“Destruição como nunca vimos”: um vídeo, uma fotogaleria e três imagens de satélite que mostram o que 50 tornados fizeram nos EUA

13 dez 2021, 10:30

Oito estados norte-americanos atingidos. Número de mortos ainda não é certo e as autoridades tentam encontrar milhares de desaparecidos nos escombros

Num sinal pouco iluminado a poucos metros de uma igreja metodista em Mayfield, no estado norte-americano do Kentucky, lê-se “Rezem pelas vítimas da tempestade”. Uma frase que revela a impotência sentida por uma população que, em temperaturas gélidas, tenta agora reerguer-se perante os destroços causados pelos cerca de 50 tornados que atingiram os Estados Unidos na sexta-feira e no sábado.

Aqueles que sobreviveram têm agora dificuldade em identificar a cidade onde criaram as suas vidas. A alguns quilómetros da igreja, Steven Elder, um bancário na cidade de Mayfield e um dos cerca de 10 mil residentes, disse à CNN que “todos os edifícios históricos desapareceram”.  

“É como uma zona de guerra ou algo retirado de um filme”, afirmou, ao observar a cidade despida. “Nada será como antes, tudo foi destruído.” 

"Isto mudou a paisagem ... aqui em Mayfield", afirmou em conferência de imprensa o chefe da polícia de Kentucky, Dean Patterson. "Estamos a observar destruição a níveis que nunca antes vimos."

Imagens de satélite entretanto reveladas mostram a dimensão dos estragos.

 

 

 

 

Quase 90.000 casas e empresas permaneciam esta segunda-feira sem eletricidade em toda a zona oeste de Kentucky, tal como no noroeste do Tennessee. São estados devastados pela força do vento, que num momento chegou a transportar a fotografia de uma família de Mayfield para uma cidade a 160 quilómetros de distância.

Os estados do Kentucky e do Tennesse foram dois dos oito atingidos pelos cerca de 50 tornados que derrubaram linhas de energia, arrancaram telhados de edifícios e dizimaram comunidades. Estima-se que pelo menos 80 pessoas tenham morrido no Kentucky, de acordo com autoridades nacionais e locais. Mas o número ainda não é oficial. No epicentro está uma fábrica de velas onde terá sido registada a maior parte das mortes - o número oficial ainda não é certo. Na fábrica trabalhavam 100 pessoas de Mayfield.

Ainda que o Kentucky tenha sido o mais atingido, seis trabalhadores morreram dentro de um armazém da Amazon em Illinois após a fábrica ter colapsado. Entre as vítimas está um motorista que morreu na casa de banho, local de abrigo para onde foram encaminhados muitos trabalhadores.

“Há cidades que desapareceram”

Uma lar também foi atingido no Arkansas, provocando uma das duas vítimas mortais naquele estado. Há outras quatro mortes no Tennessee e duas no Missouri.

Sequencialmente à tragédia, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, declarou o estado de emergência no Kentucky. A ideia é que se abra caminho para a ajuda federal, num momento em que milhares de pessoas ficaram sem tecto, comida, água e eletricidade no espaço de 48 horas.  A decisão foi tomada após um pedido formal do governador de Kentucky, Andy Beshear, que afirmou que os tornados foram os mais mortais da história da região. 

“Há cidades que desapareceram”, disse Beshear em entrevista ao programa da CNN ‘State of the Union’. “A cidade em que o meu pai nasceu, Paxton, desabou. É difícil de descrever.”

Ainda assim Beshear conseguiu dar este domingo alguma esperança às comunidades. De acordo com a Associated Press, o número de vítimas mortais pode ser revisto em baixa para cerca de 50. Equipas de resgate continuam a vasculhar os destroços à procura de sobreviventes. 

A primavera é a estação principal em que ocorrem tornados, fazendo muitos cientistas olhar com estranheza para este último incidente ter ocorrido em dezembro, altura em que o clima mais frio habitualmente limita os tornados. Questionado sobre se existiam ligações entre os tornados e a crise climática, Biden afirmou que não podia traçar uma relação de causa-efeito de momento. “Tudo aquilo que sei é que a intensidade do clima, em toda a linha, tem algum impacto como consequência do aquecimento do planeta. O impacto específico sobre estas tempestades específicas não posso dizer de momento.” 

Os EUA registam mais de 1.200 tornados por ano, mais de quatro vezes o número combinado de todos os eventos climáticos em todos os outros países.

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