Diz que a sua saída “não é normal num partido pacificado, sólido”. Por isso esteve na CNN Portugal a explicar as suas motivações
João Cotrim de Figueiredo vai abandonar a liderança da Iniciativa Liberal para que o partido tenha uma equipa “suficientemente rodada e conhecida” para as disputas eleitorais dos próximos anos. “Suficientemente rodada e suficientemente conhecida para fazer com que as ideias liberais cresçam em Portugal. Têm-no feito não pelos meus lindos olhos. Têm-no feito porque são boas ideias políticas”, afirmou em entrevista à CNN Portugal.
O presidente demissionário reconhece que uma saída como a sua “não é normal num partido pacificado, sólido, consolidado” e com um líder que é “um dos mais populares” no país. Mas admite duas dificuldades: uma interna, outra externa.
A interna, explicou, está relacionada com o facto de os mandatos da comissão executiva estarem desalinhados com os outros órgãos nacionais desde 2019, o que tirava o foco do partido para as questões externas. Depois, há a vontade de “afirmar o partido com força” para as eleições que aí vêm. “É cada vez mais difícil prever a duração deste ciclo [eleitoral], ou seja, se este Governo será ou não um Governo de legislatura, a erodir-se muito depressa, a gerar muita desconfiança nos portugueses”, justificou.
Cotrim de Figueiredo diz que “não estaria disponível”, perante o cenário de legislativas em 2026, para essa corrida, uma vez que tal implicaria estar 11 anos à frente do partido. “Num partido liberal isso não é muito normal”, assegurou à CNN Portugal. Cotrim de Figueiredo insiste que não são as divisões internas, que existem desde sempre, a motivar a sua decisão: “onde há três liberais há quatro opiniões”.
Cumprir mandato de deputado
Questionado sobre os motivos por que deixar a Iniciativa Liberal num momento positivo, com a passagem de um para oito deputados no Parlamento, argumentou à CNN Portugal que “é nos bons momentos que se tomam as decisões difíceis e que estruturam o partido para as lutas seguintes”, recordando que os feitos são um trabalho de equipa. “Isto é a prova de que as ideias contam mais do que os líderes.”
O presidente demissionário vai manter-se como deputado mas assegurou que não fica na política “para sempre”. “Estou político com muito orgulho, mas nunca fui político”, disse, recordando o percurso como gestor de empresas.
Cotrim de Figueiredo apoiará a nova liderança do partido, “seja ela qual for”. Ao deputado Rui Rocha, que já confirmou que vai avançar nessa corrida, gaba-lhe as “qualidades suficientes para ser presidente da Iniciativa Liberal”.