Advogada de João Rendeiro: "O processo de extradição pode demorar anos na África do Sul"

13 dez 2021, 15:05
João Rendeiro ouvido no Tribunal de Verulam (LUÍS MIGUEL FONSECA/LUSA)

Depois de ter pedido o adiamento da primeira audiência, June Marks confirmou à CNN Portugal que ainda não recebeu o processo

A advogada de João Rendeiro afirmou esta segunda-feira que o processo de extradição do ex-banqueiro poderá levar vários anos. Em entrevista à CNN Portugal, June Marks mencionou o processo como sendo complicado: "O processo de extradição pode demorar anos na África do Sul. Temos conhecimento de casos que demoraram anos".

Ainda assim, esse período não terá de ser passado "necessariamente" na prisão, de acordo com a lei sul-africana.

"Se a fiança for negada, vamos recorrer ao Supremo, e aí haverá uma decisão", sublinhou, garantindo que está a trabalhar no caso a solo, sem ajuda de um advogado português.

Num dia em que pediu o adiamento da primeira audiência por falta de informações do processo, a jurista avançou que ainda não recebeu o processo em causa, esperando recebê-lo na manhã desta terça-feira.

"Não existe mais informação. Apenas recebemos a informação da detenção", acrescentou, numa conversa em que confirmou que já conhece João Rendeiro há três meses, estando também a par da situação do ex-banqueiro desde então.

Além de ter pedido o adiamento da audiência, June Marks pediu também que João Rendeiro pudesse sair sob o pagamento de uma fiança. Questionada sobre o valor que o ex-banqueiro estará disposto a pagar, a advogada não adiantou valores. No entanto, é sabido que o português terá, em caso de ser concedida a fiança, apresentar garantias de como consegue pagar o valor em causa.

De resto, explicou a advogada, "não é assim que funciona na África do Sul". Primeiro é necessário apresentar o pedido de fiança, e depois o tribunal deverá dizer se aceita ou não, chegando depois, se for o caso, à apresentação de um valor.

Sobre a situação judicial de João Rendeiro em Portugal, a advogada diz conhecer o caso do seu cliente, acrescentando que ainda não formalizado qualquer pedido de extradição.

João Rendeiro foi detido este sábado em Durban, cerca de três meses depois de ter fugido de Portugal, onde foi condenado em três processos diferentes, todos relacionados com o Banco Privado Português (BPP)

O antigo presidente do BPP foi condenado em três processos distintos relacionados com o colapso do banco, um deles já transitado em julgado, tendo o tribunal dado como provado que retirou daquela instituição 13,61 milhões de euros.

O colapso daquela instituição, em 2010, lesou milhares de clientes e causou perdas de centenas de milhões de euros ao Estado.

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