Diretor da PJ disse que tinha tempo: passaram 35 horas para anunciar detenção de Rendeiro

11 dez 2021, 09:30

Autoridades sul-africanas detiveram antigo banqueiro do BPP este sábado, em estreita colaboração com a PJ portuguesa

O Diretor nacional da Polícia Judiciária, Luís Neves, afirmou esta quinta-feira à CNN Portugal que havia “crença, paciência e tempo" para localizar João Rendeiro. Mas, 35 horas depois, chegava o anúncio: o ex-banqueiro do BPP foi detido na África do Sul.

Para chegar a essa etapa, o líder da PJ revelou que esta polícia estava a “trabalhar afincadamente” e com “parceiros internacionais” para localizar o antigo banqueiro, que estava em fuga à Justiça desde o final de setembro.

 “A Polícia Judiciária tem uma grande crença – e sobretudo paciência e tempo – para podermos tratar desta situação e estamos a fazê-lo com todo o afinco para poder dar a resposta que é a que o tribunal nos solicitou”, afirmou Luís Neves, em entrevista à CNN Portugal na passada quinta-feira.

Questionado sobre a hipótese do antigo banqueiro se encontrar na África do Sul, Luís Neves disse apenas que havia “uma equipa que trata e troca informação. Estamos a trabalhar com parceiros internacionais”. O país, confirmava-se este sábado, era mesmo a localização de João Rendeiro.

Perante a lentidão da justiça nos casos mais mediáticos, Luís Neves recordou que “até chegarmos a uma decisão final, foram três processos de que João Rendeiro foi julgado e condenado, com toda a esfera de recursos que acabou por levar mais de dez anos até chegarmos à decisões finais”.

Fuga sempre no horizonte

Na entrevista a Judite Sousa, o diretor nacional da PJ disse acreditar que "de alguma forma, João Rendeiro podia ter tentado fugir, como fugiu". Para impedi-lo, as únicas duas medidas de coação que poderiam passar pela detenção ou pela obrigação de permanecer em casa. Mesmo que o passaporte fosse retido, "nada o impediria de fugir através de outros meios”, alertou.

Foi a 22 de novembro, no dia de lançamento da CNN Portugal, que João Rendeiro revelou, em exclusivo, não estar arrependido da decisão que tomou. Para regressar ao país, admitia apenas duas vias: ser ilibado ou com um indulto do Presidente da República – um cenário rejeitado horas depois por Marcelo Rebelo de Sousa.

Na entrevista, o ex-banqueiro admitia saudades dos "pequenos elementos que fazem a nossa vida, os objetos, os sabores, os odores, as cadelinhas", ainda que, "acima de tudo", tenha saudades da mulher: "Custa-me estar longe de Portugal, dos meus amigos e de tudo o que amo na vida".

Crime e Justiça

Mais Crime e Justiça

Mais Lidas

Patrocinados