Julgamento: o que dizem a acusação e os arguidos da claque do Boavista

19 mar 2019, 16:10
Justiça

Arrancou nesta terça-feira a audiência de julgamento dos adeptos acusados de agressões a funcionários de um restaurante em São Miguel

Dois dos cinco homens pertencentes à claque do Boavista que estão a ser julgados nos Açores pediram desculpa nesta terça-feira em audiência de julgamento e manifestaram arrependimento, ainda que não tenham admitido todos os factos que lhes são imputados na acusação.

Recorde-se que os cinco homens, três deles em prisão preventiva em São Miguel, começaram a ser julgados em Ponta Delgada pela prática, em coautoria, dos crimes de ofensas à integridade física qualificada, dano e ameaça agravada.

O caso ocorreu em agosto de 2018 e diz respeito a agressões a funcionários e ao proprietário de um restaurante no concelho de Ponta Delgada na véspera do Santa Clara-Boavista.

Entre os arguidos está o líder dos Panteras Negras - a claque da equipa axadrezada - e ainda um agente da PSP e um segurança privado. Estes dois - que não estão em prisão preventiva - pediram para não ser presentes ao juiz durante a audiência de julgamento.

Na audiência, um dos arguidos disse ter dado dois socos na cara de um funcionário, mas depois de este lhe ter atirado com pratos na sequência de uma interpelação com um toque no ombro. «Estava tudo calmo e a confusão só se deu após palavras entre nós. Depois, aquilo foi tudo muito rápido», explicou, acrescentando que os dois depois envolveram-se fisicamente, tendo o arguido ficado «desorientado».

O homem, que confirmou que no grupo dos cinco adeptos do Boavista estavam «mais quatro pessoas da ilha», relatou que após a confusão que se gerou não se lembra de mais anda, assegurando que foi o líder da claque que disse para pararem.

O Ministério Público sustenta que as agressões apenas terminaram quando o líder da claque, «após assobiar para os demais arguidos», ter feito «um gesto com as mãos, colocando-as em forma de 'T' - que no desporto tem o significado de intervalo/pausa - e, em tom de voz alto, ter dito «já chega».

O texto da acusação descreve uma sucessão de agressões, com socos e pontapés, a funcionários do restaurante «em ato contínuo, no âmbito da atuação conjunta» dos arguidos, e refere que foram arremessados objetos e peças de mobiliário do restaurante.

Um dos outros arguidos pediu desculpa aos ofendidos e admitiu que ele e os amigos se «excederam». Confirmou a existência de agressões a dois empregados do estabelecimento, mas negou que tenha arrastado um deles.

O líder da claque alegou que tentou apenas serenar os ânimos. «Tentei separar. Era uma confusão total. Era eu que estava a separar aquilo tudo», disse, garantindo ter feito sinais para os outros arguidos.

A próxima audiência de julgamento está marcada para a próxima segunda-feira (25), onde serão feitas as alegações. O MP aponta o contexto da atuação dos arguidos, a gravidade das condutas e as lesões decorrentes das mesmas, bem como os antecedentes criminais dos homens. «Os arguidos agiram em comunhão de intentos e em conjugação de esforços, motivados meramente pelo que consideraram ser um atraso injustificado do serviço do restaurante (...)», sustenta a acusação.

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