EM CIMA: As amigas de longa data Jennifer Candotti, Robin Clark, Angie Carrano e Robin Garrison adoram esta fotografia delas, tirada em 1989, quando andavam na faculdade. Trinta e cinco anos depois, decidiram recriá-la
Jennifer Candotti estava a limpar o guarda-roupa quando se deparou com um vestido que não usava há décadas.
Estampado floral rosa e branco, de algodão, de verão - este era o vestido preferido de Candotti no final dos anos 80, quando era estudante universitária na Universidade de Richmond, na Virgínia.
A americana Candotti vive agora com o marido na Suíça e, antes de se mudarem para o estrangeiro, doou uma série de roupas velhas. Mas não conseguiu desfazer-se do vestido floral. Estava carregado de tantas recordações.
"Tem-me acompanhado para todo o lado", confessa Candotti à CNN Travel. "Não tenho o meu vestido de noiva, mas ainda tenho esse vestido".
Quando Candotti redescobriu a peça de vestuário dos anos 80 no ano passado, foi imediatamente transportada para os seus anos de faculdade.
E, como sempre, quando Candotti pensava na faculdade, pensava nas suas melhores amigas, que conheceu no dia em que se mudou para a Residência Lora Robins, no final de 1986: Robin Clark, Robin Garrison e Angie Carrano.
"Estas são as raparigas com quem posso contar, que me conhecem melhor e que, quando estamos juntas, nos fazem sentir como se tivéssemos novamente 18 anos", afirma Candotti.
Na fotografia favorita de Candotti da faculdade com Clark, Garrison e Carrano, tirada em 1989, ela está a usar esse vestido floral. O quarteto estava numa festa de finalistas num dos jogos de futebol americano da faculdade ("Fazíamos festas de finalistas antes dos jogos de futebol americano, mas nunca entrávamos no jogo de futebol americano", recorda Clark, rindo). Cada uma deles está a sorrir para a câmara, com óculos de sol, segurando copos azuis cheios de cerveja.
Já passaram mais de 35 anos desde que a fotografia foi tirada, mas a foto continua a simbolizar a amizade duradoura e leal de Candotti, Clark, Garrison e Carrano. Cada uma delas tem-na emoldurada em casa. É a fotografia da conversa de grupo do WhatsApp. E quando Carrano se casou, enviou a foto por correio para as outras três, pedindo-lhes para serem suas damas de honor.
"Ficou por cá", diz Clark sobre a fotografia. "Resistiu ao teste do tempo."
A amizade também resistiu ao teste do tempo. Quando Candotti tirou o vestido do fundo do armário, as quatro amigas, agora na casa dos 50 anos, estavam prestes a ir de férias para Le Marche, no leste de Itália.
Candotti enviou uma fotografia do vestido por SMS às suas amigas e, espontaneamente, meteu-o na mala.
E então começou a formar-se um plano no chat do grupo:
"Decidimos recriar a fotografia na nossa aventura italiana", recorda Candotti.
Recriar o passado
Uma das coisas que Candotti, Clark, Garrison e Carrano mais gostam nas férias em conjunto é "estarmos juntas debaixo do mesmo teto como se fosse o nosso primeiro ano na faculdade", como diz Candotti.
São todas mães, todas a fazer malabarismos com empregos ocupados e responsabilidades. Quando estão separadas, fazem videochamadas e enviam mensagens de texto com recomendações de livros, receitas e conselhos para enfrentar a menopausa.
Mas são estas férias anuais que lhes recordam realmente a importância da sua amizade de décadas na formação das pessoas que são hoje.
"Agora que estamos espalhadas entre os Estados Unidos e a Europa, programamos uma viagem pelo menos uma vez por ano para estarmos juntos e restabelecermos contacto", explica Candotti. "Edimburgo foi a nossa última aventura em 2023. Para 2024, decidimos viajar para Itália."
Esta aventura em Itália foi talvez a viagem mais sonhadora de sempre.
"Passámos a semana a aprender a fazer massa, a provar azeite e a viajar pelas pitorescas cidades vizinhas nas encostas", recorda Candotti.
Mas para todas as amigas, o ponto alto (para além dos "Aperol spritzes da tarde") foi a recriação da fotografia da faculdade.
Candotti usou o vestido floral original, é claro. Entretanto, Clark, Garrison e Carrano procuraram roupas que se assemelhassem aos seus trajes em 1989. Garrison arranjou os copos azuis - que não existem na Europa - e levou-os para Itália, onde os encheram com vinho italiano fino em vez de cerveja barata da faculdade ("Fizemos um upgrade", afirma Robin, a rir-se).
O marido de Candotti, que também participou na viagem, tirou a fotografia e ajudou as mulheres a recuperarem as suas poses.
Não foi preciso muito tempo para o conseguirem. E, pelo meio, houve muitas gargalhadas.
Quatro décadas de amizade
Mais tarde, ao verem as fotografias lado a lado, as quatro amigas sentiram-se felizes - e um pouco emocionadas.
"Dizem que uma imagem vale mais que mil palavras. E eu acho que é tão verdadeiro olhar para essa imagem", diz Clark, que diz ter ficado impressionada com tudo o que as quatro amigas passaram juntas nesses 35 anos.
"Há tanta coisa naquela fotografia que outra pessoa que esteja a olhar para ela não vê, mas nós conseguimos ver e sentir", acrescenta Clark. "E acho que é isso que a torna tão especial."
Carrano concorda: "Havia tanta vida para passar da primeira para a segunda fotografia".
Para Carrano, a amizade é sublinhada pela ideia de que são as "âncoras" uma do outra.
"Saímos e fazemos as nossas coisas, mas podemos sempre voltar a essa âncora e encontrarmo-nos a nós próprias", afirma.
Garrison concorda, considerando-se "sortuda por ter amigas tão maravilhosos", que nunca a julgam, apenas a apoiam.
"Todos nós tivemos tragédias que aconteceram nas nossas vidas", acrescenta Candotti. "E sempre que isso acontece, estas são as raparigas que estão comigo, que pegam no telefone e dizem: "Estás bem? O que posso fazer?" Eu sei que elas fariam qualquer coisa."
Embora as quatro mulheres tenham passado por mudanças e altos e baixos ao longo dos últimos 35 anos (desde "namorados antigos e novos" nos seus vinte e poucos anos até "ninho vazio, menopausa, cuidar dos nossos pais" nos últimos anos) a sua amizade permanece uma constante, uma "âncora".
"Sempre que estamos juntas, ficamos espantadas quando calculamos o número de anos em que somos amigas", refere Candotti. "Através de relações, carreiras, casamentos, filhos e mortes, vimo-nos a passar por tudo isso."
Quando Candotti regressou de Itália, pendurou o vestido floral no seu armário, a sorrir. Depois emoldurou a fotografia recriada, colocando-a em lugar de destaque ao lado da fotografia de 1989 em sua casa.
"No final, nós e a fotografia acabámos por ficar bem", garante Candotti. "Estou grata pelas minhas amigas de toda a vida."
