Mourinho recorda Benfica: «Ainda não me tinha sentado e já estava a perder»

10 set 2021, 10:38
José Mourinho (twitter Roma)

Numa altura em que está prestes a cumprir mil encontros como treinador principal, lembrou o primeiro jogo e elegeu os mais marcantes da carreira

José Mourinho cumpre no domingo o jogo mil como treinador principal e em declarações à Agência Lusa, o técnico recordou o seu primeiro encontro, uma estreia a perder, no Bessa, ao comando do Benfica, há mais de duas décadas.

«Não me lembro do 10.º ou do 100.º, mas claro que me lembro do primeiro jogo. Foi frente ao Boavista, com o Benfica, e ficou 1-0», contou Mourinho.

«Ainda não me tinha sentado e já estava a perder», recordou o técnico, lembrando o golo madrugador do brasileiro Duda, que decidiu o jogo a favor dos axadrezados logo aos dois minutos.

O encontro realizou-se em 20 de setembro de 2000, no Porto, onde José Mourinho, então com 37 anos, se apresentou ao mundo como treinador principal, depois de vários anos como adjunto, de ilustres como o inglês Bobby Robson ou o holandês Louis van Gaal.

A carreira de treinador principal começou, assim, com um desaire, que, então, atirou o Benfica para o oitavo lugar da classificação, com sete pontos, a seis do líder Sporting de Braga.

Nos encarnados, a sua trajetória foi muito curta, pois, pouco depois da sua entrada, realizaram-se eleições e Manuel Vilarinho destronou Vale e Azevedo, depois de, durante a campanha, ter feito saber que o seu treinador era Toni.

Mourinho só cumpriu, assim, 11 jogos como treinador do Benfica, despedindo-se, porém, em grande, com um 3-0 ao então campeão Sporting, na Luz, em 03 de dezembro de 2000, à 13.ª jornada, graças a um penálti de Van Hooijdonk e um bis de João Tomás.

Foi a primeira grande vitória da sua carreira como treinador principal e a última pelo Benfica, num resultado que teve como dano colateral a queda de Augusto Inácio, despedido do comando dos leões meses após um histórico título.

Mourinho elege os quatro jogos que lhe valeram troféus europeus como os mais emblemáticos da carreira. «De um modo muito simples e pragmático, os mais marcantes foram aqueles que deram títulos, as finais, as duas finais da Champions e as duas finais da UEFA. Se tivesse de escolher, seriam estes», disse o técnico.

Mourinho referia-se às duas vitórias na Liga dos Campeões, a primeira pelo FC Porto (2003/04) e a segunda pelo Inter Milão (2009/10), e aos triunfos na Taça UEFA, também pelos portistas (2002/03), e na Liga Europa, no Manchester United (2016/17).

O primeiro troféu europeu conquistou-o na sua primeira época completa por um clube, o FC Porto, em 2002/03, depois de 11 jogos pelo Benfica em 2000/01 e de, em 2001/02, ter cumprido a primeira metade da temporada na União de Leiria e a segunda nos dragões.

Em 21 de maio de 2003, curiosamente no seu 100.º jogo como treinador principal, conquistou em Sevilha a Taça UEFA, a primeira da história azul e branca, com um triunfo por 3-2, após prolongamento, face aos escoceses do Celtic.

Na época seguinte, chegou, de forma inesperada, o segundo troféu, a Liga dos Campeões, conquistada após uma final em que o FC Porto foi categórico, face ao Mónaco, que bateu em Gelsenkirchen, em 26 de maio, por claros 3-0.

O terceiro troféu europeu demorou a chegar, já que Mourinho só o conquistou em 2009/10, na segunda época ao serviço do Inter Milão, com um triunfo por 2-0 sobre o Bayern Munique na final da Champions, em 22 de maio de 2010. Era o seu jogo 451.

A última grande vitória do técnico luso aconteceu sete anos volvidos, quando o técnico luso arrebatou a Liga Europa, pelo Manchester United, que bateu o Ajax por 2-0, em Solna, nos arredores de Estocolmo, capital da Suécia.

No Chelsea, clube no qual cumpriu duas passagens e um recorde de 321 jogos, e no Real Madrid, em três épocas em que teve do outro lado o super FC Barcelona de Guardiola, Mourinho também ganhou troféus, mas as derrotas foram mais marcantes.

«Além dos títulos, também foram marcantes as duas derrotas nas meias-finais da Champions por penáltis e uma terceira com um golo em que a bola não entrou», recordou o treinador português, atualmente com 58 anos.

Em 2004/05, na primeira época no Chelsea, numa meia-final que teve pelo meio um 2-0 em Bolton que selou a vitória na Premier Legue, os blues falharam a final por culpa de um golo fantasma do espanhol Luis Garcia, aos quatro minutos.

Depois de um nulo em Stamford Bridge, os reds impuseram-se em casa por 1-0, no 214.º jogo da carreira de Mourinho, que não acredita que a bola tenha, de facto, entrado.

Ainda ao serviço dos londrinos, o treinador português voltou, dois anos depois, às meias-finais da Liga dos Campeões e caiu uma vez mais perante o Liverpool, que se impôs nos penáltis (4-1), em Stamford Bridge, no jogo 331 de Mourinho.

Os blues impuseram-se em casa por 1-0, mas perderam por 1-0 em Anfield Road, num jogo em que o prolongamento não trouxe novidades, adiando tudo para a lotaria, na qual o espanhol Pepe Reina foi o herói dos locais.

Ao 564.º jogo da carreira, Mourinho seria de novo vítima dos penáltis, em 2011/12, na segunda época ao serviço do Real Madrid, numa meia-final com os alemães do Bayern Munique, que teve o desfecho no Santiago Bernabéu.

Os merengues responderam com um 2-1 em casa, com um bis de Cristiano Ronaldo, ao desaire por 2-1 sofrido na Alemanha, mas, após um prolongamento inconclusivo, tombaram nos penáltis (1-3), num desempate em que o jogador português também falhou.

Mourinho ainda perdeu mais três meias-finais da Champions, duas pelo Real Madrid, em 2010/11 com o FC Barcelona de Messi, que bisou no Bernabéu no jogo 504 do técnico luso, e em 2012/13 com o Borussia Dortmund, e uma pelo Chelsea, em 2013/14, face ao Atlético de Madrid, vencedor em Stamford Bridge por 3-1.

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