Iniciativa Liberal fez noitada com cervejas e jovens que não querem emigrar para terem salários que paguem a renda

22 jan 2022, 13:16
Arruada da Iniciativa Liberal na noite de Lisboa

Cotrim de Figueiredo foi o centro das atenções numa caravana de dezenas de apoiantes da Iniciativa Liberal, em Lisboa. Cervejas não faltaram, como seria de esperar numa ação de rua noturna, mas o certo é que jovens também não. Em ambiente de festa, houve até quem fizesse fila para interagir com o candidato e tirar fotografias. Havia muito a perguntar e muito a dizer sobre uma geração. 

À conversa com amigos, Madalena Veiga, 24 anos, repara no enorme boletim de voto erguido pela comitiva liberal com as opções "proibir", "taxar" ou "libertar". Identifica rapidamente Cotrim de Figueiredo e atravessa a multidão para lhe dar um abraço. Conheceu o candidato nas últimas legislativas, no Arco do Cego, e sentiu necessidade de o recordar. "Pensa nos jovens, o que é importante porque estamos muito desfavorecidos no nosso país", diz, lamentando a necessidade destes recorrerem à emigração. É licenciada em Gestão, mas procura incessantemente trabalho na área. "Vivo com o meu namorado numa casa paga, caso contrário não havia condições".

Madalena Veiga

Ensino superior e depois?

Já no caso de Beatriz Silva, a situação inverte-se. Tem 25 anos e trabalha como assistente de Marketing, mas o rendimento inferior a 800 euros não a permitem sair de casa dos pais, nem mesmo com uma pós-graduação. "Sinto que não estudei para isto, mas também sinto que, por um lado, não é culpa do meu empregador", desabafa. "Também é penalizado com impostos e não tem condições para pagar melhores salários". Hoje Beatriz segura a bandeira da Iniciativa Liberal com convicção. É militante há dois anos e foi no partido que encontrou alguma esperança para a sua continuidade no país, o que até então não tinha acontecido. Descobriu o liberalismo nos Estados Unidos, onde viveu com os pais durante dois anos e meio, mas não era um destino no qual se quisesse manter. Holanda, Irlanda e Estónia. sim, são possibilidades mais viáveis. "Todas as semanas acordo a pensar em emigrar", assume numa gargalhada nervosa. Por outro lado, é filha única e ainda não foi capaz de cortar o cordão umbilical. "Os meus pais não vão para novos e não queria deixá-los sozinhos", explica. "Não quero ter de emigrar". 

Beatriz Silva

Quem não quis perder tempo foi Francisco Rocha, 22 anos. Concluiu a licenciatura e foi trabalhar para a Alemanha, onde ganha entre os 1.500 e os 2.000 euros. Não é o salário de sonho, mas também não é em Portugal que reúne as condições necessárias para se manter. De copo na mão, dirige-se ao líder da Iniciativa Liberal. Estava a conviver com os amigos, em Santos, quando viu a comitiva chegar. "Enquanto jovem tenho de me preocupar com o alto nível de impostos que tenho de pagar mal entro no mercado de trabalho", reclama. 

"Um sistema de educação completamente destruído"

Atrás, tentando fazer-se ver, Tomás Pinto espera a sua vez para falar. Planeara passar a noite a ouvir concertos num bar de jazz em Lisboa, mas foi arrastado pelos amigos, alguns militantes, até à arruada. É a primeira vez e ficou de tal forma deslumbrado, que já pondera ir a um comício. Estudante, de apenas 18 anos, representa os jovens que, como ele, tentaram ingressar no ensino superior "num sistema de educação completamente destruído". "Testes de admissão diferentes para as faculdades seria ótimo", sugere. "As notas são extremamente inflacionadas e não se consegue ter uma ideia correta das capacidades dos alunos". Questionado sobre se o CDS não seria capaz de dar resposta aos seus problemas, recorda nostálgico os tempos em que o bisavô o levava às touradas, mas hoje em dia "já está um pouco ultrapassado".

Tomás Pinto

Em estilo guru, Cotrim de Figueiredo acalenta os que o rodeiam, atropelando-se, com preocupações, mas não perde a oportunidade de apelar ao voto no partido. "Nós ouvimos essa história 20 vezes há muito tempo, e porque é que nunca muda?", questiona a todos. "Primeiro, as pessoas não mudam o sentido de voto e depois nunca foi prioridade", isto é, para o anterior Governo. O candidato explica ainda que o problema não é saír do país, "saír é bom", mas a gravidade está em "ter que sair". "Isto é que me faz uma verdadeira impressão", conclui.

 

 

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