Football Leaks: PJ nega afinação de estratégias com procuradora

14 jul 2022, 15:34
Football Leaks, Rui Pinto no início do julgamento do processo (Armando Franca/AP)

Inspetores foram interrogados nesta quinta-feira

Os inspetores da Polícia Judiciária (PJ) ouvidos na sessão desta quinta-feira do julgamento do processo Football Leaks negaram qualquer «afinação de estratégias» no encontro com a procuradora do Ministério Público (MP) após o início das diligências em tribunal.

José Amador, que liderou a investigação, e Hugo Monteiro voltaram a ser inquiridos no Juízo Central Criminal de Lisboa, na sequência de um requerimento da defesa de Aníbal Pinto, com vista a esclarecerem os relatos de diligência externa (RDE) da PJ sobre a operação de vigilância ao encontro na área de serviço da autoestrada A5, em outubro de 2015, bem como do email de convocatória para uma reunião em setembro de 2020 com a magistrada Marta Viegas.

«Fi-lo sem qualquer reserva mental ou malícia. Não há aqui nenhuma estratégia. Há uma reunião com partes que são, no contexto do inquérito, intervenientes e queriam esclarecer dúvidas. Não queria afinar nada. Este email destinava-se a convocar um encontro com a procuradora do julgamento, solicitado pela procuradora», disse José Amador.

«Não se afinou estratégia nenhuma, respondeu-se a questões colocadas e que são perfeitamente normais», esclareceu.

O coordenador da investigação do caso Football Leaks – que vai continuar a ser inquirido de tarde - explicou que o procedimento de agendar reuniões é normal para a PJ e que «ocorre ao sabor dos eventos e das situações» nos diferentes processos.

Sobre a reunião, José Amador confirmou as presenças dos colegas Rogério Bravo, Paulo Abalada, José Garcia e Hugo Monteiro, além da procuradora Marta Viegas – que assumiu que já conhecia anteriormente a este processo -, e disse que a inspetora Aida Freitas não esteve presente, apesar de também ter sido convocada no referido email. Ato contínuo, desvalorizou a importância da reunião, perante as questões da defesa de Aníbal Pinto.

«Não sei quanto tempo durou. Não teve propriamente uma ordem de trabalhos. Foi uma reunião informal. O ‘grosso’ da reunião ocorreu sem os meus colegas, à exceção do meu coordenador [Rogério Bravo] e as questões que eu melhor recordo eram relacionadas com o relatório forense», notou, desabafando: «Pareço estar a ser julgado por um conteúdo e isto não tem nada transcendente».

Hugo Monteiro seguiu a mesma linha de discurso de Amador.

«Não foram afinadas estratégias nenhumas. Foram esclarecimentos técnicos», respondeu o inspetor, perante a insistência das perguntas da defesa de Aníbal Pinto, que chegou a ser visada pela juíza-presidente Margarida Alves: «Está a tentar deturpar o que foram as palavras do inspetor. (…) Em sede de alegações tirará as conclusões».

No entanto, a defesa de Aníbal Pinto acabou por requerer a extração de certidão dos dois inspetores para o Ministério Público investigar a eventual prática dos crimes de falsidade de testemunho, falsidade de documento, abuso de poder e violação de dever, com o tribunal a deferir os dois requerimentos contra José Amador e Hugo Monteiro.

 

Patrocinados