O ainda Presidente americano fez também um conjunto de promessas que espera cumprir até ao fim do mandato, em janeiro de 2025: criar uma coligação contra Putin; acabar com a guerra em Gaza; libertar americanos detidos "injustamente" além-fronteiras. Biden falou pela primeira vez ao país depois de ter anunciado que não se recandidata. Este é o discurso na íntegra
Caros concidadãos americanos,
Dirijo-me a vós, esta noite, sentado à Resolute Desk na Sala Oval.
Neste espaço sagrado, estou rodeado de retratos de extraordinários presidentes americanos.
Thomas Jefferson escreveu as palavras imortais que guiam esta nação. George Washington mostrou-nos que os presidentes não são reis. Abraham Lincoln, que nos implorou para rejeitar a maldade. Franklin Roosevelt, que nos inspirou a rejeitar o medo.
Reverencio este cargo, mas amo mais o meu país. Foi a honra da minha vida servir como vosso Presidente.
Mas a defesa da democracia, que está em jogo, penso que é mais importante do que qualquer título.
Sinto-me fortalecido e feliz por trabalhar para o povo americano. Mas esta tarefa sagrada de aperfeiçoar a nossa união não é sobre mim. Tem que ver convosco, com as vossas famílias, com o vosso futuro. Trata-se de nós, o povo. Nunca nos podemos esquecer disso - e eu nunca me esqueci.
Deixei claro que acredito que a América está num ponto de inflexão, um daqueles raros momentos da História em que as decisões que tomarmos agora vão determinar o destino da nossa nação e do mundo nas próximas décadas.
A América vai ter de escolher entre avançar ou recuar, entre a esperança e o ódio, entre a unidade e a divisão. Temos de decidir se ainda acreditamos na honestidade, na decência, no respeito, na liberdade, na justiça e na democracia.
Neste momento, podemos ver aqueles de quem discordamos não como inimigos, mas como concidadãos americanos. Conseguiremos fazê-lo? Ter carácter na vida pública ainda é importante?
Creio que sabem a resposta a estas perguntas porque vos conheço, o povo americano. E sei o seguinte: somos uma grande nação porque somos um povo de bem.
Quando me elegeram para este cargo prometi ser sempre sincero convosco e dizer-vos a verdade. E a verdade é que a causa sagrada deste país é maior do que qualquer um de nós. E todos aquelas que prezam essa causa, a causa da democracia americana, devem unir-se para a proteger.
Nas últimas semanas tornou-se claro para mim que preciso de unir o meu partido neste esforço crítico.
Acredito que o meu desempenho enquanto Presidente, o meu papel na liderança mundial e a minha visão para o futuro da América, justificavam um segundo mandato. Mas nada, nada pode impedir-nos de salvar a nossa democracia. Isso inclui a ambição pessoal.
Por isso, decidi que a melhor maneira de avançar é passar o testemunho a uma nova geração. É esta a melhor maneira de unir a nossa nação.
Existe um momento e um lugar certo para os longos anos de experiência no desempenho de funções públicas. Mas também existe um momento e lugar certo para novas vozes, vozes frescas, sim, vozes mais jovens.
E esse momento e lugar é agora.
Nos próximos seis meses, vou concentrar-me em fazer o meu trabalho como Presidente. Isso significa que continuarei a baixar os custo de vida para as famílias trabalhadoras, a fazer crescer a nossa economia.
Continuarei a defender as nossas liberdades pessoais e os nossos direitos civis, desde o direito de voto ao direito de escolha. Continuarei a denunciar o ódio e o extremismo, deixando claro que não há lugar na América para a violência política ou para qualquer tipo de violência, ponto final. Vou continuar a defender a proteção dos nossos filhos contra a violência das armas. O nosso planeta contra a ameaça existencial da crise climática. E vou continuar a lutar pela minha iniciativa “moonshot” contra o cancro, para que possamos acabar com o cancro tal como o conhecemos, porque somos capazes de o fazer.
Vou apelar à reforma do Supremo Tribunal, por esta ser uma reforma fundamental para a nossa democracia.
Continuarei a trabalhar para garantir que a América permanece forte, segura e na liderança do mundo livre.
Sou o primeiro Presidente deste século a comunicar ao povo americano que os Estados Unidos não estão em guerra em nenhuma parte do mundo. Continuaremos a unir as nações para impedir que Putin tome conta da Ucrânia e cause ainda mais danos. Manteremos a NATO mais forte e torná-la-ei mais poderosa e mais unida do que em qualquer outro momento da nossa História.
Continuarei a fazer o mesmo pelos nossos aliados no Pacífico. Quando cheguei ao poder, a sabedoria convencional era que a China iria inevitavelmente ultrapassar os Estados Unidos. Já não é esse o caso.
E vou continuar a trabalhar para acabar com a guerra em Gaza, resgatar todos os reféns, trazer paz e segurança ao Médio Oriente e acabar com esta guerra.
Também estamos a trabalhar sem parar para trazer para casa americanos que estão detidos injustamente em todo o mundo.
Já passou algum tempo desde a minha tomada de posse. Nesse dia disse-vos que nos encontrávamos num inverno de perigos e possibilidades. Estávamos a braços com a pior pandemia do século, a pior crise económica desde a Grande Depressão e o pior ataque à nossa democracia desde a Guerra Civil.
Unimo-nos como americanos. Conseguimos ultrapassar a situação. Saímos mais fortes, mais prósperos e mais seguros.
Atualmente temos a economia mais forte do mundo, criando quase 16 milhões de novos empregos, um recorde. Os salários estão a subir. A inflação continua a descer. A diferença de riqueza racial é a mais baixa dos últimos 20 anos.
Estamos literalmente a reconstruir toda a nossa nação, comunidades urbanas, suburbanas, rurais e comunidades tribais.
A indústria transformadora regressou à América. Estamos novamente a liderar o mundo em matéria de chips, ciência e inovação. Finalmente vencemos a Big Pharma, depois de tantos anos a tentar baixar o custo dos medicamentos, sujeitos a receita médica, para os idosos. E vou continuar a lutar para garantir que baixamos os custos para todos, não apenas para os idosos. Hoje, na América, há mais pessoas com acesso a cuidados de saúde do que nunca.
E assinei uma das leis mais importantes para ajudar milhões de veteranos e as suas famílias que foram expostos a materiais tóxicos. A lei climática mais importante de sempre na história do mundo. A primeira grande lei de segurança de armas em 30 anos. E atualmente a taxa de criminalidade violenta é a mais baixa dos últimos 50 anos.
Estamos também a proteger as nossas fronteiras. As travessias ilegais diminuíram desde que a anterior administração deixou o cargo.
Mantive o meu compromisso de nomear a primeira mulher negra para o Supremo Tribunal dos Estados Unidos da América. Também mantive o meu compromisso de ter uma administração que se pareça com a América e de ser um Presidente para todos os americanos. Foi isso que eu fiz.
Candidatei-me à presidência há quatro anos porque acreditava, e continuo a acreditar, que a essência da América estava em jogo. A própria natureza de quem somos estava em causa. E continua a ser esse o caso.
A América é uma ideia, uma ideia mais forte do que qualquer exército, maior do que qualquer oceano, mais poderosa do que qualquer ditador ou tirano. E essa é a ideia mais poderosa da História do mundo.
Somos todos iguais e dotados por Deus de certos direitos inalienáveis como a vida, a liberdade e a busca da felicidade.
Nunca estivemos totalmente à altura desta ideia sagrada, mas também nunca a abandonámos E não acredito que o povo americano a vá abandonar agora.
Dentro de poucos meses, os americanos vão ditar o futuro da América. Eu já fiz a minha escolha.
Gostaria de agradecer à nossa grande vice-presidente, Kamala Harris. Ela é experiente. Ela é combativa. É capaz. Tem sido uma parceira incrível para mim e uma líder para o nosso país.
Agora a escolha cabe-vos a vós, ao povo americano. Quando fizerem essa escolha, lembrem-se das palavras de Benjamin Franklin que estão expostas numa parede, aqui na Sala Oval, ao lado dos bustos do Dr. King, de Rosa Parks e de César Chávez.
Quando perguntaram a Benjamin Franklin se os Fundadores tinham dado à América uma monarquia ou uma república, a resposta de Franklin foi: uma república, se a conseguirem manter.
Se vamos manter a nossa república ou não está agora nas vossas mãos. Meus concidadãos americanos, tem sido o privilégio da minha vida servir esta nação durante mais de 50 anos.
Em nenhum outro lugar no mundo um miúdo gago, de origens modestas em Scranton, Pensilvânia, em Claymont, Delaware, podia um dia sentar-se à Resolut Desk, na Sala Oval, como Presidente dos Estados Unidos.
Mas aqui estou eu. É isso que é tão especial na América. Somos uma nação de promessas e possibilidades, de sonhadores e realizadores, de americanos comuns que fazem coisas extraordinárias.
Dei o meu coração e a minha alma à nossa nação, como tantos outros. Em troca, fui abençoado um milhão de vezes com o amor e o apoio do povo americano. Espero que saibam o quanto vos estou grato.
O melhor da América é que aqui os reis e os ditadores não governam. É o povo quem governa.
A História está nas vossas mãos. O poder está nas vossas mãos. A ideia da América está nas vossas mãos. É apenas necessário manter a fé e lembrarmo-nos de quem somos. Somos os Estados Unidos da América. E simplesmente não existe nada além da nossa capacidade quando nos unimos. Por isso, vamos atuar em conjunto para preservar a nossa democracia.
Que Deus vos abençoe a todos. Que Deus proteja as nossas tropas.