Antigo delegado da Liga confirma convites para o Benfica mas nega envio de emails

25 out 2022, 12:29
Estádio da Luz

Nuno Cabral ouvido em tribunal, no âmbito do processo dos emails do Benfica

Com Inês Pereira (TVI/CNN Portugal)

Nuno Cabral, antigo delegado da Liga, foi ouvido nesta terça-feira em tribunal, na condição de testemunha, no âmbito do processo relativo à divulgação de emails do Benfica no Porto Canal.

Delegado da Liga entre 2013 e 2016, Nuno Cabral, que foi também árbitro da terceira categoria, garantiu nunca ter enviado emails com informação confidencial sobre os árbitros para responsáveis do Benfica.

«Não me recordo desses emails, não fui eu que os enviei», começou por referir. «Em 2017 e 2018 tentaram entrar na minha caixa de email. Talvez em 2014 já tenham feito o mesmo», acrescentou depois, garantindo que nunca enviou correio eletrónico para pessoas do futebol.

Confrontado com o nome Eva Mendes, apontado como pseudónimo utilizado para o envio dos referidos emails, o antigo delegado da Liga respondeu que conhece a atriz, mas que nunca utilizou esse nome.

Embora tenha sido referenciado no Porto Canal logo em 2017, no âmbito da divulgação dos emails, Nuno Cabral garante que não deu importância na altura, uma vez que a filha tinha sido diagnosticada com uma doença, pelo que só três anos depois terá percebido a dimensão do caso.

Nuno Cabral disse ainda ter conhecido Paulo Gonçalves em 2009, na Federação Portuguesa de Futebol, por causa de um processo de alegado suborno, e confirmou depois que o antigo dirigente do Benfica chegou a dar-lhe convites para jogos. No Estádio da Luz, mas também em Amesterdão e Turim, com viagens pagas. «Acho que isso não tinha nada a ver com o Benfica», referiu.

Ao antigo delegado da Liga referiu ainda que conheceu o antigo presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, numa ocasião em que lhe deu os parabéns pela conquista do título nacional. Já Pedro Guerra, que conhecia da BTV, conheceu «na sala de catering».

Nuno Cabral assumiu ser sócio do Benfica, mas garantiu que isso nunca condicionou a sua função de delegado da Liga, embora tenha dado a entender que a fama de «benfiquista acérrimo» condicionou a sua ascensão quando era árbitro, ao afirmar que o líder da arbitragem da Associação de Futebol do Porto lhe disse, na cara, que nunca chegaria aos nacionais.

Pedro Guerra explica relação com Adão Mendes

No período da tarde foi ouvido Pedro Guerra, também na condição de testemunha.

O comentador televisivo e diretor da BTV explicou ter começado a falar com Adão Mendes de forma ocasional, com o antigo observador de árbitros a abordá-lo, algo que associa à exposição médiática que tinha.

«Adão Mendes interpelou-me e apresentou-se. Falou comigo porque eu defendi, num programa, a profissionalização dos árbitros. Nesse contexto ele diz-me que eu estava enganado e deu-me o contacto dele para falarmos, se eu quisesse. Eu conversava com o Adão Mendes sobre a minha intervenção no programa. A arbitragem era um tema principal e o Adão Mendes era uma pessoa a quem eu recorria para me ajudar a perceber», afirmou.

Confrontado com uma lista de árbitros enviada por Adão Mendes, Pedro Guerra respondeu que eram nomes relacionados com uma conversa sobre quais cometiam mais e menos erros, e não sobre um alegado esquema de corrupção.

Relativamente à expressões «padres» e «missas», utilizada nas conversas com Adão Mendes, Pedro Guerra garantiu que identificavam programas e comentadores, e não árbitros e jogos, algo que Adão Mendes tinha assumido em tribunal.

[ARTIGO ATUALIZADO]

Benfica

Mais Benfica

Patrocinados