Portugal mantém entrega dos Kamov a Kiev mesmo depois de o Kremlin ter pedido para não o fazer

Agência Lusa , CM
20 out 2022, 14:50
Helicóptero Kamov (Getty Images)

“Pedimos aos nossos colegas portugueses de se inibirem de dar passos que possam desacreditar Portugal como um parceiro fiável”, disse a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova

A ministra da Defesa de Portugal disse desconhecer as críticas do regime de Moscovo face à intenção do Governo em enviar seis helicópteros Kamov para a Ucrânia e adiantou que essa decisão de apoiar Kiev se mantém.

“Relativamente aos helicópteros Kamov, o que posso dizer é que a intenção se mantém, naturalmente, nas atuais circunstâncias. Como em qualquer outra política, se houver circunstâncias que nos obriguem a revisitar e a ponderar tal far-se-á, mas não há qualquer intenção de alterar nas presentes circunstâncias”, afirmou Helena Carreiras no final do Conselho de Ministros.

Moscovo criticou hoje a decisão do Governo português de enviar seis helicópteros de combate a incêndios para a Ucrânia, de origem russa, dizendo que se trata de uma “violação das suas obrigações contratuais”.

Confrontada com esta posição do Kremlin, a ministra da Defesa afirmou “desconhecê-la”.

“Portanto, não vou comentá-la”, reiterou, acrescentando: “Naturalmente, nem antecipámos ou tivemos grandes preocupações com as obrigações contratuais relativamente à Federação Russa.”

A diplomacia russa considera que a decisão tomada pelo Governo português de enviar seis helicópteros Kamov de combate a incêndios para a Ucrânia, ajudando na luta contra a invasão russa, é uma “violação das obrigações contratuais” por parte de Lisboa, referindo-se ao facto de serem aeronaves de origem russa.

“Pedimos aos nossos colegas (portugueses) de se inibirem de dar passos que possam desacreditar Portugal como um parceiro fiável”, disse a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, na rede social Twitter.

Em outubro, Portugal anunciou o envio para a Ucrânia dos seis helicópteros Kamov, que estavam atualmente sem licença para operar, por serem de origem russa, um dos quais estava inoperacional.

 “A pedido da Ucrânia e em articulação com o Ministério da Administração Interna vamos disponibilizar à Ucrânia a nossa frota de helicópteros Kamov que, em virtude do cenário atual, das sanções impostas à Rússia, deixámos de poder operar, aliás não têm os seus certificados de aeronavegabilidade e nem sequer poderemos repará-los”, disse na altura a ministra a Defesa de Portugal, Helena Carreiras.

A ministra sublinhou que os helicópteros seriam transferidos no estado em que se encontravam, precisando de reparação, mas acreditando que serão “muitíssimo úteis à Ucrânia”, acrescentando que Kiev tinha agradecido o gesto do Governo português.

 

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