"Numa nação profundamente dividida, a disputa presidencial está a tornar-se uma das mais renhidas da história"
Os eleitores de estados mais indecisos no chamado Sun Belt, ou Cinturão do Sol, consideram que as suas vidas melhoraram quando o republicano Donald Trump foi presidente e estão preocupados com a possibilidade de isso não acontecer caso a democrata Kamala Harris vença as presidenciais de novembro. E isso é notório nas mais recentes sondagens levadas a cabo nos três estados de batalha da região.
De acordo com uma nova sondagem divulgada esta segunda-feira, Trump segue à frente da rival nas intenções de voto no Arizona e na Georgia, dois estados que o republicano perdeu para Joe Biden nas eleições de 2020 e que podem vir a definir os resultados das próximas presidenciais. Na Carolina do Norte, onde um democrata não vence as presidenciais desde a eleição de Barack Obama em 2008, Trump também continua à frente, embora com uma margem mais reduzida em relação a Kamala Harris.
A sondagem do Sienna College para o New York Times, conduzida entre 17 e 21 de setembro, “apresenta mais provas de que, numa nação profundamente dividida, a disputa presidencial está a tornar-se uma das mais renhidas da história”, aponta o jornal.
O Arizona, a Georgia e a Carolina do Norte integram a lista de sete estados considerados de batalha, nos quais as campanhas republicana e democrata têm estado a concentrar esforços nas últimas semanas. Entre eles conta-se o importante estado da Pensilvânia, um de extrema importância para os candidatos e onde Kamala Harris continua bem posicionada, com alguma margem de avanço em relação a Donald Trump.
O Arizona, que Biden conquistou em 2020 com uma margem de apenas 10.400 votos em relação a Trump, surge como um dos grandes desafios para a atual vice-presidente e candidata do Partido Democrata à Casa Branca. Segundo a mais recente sondagem do NYT no estado, o republicano segue à frente da democrata com 50% das intenções de voto contra 45% – isto depois de, em agosto, Kamala Harris ter surgido no mesmo inquérito do Sienna com cinco pontos percentuais de vantagem no Arizona em relação a Trump. As alterações são particularmente visíveis entre os eleitores latinos, com 10% deles a dizerem agora que estão indecisos.
Na Carolina do Norte, onde Trump venceu nas últimas eleições presidenciais com menos de 75 mil votos de vantagem em relação a Biden, o republicano angaria neste momento 49% das intenções de voto contra 47% para Harris.
O mais recente inquérito no estado, nota o NYT, foi conduzido antes de ter sido revelado que o candidato republicano a governador, Mark Robinson, fez publicações perturbadoras num site de pornografia – algo que o partido teme que possa impactar negativamente as intenções de voto em Donald Trump. A notícia chegou na passada quinta-feira pela mão da CNN Internacional, que apurou que, há mais de uma década, o controverso legislador conservador fez uma série de comentários polémicos e perturbadores no site "Nude Africa", onde se autoproclamou como um "negro nazi" e como "perv" (pervertido), navegando vários vídeos de pornografia transgénero. "Gosto de ver porno de travestis com raparigas! É muito excitante!", escreveu num dos vídeos. Apostado numa campanha antitransgénero, e confrontado com a notícia, Robinson negou ter sido o autor dos comentários.
Na Georgia, um estado que Joe Biden conseguiu conquistar em 2020 com menos de 11.800 votos de diferença em relação a Trump, o candidato republicano também continua à frente nas intenções de voto, com 49% contra 45% para Kamala Harris. A margem de erro nas sondagens nos três estados é de entre quatro e cinco pontos percentuais.
Estes inquéritos mais recentes mostram que as grandes preocupações do eleitorado nos estados do Sun Belt sobre o seu próprio futuro e o futuro dos Estados Unidos da América estão a encontrar eco na retórica de campanha de Trump de que “o país está a perder-se” e que, após o mandato Biden, é “uma nação falhada”. Ao todo, 72% dos eleitores republicanos na Georgia, Arizona e Carolina do Norte concordam com isto, contra 16% de democratas alinhados com essa visão.
Apesar de o candidato republicano estar agora à frente, o New York Times destaca “um sinal de que a corrida continua em aberto” nos três estados, com 15% do eleitorado a descrever-se como “indeciso” ou “ainda não totalmente decidido” quanto em quem pretendem votar. Em agosto, estes eleitores estavam a pender para Kamala Harris – e um mês depois, mostram uma ligeira tendência para Donald Trump. Mas isto “deixa aberta a possibilidade de mudarem de ideias” até à ida às urnas dentro de pouco mais de um mês.
A nível nacional, Kamala Harris continua em vantagem nas intenções de voto, como mostram as mais recentes sondagens conduzidas para os media norte-americanos. No domingo, uma sondagem divulgada pela NBC News apontava 49% para a democrata contra 44% para o republicano, um resultado também dentro da margem de erro.
Na sondagem das sondagens do Washington Post, que agrega os resultados de vários inquéritos de opinião conduzidos no país e que foi atualizada também ontem, Harris surge à frente de Trump em quatro dos sete estados-swing – Nevada, Michigan, Pensilvânia e Wisconsin.