Kamala Harris pondera candidatar-se novamente a Presidente dos EUA. "Ainda não terminei"

CNN Portugal , JAV
25 out, 14:48
Kamala Harris assume derrota para Donald Trump (J. Scott Applewhite/AP)

Ex-vice-presidente e rival de Trump nas presidenciais de há um ano diz à BBC que poderá voltar a candidatar-se pelo Partido Democrata em 2028 e critica o presidente "tirano" diante de quem "muitos capitularam desde o primeiro dia"

A entrevista completa só vai ser transmitida às 9h da manhã de domingo, mas já a fazer manchetes deste e do outro lado do Atlântico. Numa longa conversa com a BBC, naquela que marca a sua primeira entrevista no Reino Unido desde as presidenciais de 2024, que perdeu para Donald Trump, Kamala Harris diz que não exclui a hipótese de voltar a disputar a Casa Branca com um rival republicano nas eleições que vão ter lugar em 2028.

"Ainda não terminei", diz a ex-vice-presidente dos Estados Unidos sobre "possivelmente" vir a candidtar-se a presidente dos EUA, um cargo que, acredita, será eventualmente ocupado por uma mulher. "Vivi toda a minha carreira como uma vida de serviço e isso está em mim."

Ao canal britânico, Kamala Harris faz o que o canal público britânico considera ser a "sugestão mais forte até ao momento" de que poderá voltar a concorrer à presidência após ter perdido para Trump há um ano, desmentindo as sondagens que indicam que ela foi o motivo pelo qual os democratas perderam a Casa Branca para o candidato republicano.

"Se eu desse ouvidos a sondagens, não teria concorrido ao meu primeiro ou segundo cargo — e certamente não estaria aqui", diz, adiantando que ainda não tomou uma decisão sobre se se candidata ou não em 2028.

Na conversa com a jornalista Laura Kuenssberg, no programa Sunday da BBC, Harris também volta a atacar Trump, rotulando o rival de "tirano" e dizendo que os alertas que fez ao longo da campanha eleitoral se provaram corretos, como vir a comportar-se como um fascista e comandar um governo autoritário.

"Ele disse que usaria o Departamento de Justiça como arma - e fez exatamente isso", adianta, dando como exemplo do autoritarismo de Trump a suspensão do comediante Jimmy Kimmel pela ABC após ter feito uma piada sobre a reação dos republicanos à morte do influencer de extrema-direita Charlie Kirk.

"Veja o que aconteceu em termos de como ele usou como arma, por exemplo, agências federais que perseguem satiristas políticos... A pele dele é tão sensível que ele não suporta críticas em modo de piada e tentou fechar uma organização de media inteira no processo."

Harris também critica duramente líderes empresariais e instituições nos Estados Unidos que, na sua opinião, se curvaram com muita facilidade às exigências do atual presidente.

"Há muitos [...] que capitularam desde o primeiro dia, que estão a ajoelhar-se diante de um tirano, acredito que por muitas razões, incluindo o desejo de estar ao lado do poder, talvez porque queiram aprovar uma fusão ou evitar uma investigação."

Confrontada com o conteúdo da entrevista pela BBC, a Casa Branca de Trump diz-se indiferente aos comentários de Harris sobre o presidente. "Quando Kamala Harris perdeu a eleição por uma margem avassaladora, ela deveria ter entendido a indireta — o povo americano não quer saber das suas mentiras absurdas", diz a porta-voz Abigail Jackson. "Ou talvez ela tenha entendido a indireta e é por isso que continua a expor as suas queixas a publicações estrangeiras."

Na entrevista com a BBC, que será transmitida na íntegra amanhã, Kamala Harris comenta ainda a controversa candidatura de Joe Biden e o afastamento do presidente a meio da campanha às últimas presidenciais por motivos de saúde.

E.U.A.

Mais E.U.A.