Mourinho fez 59 anos, e nós escolhemos 59 golos marcantes de uma carreira de sucesso

27 jan 2022, 09:46
José Mourinho no Roma-Juventus (Getty Images)

Do Benfica à Roma, passando por todos os países onde fez sucesso. Estes são alguns dos golos mais importantes de uma carreira recheada

José Mourinho faz esta quarta-feira 59 anos, grande parte deles passados a festejar golos históricos, muitos deles também para o futebol português. Por isso mesmo, a CNN Portugal escolheu 59 golos icónicos da carreira do treinador, que tenta agora renascer em Itália. Começando em Portugal, passamos por Inglaterra quatro vezes, duas por Itália e uma por Espanha. Acompanhe-nos nesta viagem, que preparámos ao longo do dia para escolher cuidadosamente os golos.

A era portuguesa

Num momento conturbado do Benfica, foi com surpresa que em 2000 José Mourinho se viu convidado para assumir os comandos do clube da Luz. Nunca tinha sido treinador principal, mas Vale e Azevedo decidira dar-lhe uma oportunidade. A primeira experiência acabou por não correr da melhor forma. Menos de três meses depois de assumir a equipa principal, acaba despedido antes do fim do ano. Antes disso, talvez o melhor momento como treinador dos encarnados: uma vitória por 3-0 num Benfica-Sporting. Na despedida de Lisboa, escolhemos um golo com classe de João Tomás (a partir do minuto 02:29).

Seguiu-se uma passagem na União de Leiria, que o haveria de catapultar para o sucesso. Antes disso, vitórias convincentes contra FC Porto e Sporting, com a equipa a terminar a época de 2000/01 no terceiro lugar, o melhor de sempre, à frente do Benfica. Na época seguinte a equipa volta a entrar com tudo, e logo a 8 de setembro mostra grande réplica ao Sporting, empatando 1-1 em casa. Há poucas imagens do Leiria de José Mourinho, mas este foi um dos jogos mais marcantes (golo - e que golo - de Silas a partir dos 02:23).

A primeira metade de época em Leiria convenceu Jorge Nuno Pinto da Costa, que no início de 2002 decidiu despedir Otávio Machado, apostando em José Mourinho para comandar a equipa a partir de janeiro. Desde logo, a promessa de um FC Porto forte, a lutar por títulos, mesmo que não naquele ano. Efetivamente, os títulos não vieram logo mas, com um mês de casa, a 10 de fevereiro, uma vitória na raça, por 3-2, frente ao rival de sempre, o Benfica. A coroar o triunfo uma obra de arte de Nuno Capucho (golo a partir dos 02:36).

O Porto arrancava para uma era de glória, que depressa se percebeu que ia ser atingida no ano seguinte. Com um arranque de campeonato invejável, é com uma vitória em Alvalade, a 11 de janeiro de 2003, que os dragões se distanciam definitivamente do Sporting, então campeão nacional. Costinha, num movimento acrobático num canto, marcou o único golo logo aos quatro minutos (golo a partir dos 09:30).

Seguiu-se nova prova de fogo. Há seis anos que o FC Porto não ganhava no Restelo e as coisas não pareciam bem encaminhadas, com os azuis e brancos a perderem ao intervalo. Reza a história que ao intervalo desse 19 de janeiro houve uma dura, não de José Mourinho, mas do capitão, Jorge Costa. A história foi revelada mais tarde pelo treinador e, curiosamente, o FC Porto deu a volta ao jogo, com dois golos inesperados de... Jorge Costa, que nem costumava marcar.

De vento em popa, o FC Porto seguia o caminho de reconquista do título. A 4 de março de 2003, as dúvidas dissiparam-se: vitória clara dos dragões em pleno Estádio da Luz, com a equipa a sair de Lisboa com uma vantagem considerável. Autor do golo: o mágico Deco (a partir dos 34:50).

Por alturas da Páscoa já o Porto olhava outros horizontes e a equipa apontava à Europa. Na então Taça UEFA, e depois de perder 1-0 em casa com o Panathinaikos, foi à Grécia vencer por 2-0, com um dos golos no prolongamento. No dia 20 de março o sonho tornou-se mais vivo.

Seguiu-se, a 10 de abril, um recital de futebol: 4-1 à Lazio de Roma, na altura uma das equipas mais fortes da Europa. De resto, num jogo que José Mourinho já classificou como um dos mais bem conseguidos, Hélder Postiga foi uma das figuras (golo a partir dos 06:50).

O grande objetivo continuava a ser o campeonato, algo que foi coroado a 4 de maio, com uma vitória expressiva por 5-0 sobre o Santa Clara, ainda no velhinho Estádio das Antas. Destaque para o primeiro golo, que deu tranquilidade.

Na apoteose desse ano, a primeira vitória de uma equipa portuguesa na Taça UEFA. No calor de Sevilha, a 21 de maio de 2003, o FC Porto teve de ir a prolongamento para resolver um jogo contra um enorme Celtic. Derlei, tantas vezes herói, voltou a sê-lo, com um tento marcado já na etapa complementar.

Foi com muita pressão, até pela grande época anterior, que o Porto entrou em 2003/04. Logo à partida, a 2 de setembro, a equipa quis deixar claro ao que ia na receção ao Sporting - uma goleada clara: 4-1, com Maniche a fazer o melhor golo da noite (golo aos 02:24).

O campeonato seguiu sem sobressaltos e, mais uma vez, a equipa voltou a poder focar-se no panorama europeu. A 9 de março de 2004, e depois de uma vitória por 2-1 no novo Estádio do Dragão, a mítica corrida de José Mourinho. Benny McCarthy bate o livre, o guarda-redes do Manchester United não segura, e Costinha empurra para a baliza, com a equipa toda - treinador incluído - encontrar-se num dos cantos do gigante Old Trafford, onde então só se ouviam portugueses.

Segue-se mais um culminar de época interna, com vitória por 1-0 sobre o Alverca, que serviu de consagração, uma vez que a equipa tinha sido campeã no sofá, depois de um deslize do principal adversário.

De volta à Europa, e na praia do Riazor, o FC Porto arrancou a ferros um apuramento para a final da Liga dos Campeões. Foi Derlei quem, regressado de lesão, acabou por apontar o único golo de uma eliminatória renhida com o Deportivo da Corunha. (golo a partir dos 10:51).

O Porto tinha final marcada a 26 de maio, em Gelsenkirchen, com o poderoso Mónaco, que já afastara Real Madrid e Chelsea no caminho para a final. Na Alemanha, pouca história, superioridade portista e um golo de classe pura. De quem? Deco, pois claro.

O nascimento do Special One

É com alguma arrogância que José Mourinho parte do FC Porto para o Chelsea, onde chega dizendo que não é mais um do pote: "Penso que sou especial, um 'special one'". Cunhada a expressão, havia que a colocar em prática. Foi o que aconteceu logo a 15 de agosto de 2004, com vitória do Chelsea sobre o forte Manchester United. Guðjohnsen marcou o único golo.

A 27 de fevereiro, o primeiro título em terras de sua majestade. Vitória no prolongamento por 3-2 frente ao Liverpool, com um tal de Drogba a marcar o tento da vitória (a partir dos 09:45).

Pouco mais de um mês depois, a consagração de um Chelsea campeão, a primeira vez em 50 anos, com uma vitória por 2-0 no terreno do Bolton.

No ano seguinte o Chelsea continuou o domínio na Premier League, que acabou por ser efetivado com uma vitória por 3-0 sobre o Manchester United já no fim, da qual destacamos um golo de Joe Cole.

Já em 2006/07, com o Chelsea a perder o campeonato, destaque para um golaço de Drogba, numa reviravolta frente ao Everton que permitiu à equipa ficar no comboio da frente.

Ainda nessa época, e apesar da derrota na liga, destaque para dois troféus: 25 de fevereiro contra o Arsenal na Taça da Liga...

... e a 19 de maio vitória na Taça de Inglaterra contra o Manchester United.

Pelo meio, e além de um resultado importante, um magnífico golo de Michael Essien contra o Arsenal.

Como se diz triplete em italiano?

Após meia época sem treinar, José Mourinho regressa para um projeto diferente. No Inter dominador não chegava ser campeão, era preciso ganhar a Liga dos Campeões. Mas já lá vamos. No jogo de estreia, a 24 de agosto de 2008, os nerazurri ganham a Supertaça à Roma no desempate por penáltis - destaque para o penálti decisivo.

A 16 de setembro desse ano iniciam a caminha na Liga dos Campeões, que não conseguiram conquistar, mas foi importante para o que viria a seguir. Contra o Panathinaikos, 2-0 na Grécia (grande trabalho de Ibrahimovic no primeiro golo).

Num dos primeiros grandes jogos para o campeonato, o Inter bateu a forte Juventus por 1-0, deixando claro que a hegemonia estava para perdurar.

Perto do Natal, a 20 de dezembro, um momento icónico. Depois da corrida com Costinha, uma corrida com Maicon, que bisou em Siena, numa vitória importante para a revalidação do scudetto.

No eterno dérbi da Madonnina, que opõe os rivais de Milão, a jogar como visitado, o Inter vence o Milan a 15 de fevereiro. A emoção vai ao rubro. Destaque para o primeiro golo.

O campeonato acaba selado com uma vitória por 3-0 frente ao Siena, com o Inter a entrar já campeão, depois de um desaire do rival Milan. Destacamos o golo de Ibrahimovic.

Nova época, velhos hábitos. Logo na segunda jornada, a 29 de agosto de 2009, o Inter joga como visitante em Milão, derrotando o rival por expressivos 4-0. (grande jogada no primeiro golo).

Um mês mais tarde tem o segundo jogo na caminhada na Liga dos Campeões, que até nem começou bem. À segunda partida, segundo empate, dessa vez com o Rubin Kazan, na Rússia.

Com um campeonato tranquilo e uma taça de Itália imaculada, o Inter faz como o Porto tinha feito, e centra-se na Europa. A 20 de abril a primeira prova de fogo: afinal, quem ousaria fazer frente ao Barcelona de Guardiola e Messi? O Inter de José Mourinho, pelos vistos. Naquele dia, espetáculo em Milão, com uma vitória por 3-1. Diego Milito faria o tento decisivo na eliminatória, que teria novo capítulo.

Uma semana depois, em Barcelona, o Inter vai aplicar uma lição defensiva em Camp Nou. É o único golo desta lista que não é marcado por uma equipa de José Mourinho, mas vale pelo simbolismo. Piqué marcou o tento insuficiente.

22 de maio, Santiago Bernabéu cheio (premonição?) e o Inter a vencer por 2-0 o Bayern. Diego Milito foi o herói improvável, como já o tinha sido durante grande parte da época.

O fim de uma era (o fim do tiki-taka)

Por essa altura, e mesmo com o Inter campeão, era o Barcelona que deliciava toda a gente. Parecia quase impossível fazer frente a uma máquina de jogar futebol. Mourinho fê-lo uma vez conseguiria fazer mais? Ripostando o futebol do Barcelona, o Special One montou a sua própria máquina, assente na qualidade e velocidade dos executantes de um Real Madrid que aspirava voltar a ser galático. Isso ficou espelhado em 2012, num golo que explica bem os princípios de jogo de uma artilharia digna de exército.

Treze dias antes, uma lição de futebol no dérbi da capital espanhola, com vitória por 2-0 sobre o Atlético no Bernabéu. Escolhemos um golo português (e não foi de Ronaldo). Destaque para o primeiro golo.

Como continuação da trituradora, um excelente exemplo a 6 de março de 2011. A nós até nos parece estar fora de jogo, mas fechamos os olhos para ficarmos maravilhados.

Sem a conquista do campeonato, a época até termina com um prenúncio. A 20 de abril de 2011, num gesto técnico digno dos predestinados, Cristiano Ronaldo cabeceia para a vitória na Taça do Rei. Adversário? O tal Barcelona.

Seguiu-se uma época ainda melhor, e dos muitos e belos golos, de destacar aquele que Cristiano Ronaldo marcou ao Rayo Vallecano em 11 de abril de 2012, de calcanhar.

Já em abril, e com o Real a caminhar para o título, uma goleada por 4-1 no Vicente Calderón. Figura do jogo: Ronaldo, pois claro. (Golo a partir dos 02:35).

Dez dias mais tarde, a 21 de abril, o Real Madrid sela a luta pelo título, com uma vitória em Camp Nou por 2-1.

A consumação veio a 2 de maio, com vitória no difícil estádio do Athletic Bilbao - no jogo que começou esta viagem por Espanha. Real Madrid campeão. Pela importância, escolhemos o primeiro golo.

No último jogo do campeonato, uma marca histórica: o Real Madrid goleia o Maiorca por 4-1 e chega aos 100 pontos na La Liga, algo inédito até então. Escolhemos o quarto golo.

Começada nova época, o Real Madrid e o Barcelona com dois novos confrontos. Primeiro a 29 de agosto, com Cristiano Ronaldo a selar a Supertaça espanhola para os merengues.

Já a 7 de outubro, num grande jogo de futebol, empate a dois no Camp Nou para a liga. Ronaldo, sem surpresa, voltou a marcar. Escolhemos o primeiro golo do Real.

Novo confronto duplo em 2013, desta vez com o Manchester United. Afastado do título, tentava o Real Madrid chegar à tão desejada décima Liga dos Campeões - que mais tarde Ancelotti conseguiria. Take 1: 13 de fevereiro com um empate e um golaço de Ronaldo.

Take 2: vitória por 2-1 do Real em Old Trafford. Denominador comum: Cristiano Ronaldo a marcar. (a partir dos 06:43).

Regresso a terras de sua majestade (e repete, e repete)

Em rota de colisão com o Real Madrid, José Mourinho deixa Espanha, para voltar ao Chelsea. Com uma aposta num futebol bem animado, tem esperar pela segunda época para mostrar ao que vem. Grande golo do Chelsea na vitória em Burnley, no primeiro golo de uma nova época. Estávamos a 18 de agosto de 2014.

Segue-se uma vitória em Anfield, com o Chelsea a embalar para um arranque de 11 vitórias em 14 jogos, sem qualquer derrota na Premier League.

Novamente contra o Liverpool, a 27 de janeiro de 2015, o Chelsea carimba o apuramento para a final da Taça da Liga inglesa. Mourinho regozija-se, para o repetir mais tarde.

Mais tarde, mas não muito, a 1 de março, com a vitória naquela mesma competição, perante o Tottenham. Elegemos o primeiro golo.

A 3 de maio de 2015, e num grande campeonato, sela o título em Londres, em casa.

A experiência acabou por chegar ao fim, e seguiu-se o Manchester United, onde era impossível começar melhor. Um jogo, um troféu, a Supertaça de Inglaterra, frente ao Leicester.

O Manchester United viria a conquistar mais dois títulos: a 26 de fevereiro de 2017 a Taça da Liga, contra o Southampton, 3-2, com destaque para o terceiro.

E a 24 de maio a Liga Europa, contra o Ajax.

Mas a ausência de uma subida de patamar acabou por ditar novo divórcio. Seguia-se o Tottenham, que procurava dar um passo rumo a títulos. Sem grandes jogos de destaque, apontamos aqui dois. A vitória perante o Olympiacos numa grande reviravolta... este golo ficou famoso pelo apanha-bolas.

E uma derrota em Londres, frente ao Arsenal, que vale pelo golo de Erik Lamela, que acabou coroado com o Prémio Puskas.

Agora na capital

Despedido a meio da temporada, José Mourinho acaba por chegar a acordo com a Roma, onde se mostra uma equipa intermitente, que tanto consegue fazer golos como este à Salernitana.

Como oscila para derrotas incompreensíveis. Em todo o caso, notamos o regresso de José Mourinho às correrias, desta feita numa vitória à última frente ao Sassuolo.

59 anos de Mourinho. 59 golos de uma carreira recheada. 

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