De assessora de Sócrates a chefe de gabinete de Galamba. Quem é Eugénia Correia?

18 mai 2023, 16:16
Eugénia Correia ouvida na comissão parlamentar de inquérito à TAP (António Cotrim/Lusa)

Com uma vida passada na política, a chefe de gabinete do ministro das Infraestruturas salta de cargo em cargo desde que começou a trabalhar para o Governo, quando tinha apenas 28 anos. Ao longo de quase 30 anos, ocupou as posições de chefe de gabinete, assessora e adjunta, em mais de sete governos socialistas

A chefe de gabinete de João Galamba ganhou protagonismo ao ser uma das principais figuras da Comissão Parlamentar de Inquérito da TAP, onde desmentiu a versão dos factos apresentada pelo antigo adjunto do ministro das Infraestruturas, horas antes. Formada em Direito, na Faculdade de Direito de Lisboa, onde chegou a ser docente, Eugénia Correia tinha apenas 28 anos quando deu os seus primeiros passos num Executivo socialista, no Governo do então primeiro-ministro António Guterres, em 1996. Foi contratada como assessora do gabinete do secretário de Estado da Administração Local e do Ordenamento do Território, José Augusto de Carvalho. À data da sua contratação, tinha apenas três anos de experiência profissional, quando deu aulas na Faculdade de Direito de Lisboa.

Maria Eugénia Correia Cabeço manteve-se no cargo de assessora do secretário de Estado no segundo Governo de António Guterres, até ao início do ano de 2000. A função é interrompida apenas para, logo de seguida, tornar-se assessora de Pedro Silva Pereira, secretário de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza, do ministério comandado por José Sócrates, até ao final de 2002.

Com a queda do Governo e a eleição do social-democrata Durão Barroso para primeiro-ministro, António Guterres passa a ocupar o cargo de consultor do Conselho de Administração da Caixa-Geral de Depósitos (CGD). Eugénia Correia segue o mesmo caminho e encontra trabalho como jurista da CGD, ocupando o cargo até ao regresso dos socialistas ao poder, segundo o seu currículo, publicado em Diário da República.

E regressou em grande. Com a eleição de José Sócrates, Eugénia Correia deixa as funções de jurista da CGD e torna-se assessora do gabinete do primeiro-ministro durante o primeiro mandato. Com a reeleição de Sócrates, Eugénia passa a ocupar o cargo de chefe do gabinete da secretária de Estado do Ordenamento do Território e das Cidades, Fernanda do Carmo. Fica no novo cargo pouco mais de um ano, até à demissão do antigo primeiro-ministro.

Com o regresso dos sociais-democratas ao poder, desta vez pela mão de Pedro Passos Coelho, Eugénia Correia regressa à CGD, para ocupar novamente o cargo de jurista no banco público, entre 2011 e 2015. Foi preciso esperar até 2015, com a eleição de António Costa, para regressar a trabalhar para um Executivo socialista, desta vez como adjunta do então ministro das Finanças, Mário Centeno. Esteve no cargo até fevereiro de 2017, altura em que passa para assessora do Conselho de Administração da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos. Fica 14 meses a trabalhar para o regulador.

Mas o Governo voltou a chamar por si, em outubro de 2018. António Costa tinha acabado de nomear João Galamba para secretário de Estado da Energia e chamou Eugénia Correia para ser sua adjunta. É o início da sua relação profissional com o atual ministro das Infraestruturas. Um ano depois, Galamba promove-a a chefe de gabinete e, quando António Costa o chama para chefiar o Ministério das Infraestruturas, Eugénia transita com ele.

Foi nesse cargo que se viu no meio do turbilhão causado pelo polémico despedimento de Frederico Pinheiro e alegados confrontos entre os membros do gabinete e a participação do Serviços de Informações e Segurança (SIS) para recuperar o computador profissional do antigo adjunto. Ouvida pela Comissão Parlamentar de Inquérito à Tutela Política da Gestão da TAP, na quarta-feira, a chefe de gabinete de João Galamba rejeitou qualquer intenção de esconder notas sobre reuniões à comissão de inquérito à TAP, afirmando que o ministro desconhecia a sua existência até 24 de abril, contrariando a versão do ex-adjunto do ministro.

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