Ex-líder da distrital do Chega do Porto chama "covarde" a Ventura e quer voltar ao partido para o derrotar na liderança

29 mar 2022, 22:00
José Lourenço discursa na cidade do Porto/D.R

José Lourenço vai contestar a sua suspensão do partido em abril de 2021 para voltar à militância ativa. À CNN Portugal, diz que André Ventura "tem graves problemas psiquiátricos" e que a contratação da ex-deputada do PAN Cristina Rodrigues tem levado muitos militantes a desfiliarem-se do partido

José Lourenço, ex-presidente da distrital do Chega no Porto, quer ser candidato à liderança do partido e está a preparar uma ação no Tribunal Constitucional para contestar a sua suspensão do partido pela Comissão de Ética, em abril de 2021. O anúncio foi feito num vídeo publicado no Facebook do militante, em que acusa André Ventura de “passar linhas vermelhas” com a contratação de Cristina Rodrigues para ser assessora jurídica do partido.

À CNN Portugal, José Lourenço disse que “está a reunir juristas” para levar o caso da sua suspensão, que foi decretada pela Comissão de Ética, por alegados insultos e ofensas a outros elementos do partido, ao Tribunal Constitucional e que, se o tribunal lhe der razão, “quer voltar à militância ativa”. “Toda a gente que foi demitida, suspensa e expulsa do partido terá uma oportunidade de concorrer à liderança”, afirmou.

No vídeo publicado durante a noite desta segunda-feira, José Lourenço afirma que André Ventura é “um covarde” que “vive de chavões” e acusou-o de não ser coerente entre aquilo que diz nos seus discursos e aquilo que faz, nomeadamente na entrada de Cristina Rodrigues no partido e na defesa “durante muitos anos” de Luís Filipe Vieira, que descreve como “subsídio-dependente”.

 

 

“As pessoas estão cansadas de ti, porque tu não és um líder, és um parlamentar razoável. Eu vou a votos contigo, porque o Tribunal Constitucional há de dizer que fui suspenso por um órgão ilegal, mas eu vou voltar, não vou para o CDS e vou contigo a votos. Duvido que ganhes. Como vou eu para o Tribunal Constitucional, vamos muitos. E esses todos vão voltar e esses todos vão votar. As pessoas cansaram-se de ti”, diz, na mensagem divulgada pelo próprio.

José Lourenço, que chegou a ser uma das pessoas mais influentes dentro da máquina do partido, dirige também a ofensiva a Pedro Frazão, que esta terça-feira se estreou como deputado do Chega, acusando-o de estar calado sobre a contratação de Cristina Rodrigues “por ter medo de perder o lugar”. “Pedro Frazão aceita de forma muito pacífica uma senhora que é anti touradas, pró-aborto, LGBT, liberalização da droga”, comenta, no vídeo.

O antigo dirigente acrescenta à CNN Portugal que a contratação de Cristina Rodrigues tem feito muitos militantes desfiliarem-se do partido, nomeadamente Maria Helena Costa, dirigente do Gabinete de Estudos do partido, e João Lynce, eleito pelo Chega para a Assembleia da União de Freguesias de Santarém. “Se a Catarina Martins me chamasse para assessor, acredito que o Bloco de Esquerda se passasse”, comenta. 

Lourenço reforça também as críticas aos militantes mais próximos de Ventura, como Rui Paulo Sousa - coordenador do Conselho de Ética - e Rita Matias, descrevendo-os como “uma cambada de inúteis dependentes” de Ventura, que, salienta o antigo dirigente, se tornou também ele um “subsídio-dependente para andar de Mercedes e para andar rodeado de seguranças”. 

À CNN Portugal, José Lourenço diz que são os laços que tem com os portuenses que vão fazer a diferença na tentativa de destronar André Ventura, que, aos seus olhos, tem "graves problemas psiquiátricos" e "já perdeu as ruas, já não tem força para fazer uma manifestação sem ser com os seguranças".

José Lourenço é próximo da claque Superdragões e foi militante do CDS-PP, sendo também amigo próximo de Nuno Melo. Demitiu-se do cargo de líder da distrital em janeiro de 2021, após os resultados das eleições presidenciais, que terminaram com André Ventura em terceiro lugar, atrás de Ana Gomes. Na altura, alegou razões pessoais e profissionais para abandonar o cargo, não referindo que a decisão estivesse relacionada com o facto de Ventura ter tido, no distrito do Porto, o pior resultado do país.

Foi também ele que apresentou o presidente do Chega ao empresário e ex-cônsul César do Paço, que terá financiado o partido através de contas do CDS, segundo avançou o jornal Público na altura. À CNN Portugal, disse “nunca ter tido uma relação de amizade com Ventura” - “tratávamo-nos por tu, mas nunca fomos a casa um do outro” -, que acusa de ser “um beto dos subúrbios, pior do que o Chicão”, referindo-se a Francisco Rodrigues dos Santos, antigo líder do CDS.

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