Quebras estão acima dos 50% e stocks em mínimos históricos
No mercado do peixe ecoa o pregão: “É lapa fresca, é linda a lapa!” Pode é não ser por muito mais tempo. A Madeira prepara-se para proibir a apanha da lapa até Maio do próximo ano. Os stocks bateram nos mínimos históricos.
Filho de armador e apanhador de lapas, Nuno Cipriano disse à CNN Portugal que as “quebras estão acima dos 50%, se não acima dos 60% ou 70%.” Referiu também que: “o período de defeso foi muito severo, não deixou que a lapa criasse de um ano para o outro” e que, “a continuar assim, para o ano não há lapas para apanhar.”
Na ausência de estudos científicos avançam as teorias dos armadores e de quem vive do mar. Nuno apontou que “o facto de haver licenças de 15 quilos, com as quais as pessoas entram de manhã na água apanham os 15 quilos de lapa, escondem-na no calhau e regressam” não ajuda e que também “não há fiscalização a sério na costa”. A isto somam-se as preocupações de Pedro Gonçalves, peixeiro no mercado dos Lavradores. “Há mais gente a apanhar e há mais gente a consumir.” Além disso, “há muita gente no defeso que vai apanhar lapas.”
Procura e preço sobem na mesma proporção. Na lota a lapa é comprada a 10,5 euros, nas bancas, é vendida a 20 euros o quilo.
O Governo Regional da Madeira vai publicar a portaria que encerra a época da apanha de lapa. Para os profissionais, a quantidade permitida da apanha mantém-se nos 200 quilos diários, já o período de defeso estende-se dos cinco para os seis meses, ou seja, de Novembro a Maio. Uma decisão tomada depois de ouvir os nove armadores que exigiram ainda a proibição de atribuição de “licenças de 15 quilos, o aumento do patrulhamento na costa e o aumento das coimas para quem for apanhado a infringir as leis”, rematou Nuno Cipriano.