Biden diz não ter “intenção” de se reunir com Putin na cimeira do G20

Agência Lusa , AM
12 out 2022, 07:25

Em entrevista à CNN Internacional, o presidente norte-americano disse ainda que achar que Putin “é um agente racional que cometeu um erro significativo de cálculo" ao achar que “seria recebido de braços abertos” pelos ucranianos

O presidente dos EUA afirmou, em entrevista à CNN Internacional, não ter intenção de se encontrar com o chefe de Estado russo, Vladimir Putin, na próxima cimeira do G20, em novembro.

"Não pretendo reunir-me com ele. Mas se, por exemplo, me dissesse: 'Quero falar sobre Griner’, encontrar-me-ia com ele. O que quero dizer é que depende”, afirmou Joe Biden.

Em agosto, um tribunal russo condenou a estrela do basquetebol feminino norte-americano Brittney Griner a nove anos de prisão por tráfico de droga.

Griner foi detida em 17 de fevereiro, num aeroporto em Moscovo, depois de terem sido encontrados óleos canabinoides, vaporizadores e outros produtos na bagagem, segundo as autoridades russas.

Por outro lado, Biden sublinhou que se recusaria a "negociar seja o que for com a Rússia, tendo com base" qualquer pretensão russa a ficar "com parte da Ucrânia".

Horas antes da entrevista de Biden, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, tinha afirmado que Moscovo está disposto "a estudar" a realização de um encontro entre Putin e Biden, à margem da cimeira do G20. Contudo, Lavrov sublinhou não existir, por enquanto, qualquer proposta formal.

"Já dissemos muitas vezes que não rejeitamos estas reuniões. Se houver uma proposta, vamos estudá-la", disse o chefe da diplomacia russa, numa entrevista à rede Rossiya-1.

Tanto o presidente norte-americano, como o líder russo estão na lista de convidados para a reunião anual do G20 (grupo das 20 maiores economias do mundo), que a Indonésia irá acolher entre 15 e 16 de novembro.

Na mesma entrevista, Biden disse achar que Putin “é um agente racional que cometeu um erro significativo de cálculo" ao achar que “seria recebido de braços abertos” pelos ucranianos.

O democrata também disse não acreditar que a Rússia venha a usar armas nucleares na Ucrânia, mas disse que a ameaça, como Putin fez, é irresponsável e pode resultar em "erros catastróficos".

Ainda assim, Biden evitou responder à pergunta sobre qual seria a resposta dos EUA no caso de uma escalada nuclear do conflito.

“Recessão muito ligeira” nos Estados Unidos

Na mesma entrevista, o presidente dos Estados Unidos falou ainda sobre a possibilidade de uma recessão económica nos Estados Unidos, mas disse que, a acontecer, será “muito ligeira”.

"Não acho que haverá uma recessão. Se houver, será uma recessão muito ligeira", considerou, acrescentando: "É possível [uma recessão]. (...) Eu não prevejo isso".

Horas antes, numa atualização das projeções económicas, o Fundo Monetário Internacional (FMI) tinha revisto em baixa a previsão dos Estados Unidos para 1,6% em 2022, contra 2,3% em julho.

O próximo ano poderá ser ainda mais difícil, com a instituição a antecipar um crescimento de 1%, devido à redução do poder de compra dos consumidores, nomeadamente devido à inflação, acelerada pela subida do preço dos combustíveis.

Apesar do aumento, a aliança dos produtores de petróleo OPEP+, liderada pela Arábia Saudita e pela Rússia, decidiu, em 5 de outubro, reduzir a produção em dois milhões de barris por dia, o que representa o maior corte desde a pandemia da covid-19.

Joe Biden, que já tinha criticado a decisão, avisou a Arábia Saudita, na entrevista de terça-feira, que "haverá consequências" pela decisão tomada "com a Rússia", sem adiantar que medidas poderão ser tomadas contra o tradicional aliado dos EUA.

Relação com a Arábia Saudita

Horas antes, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional explicou que Biden queria reavaliar a relação com a Arábia Saudita, na sequência daquela decisão, que poderá elevar o preço do barril a nível mundial e ajudar a Rússia a obter mais fundos para financiar a guerra na Ucrânia.

O presidente norte-americano "está pronto para trabalhar com o Congresso para refletir como deverá ser essa relação bilateral", assegurou John Kirby.

Na segunda-feira, Bob Menendez, líder democrata do Comité de Negócios Estrangeiros do Senado, a câmara alta do Congresso norte-americano, ameaçou bloquear qualquer venda futura de armas para a Arábia Saudita.

O senador Richard Blumenthal e o deputado da Casa dos Representantes, a câmara baixa do parlamento, Ro Khanna, (ambos democratas) foram mais longe e apresentaram na terça-feira um projeto de lei para acabar com essas exportações.

De acordo com o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo, a Arábia Saudita representou 24% do total de exportações de armas dos EUA entre 2016 e 2020.

O relacionamento entre os dois países "é estratégico" e "ajudou a reforçar a segurança e a estabilidade no Médio Oriente", disse a embaixada do reino saudita em Washington.

Voltar a vencer Trump

O Presidente dos Estados Unidos disse acreditar que pode voltar a vencer o antecessor Donald Trump numa eleição, repetindo ainda não ter tomado uma decisão final sobre uma eventual candidatura presidencial em 2024.

"Acredito que posso vencer Donald Trump novamente", disse Joe Biden, em entrevista à televisão norte-americana CNN, na terça-feira.

Biden disse que, depois das eleições para o Congresso dos Estados Unidos, em novembro, irá entrar “num processo de tomada de decisão” quanto a 2024.

Sobre a idade, o Presidente mais velho já eleito nos Estados Unidos, a completar 80 anos este ano, Biden defendeu-se: "a questão é: 'consegue fazer o trabalho?' Acredito que consigo fazer o trabalho".

“Diga-me um presidente, na história recente [dos Estados Unidos], que fez tanto quanto eu fiz nos primeiros dois anos”, acrescentou Biden, cuja popularidade subiu ligeiramente nos últimos meses, de acordo com sondagens recentes.

Donald Trump manifestou, em várias ocasiões, a intenção de concorrer novamente como candidato do Partido Republicano, apesar dos problemas que o ex-Presidente tem tido com a justiça norte-americana.

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