Prazo para obtenção da nacionalidade passa de cinco para dez anos de permanência
Rana Taslim Uddin, porta-voz da Comunidade do Bangladesh, revela que "alguns" imigrantes estão a pensar sair de Portugal para outro país na Europa onde o processo de obtenção de nacionalidade seja "mais rápido".
Em declarações à CNN Portugal, Rana Taslim Uddin adianta que "a maior parte" dos imigrantes do Bangladesh que vive em Portugal "quer obter a nacionalidade" portuguesa. Muitos sentem-se "estrangeiros" até obterem a nacionalidade, mesmo vivendo em Portugal há alguns anos. Quando o conseguem, sentem "orgulho em ser portugueses e europeus".
Com a nova Lei da Nacionalidade, que foi aprovada na generalidade pelo Parlamento, a obtenção da nacionalidade será possível só ao fim de dez anos de residência legal em Portugal para os imigrantes da comunidade do Bangladesh (o prazo é de sete anos para cidadãos de países de língua portuguesa e da União Europeia). O prazo em vigor anteriormente era de cinco anos para todos.
Na perspetiva de alguns imigrantes, este prazo é demasiado longo. "Há mais países na Europa onde é mais rápido podermos pedir a nacionalidade", sublinha Rana Taslim Uddin. Por isso, "algumas pessoas" estão a pensar sair do país, revela o porta-voz da comunidade.
Mas também há quem prefira, mesmo assim, continuar no país. "Há várias pessoas que dizem que aqui em Portugal é bom, é mais sossegado, o clima é muito bom, então dizem 'vamos investir aqui, não precisamos de nacionalidade. Tenho todas as vantagens de viver aqui, para quê sair?'", afirma Rana Taslim Uddin.
Questionado sobre qual o sentimento da comunidade do Bangladesh em relação aos cartazes do Chega com a frase inscrita "Isto não é o Bangladesh", Rana Taslim Uddin fala numa "má ação" e defende que "um político não pode usar o nome de qualquer país" para efeitos de "publicidade da sua candidatura" a eleições.
Em nome da comunidade, Rana Taslim Uddin diz que os imigrantes do Bangladesh escolhem Portugal para "trabalhar e melhorar a sua vida", denunciando os cartazes do partido de André Ventura como "um tipo de ódio".