Leitão Amaro já tinha dito: "Hoje Portugal fica mais Portugal". O primeiro-ministro veio confirmá-lo, puxando também os galões da aprovação do Orçamento do Estado, mas não sem deixar avisos para o que ainda falta
“Ser português não é uma mera formalidade ou conveniência, é uma honra e responsabilidade. Para trabalhar em Portugal não é preciso ser português, mas para ser português é preciso muito mais que trabalhar em Portugal”. Confiante como tem estado, o primeiro-ministro fez desta uma das frases de regozijo pela aprovação de dois diplomas do Governo.
Um define aquilo que vai ser a nossa vida financeira no próximo ano, quando dinheiro vamos ter no bolso e como ele nos vai chegar. Outro definidor do que é Portugal, do que é ser português. Os dois fazem parte daquele que Luís Montenegro disse ser um "dia marcante para Portugal" que "definirá a vida nacional nos próximos anos".
Para o ser, lá está, será preciso muito mais do que estar cá e trabalhar cá. É preciso aderir aos valores portugueses e respeitar as regras do país, que agora está mais perto, na ótica do primeiro-ministro, de garantir soberania, coesão e identidade.
E é nesse sentido que há agora uma nova Lei da Nacionalidade, que traz ainda uma alteração ao Código Penal que prevê a possibilidade da perda de nacionalidade para quem cometa crimes graves.
Luís Montenegro entende que se está a devolver a ordem ao “caos” criado por uma “política de imigração descontrolada” dos governos anteriores, numa clara acusação ao tempo de António Costa.
O chefe do Governo falou numa solução “equilibrada” que faz parte de uma reforma “estrutural na imigração”, para a qual também contou o fim do regime de manifestação de interesse.
No fundo, é um eco do que já tinha dito o ministro da Presidência, António Leitão Amaro: "Hoje Portugal fica mais Portugal".
Uma mensagem clara para o eleitorado, com o Governo a mostrar nova vitória no Parlamento, como também foi a aprovação da proposta de Orçamento do Estado para 2026.
Essa outra vitória também contou com mensagem, mas para dentro da bolha política. O primeiro-ministro defendeu que o documento traz crescimento e resolução de problemas para muitas pessoas, destacando a existência de “menos impostos e mais investimento”, sem que isso prejudique a evolução da dívida pública.
“Este Orçamento reforça a política de rendimentos, valoriza o trabalho, o mérito e a justiça social”, acrescentou, vincando um cenário de esperança no futuro dos jovens portugueses.
O primeiro-ministro atira agora a bola para a oposição - é a tal bolha -, pedindo contributos, mas sem desvirtuar a generalidade do documento, vincando que a margem para alterações é “muito curta”.
Um recado claro para o que será a discussão na especialidade, falando aos partidos que a terão de votar em breve, depois de o documento global ter passado com a abstenção do PS e o voto contra do Chega.
“Estas aprovações demonstram que o Governo está aqui para unir e não para dividir e é capaz de liderar compromissos pelo interesse nacional", sublinhou.
Ambas dependem agora do Presidente da República, não se esperando qualquer tipo de problema em relação ao Orçamento do Estado. Já na outra, Luís Montenegro quis deixar outro recado: "Nós não mandamos, nem muito menos intervimos, no processo de reflexão e leitura política e jurídica de sua Excelência o Sr. Presidente da República. Respeitamos, como sempre, aquilo que será a sua apreciação e respeitaremos aquela que for a sua decisão".
No entanto, acrescentou: “Embora a minha e a nossa convicção é que há todas as razões para se proceder à promulgação do decreto que sairá da Assembleia da República, à sua publicação e à sua entrada em vigor”.
“Recordando, para esse efeito, que ele mereceu uma aprovação por uma maioria muito significativa, uma maioria superior a 70% dos deputados que representam a vontade política do povo português”, disse.
Já à pergunta se sente confortável que a aprovação tenha contado com o Chega como voto decisivo, respondeu que “o Governo sente-se não só confortável, como obrigado a legislar com vista a resolver os problemas concretos dos cidadãos que vivem e trabalham em Portugal”, “independentemente de alguns cartazes que qualquer partido político possa ter na rua”.