opinião

“A mulher tem de ser musa de si própria”

2 mai 2022, 08:00
Judite Sousa

Notas soltas

“Nós mulheres… saímos perdedoras em assuntos de amor”, escreveu a poetisa argentina Alfonsina Storni antes de, aos quarenta e seis anos, se lançar ao mar. Não é caso único. E a pergunta é: o que leva mulheres que marcaram a história da literatura a desesperar-se com a vida ao ponto de deixarem de a suportar? Virginia Woolf escreveu que, num mundo de homens no seu tempo, “a mulher tem de ser musa de si própria”.

Retomo Alfonsina Storni: “Todo o cérebro ativo transporta uma alma quebrada e o homem, nas mulheres, busca algo de festivo”.

Digamos que estes desabafos prolongaram-se até à Revolução Francesa, em 1789, momento em que, finalmente, a palavra “homme” deixou de querer dizer “homem” e passou a significar “ser humano”. Quer isto dizer que com a Revolução Francesa emergiu a visão audaz da igualdade de direitos.

É uma reflexão que decorre da condição da escrita. E percorre momentos “pesados” das letras no feminino. E a conclusão poderá ser: viver é perigoso. No final do caminho, temos sempre a morte à nossa espera. Escrever é perigoso. Mas no final da escrita está a obra.

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