Segundo o presidente da Privado Clientes, Jaime Antunes, o processo desta empresa "que congrega investimentos de 250 cidadãos portugueses" já foi "julgado há quatro anos e ainda aguarda sentença"
A associação de lesados do BPP quer que João Rendeiro cumpra a pena de prisão que transitou em julgado e que também se faça justiça nos processos de ex-clientes contra o Estado e o Banco de Portugal.
"A Privado Clientes agradece as palavras que o diretor da Polícia Judiciária dirigiu aos lesados e defende que João Rendeiro deve cumprir a pena de cinco anos, que já foi transitada em julgamento, de forma a fazer cumprir a justiça", disse à Lusa o presidente da Privado Clientes, Jaime Antunes, numa declaração enviada à Lusa.
O responsável defendeu ainda que, "da mesma forma, os tribunais devem resolver os processos que estão parados há 10 anos, contra o Estado português e contra o Banco de Portugal", interpostos por ex-clientes do BPP.
Este último processo, de que fala a Privado Clientes, é contra o Banco de Portugal e refere-se a uma ação judicial interposta pela empresa Liminorke (o maior credor privado do BPP, empresa de que Jaime Antunes é presidente) pois perdeu 53 milhões de euros em depósitos que tinha no BPP.
Segundo o presidente da Privado Clientes, Jaime Antunes, o processo desta empresa "que congrega investimentos de 250 cidadãos portugueses" já foi "julgado há quatro anos e ainda aguarda sentença".
Já contra o Estado a Privado clientes tem um processo por privilégio de credores.
300 clientes ainda não receberam todo o valor investido
O colapso do BPP, banco vocacionado para a gestão de fortunas, verificou-se em 2010, já depois do caso BPN e antecedendo outros escândalos na banca portuguesa.
Apesar da sua pequena dimensão, o caso BPP teve importantes repercussões devido a potenciais efeitos de contágio ao restante sistema quando se vivia uma crise financeira, emergindo como caso judicial e de supervisão, pondo em causa a ação do Banco de Portugal. Deu-se então início ao processo de liquidação, que ainda decorre.
Apesar da intervenção estatal (450 milhões de euros de garantia), o BPP não deverá significar custos para os cofres públicos, uma vez que o Estado tem o estatuto de credor privilegiado. Outros credores continuam à espera de ser ressarcidos.
Entre esses estão os designados clientes de 'retorno absoluto', que através do BPP investiam dinheiro em sociedades, prometendo o banco capital garantido e remuneração (como se fossem depósitos).
Estes clientes recuperaram partes dos investimentos após terem criado um 'megafundo’ para gerir os seus ativos financeiros e cuja liquidação permitiu devolver-lhes parte do dinheiro. Contudo, segundo a Associação Privado Clientes, dos 3.000 clientes de retorno absoluto cerca de 300 ainda não receberam todo o valor investido, esperando a sua parte da massa falida.
Há também outros credores com dinheiro a haver, caso de depositantes acima 100 mil euros, assim como clientes que investiram em fundos de investimento e 'hedge funds'.