Os EUA mudaram-se para o Líbano?", escreveu no Twitter Sandy, uma activista das redes sociais. 

"Talvez venham a ter espaço suficiente para trabalhar em todos os pedidos de visto pendentes", escreveu Abed A. Ayoub, diretor executivo nacional do Comité Anti-Discriminação Americano-Árabe, reagindo à grandiosidade do novo complexo. 

Imagens geradas por computador publicadas pela embaixada mostram um complexo ultramoderno, com edifícios de vários andares com grandes janelas de vidro, áreas de lazer e uma piscina rodeada de vegetação e de vistas para a capital libanesa. O complexo inclui o edifício da embaixada, habitações para representantes do país e funcionários, instalações para a comunidade e instalações de apoio associadas, de acordo com a página do projeto

Desde a pandemia até à explosão em Beirute, em 2020, o Líbano tem sido assolado por uma série de crises que deixaram a sua economia em ruínas. Muitos libaneses não têm meios para comprar bens de primeira necessidade, incluindo alimentos, medicamentos e eletricidade. 

"Deixem-nos comer betão", escreveu outro utilizador no Twitter. 

O projeto do complexo da embaixada foi anunciado em 2015 e terá custado mil milhões de dólares. 

A sua construção é supervisionada pelo Gabinete norte-americano de Operações de Construção no Estrangeiro, que supervisionou a construção de várias outras embaixadas dos EUA em todo o mundo. 

A embaixada dos EUA no Líbano não respondeu ao pedido de comentário da CNN.

Os EUA têm uma história turbulenta com o Líbano. O Líbano é o lar do Hezbollah, que é apoiado pelo Irão e o grupo mais poderoso no país, mas tem mantido relações amigáveis com os EUA. 

No mês passado, assinalaram-se 40 anos sobre o atentado bombista de 1983 contra a embaixada americana em Beirute, que matou 63 pessoas, incluindo 52 libaneses e funcionários da embaixada. Em Outubro do mesmo ano, uma bomba atingiu um quartel em Beirute onde se encontravam as forças de manutenção da paz americanas e francesas, matando 299 pessoas.

E.U.A.

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