PCP diz que tentou salvar o Orçamento 72 horas antes do chumbo e está disponível para novo entendimento à esquerda - mas sem acordo escrito, "claro"

30 dez 2021, 12:52

Jerónimo de Sousa diz à CNN Portugal que tentou salvar o OE no domingo anterior ao chumbo mas afirma que o PS já tinha tudo tão "dramatizado" que não era possível evitar as eleições. Facto que lamenta: "Era possível ter dado passos adiante" se o Governo continuasse em funções. Entrevista exclusiva é transmitida na íntegra durante o CNN Prime Time, na noite desta quinta-feira

O líder do PCP considera que um novo entendimento à esquerda depois das legislativas de 30 de janeiro é uma forma adequada de responder aos problemas do país. "Há uma cosia que o Partido comunista português defende, perante os problemas e as necessidades do país: a possibilidade de convergência de forças e sectores democráticos. Convergência verificando os seus conteúdos", diz em entrevista à CNN Portugal. Mas essa convergência é novamente sem acordo escrito, como aconteceu depois de 2019? "Claro", responde Jerónimo de Sousa.

Questionado sobre como é que o PCP pretende construir algo sólido sem um acordo escrito, responde assim: "O que você está a dizer é que temos com fatalismo de aceitar medidas que comprometem a vida e qualidade de vida de quem trabalha. O PCP fez uma opção: ficar do lado dos que menos têm".

Jerónimo de Sousa lamenta a ida para eleições - "era possível ter dado passos adiante que hoje estariam na ordem do dia" caso o Governo continuasse em funções, mas "o PS fez uma opção". Uma opção que o PCP tentou contrariar quando fez uma diligência de última hora no domingo anterior ao chumbo do Orçamento do Estado, que aconteceu 72 horas depois dessa tentativa: "Sim, fiz [essa diligência]. No domingo houve um esforço, um empenhamento. Não chegámos ali e dissemos 'temos estas propostas, ponto final'. Não: apresentámos as propostas e até uma reconsideração de algumas questões, designadamente o valor e a aplicação do salário mínimo nacional. Era possível 800 euros para o ano de 2022. Mesmo em relação à contratação coletiva: chegámos a estar à beira da suspensão desse instrumento. Houve esse esforço. Mas as coisas começaram a ficar mais dramatizadas e há um momento em que António Costa decide que é assim, que vamos para eleições". 

E o PCP culpa António Costa? "A culpa... É uma opção", diz Jerónimo de Sousa, cujo partido, como se sabe, inclui os 800 euros de salário mínimo para 2022 no programa com o qual se candidata às legislativas. E são os mesmos 800 euros que levaram o PCP em outubro, no calor do chumbo do Orçamento, a desmentir Carlos César e a dizer que não exigiu um salário mínimo de 850 euros em janeiro.

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