O jejum intermitente pode não ser tão bom para perder peso como se pensava

CNN , Madeline Holcombe*
29 jan 2023, 11:00
Alimentação

Tem o vício de petiscar antes de ir para a cama? Ou prefere esperar algumas horas depois de acordar para comer?

O horário das refeições pode não ter um impacto tão grande no peso como se pensava, de acordo com um novo estudo.

O estudo seguiu o tamanho das porções e os tempos de alimentação de 547 pessoas, além de dados sobre a sua saúde e peso, ao longo de seis anos. Os dados não mostraram qualquer associação entre um intervalo do dia em que as pessoas faziam as suas refeições e o seu peso, de acordo com o estudo publicado no Journal of the American Heart Association.

Restringir os horários de alimentação, tal como se vê nas tendências alimentares como o jejum intermitente, tem sido um método popular para tentar perder peso nos últimos anos.

Mas os investigadores não encontraram qualquer associação entre restringir os horários e a perda de peso, disse a investigadora principal do estudo, Wendy Bennett, professora associada de medicina no departamento de medicina interna geral da universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos. Isso incluía quanto tempo depois de acordadas as pessoas comiam, quanto tempo durava a sua janela para comer ao longo do dia e quão perto de ir para a cama comiam, observou.

Em vez disto, as refeições mais pequenas estavam associadas à perda de peso, disse.

"Com base noutros estudos que surgiram, incluindo o nosso, estamos a começar a pensar que o horário das refeições ao longo do dia, muito provavelmente, não resulta imediatamente na perda de peso", disse Bennett, ressalvando que, para algumas pessoas, o horário das refeições pode ser uma ferramenta útil no acompanhamento da dieta.

Limitações do estudo

Os resultados deste estudo devem ser vistos com cautela, alertaram os especialistas.

Havia poucas minorias raciais e étnicas entre os participantes, observou Fatima Cody Stanford, professora associada de medicina na Harvard Medical School. Existem também muitos determinantes sociais da saúde, como stress e ambiente, que poderiam ser acrescentados aos dados, acrescentou Stanford.

Estes fatores podem ser importantes para uma melhor análise dos efeitos do horário das refeições, acrescentou Alice Lichtenstein, professora de ciência e política nutricional na Tufts University.

"Suspeito que, se olhassem mais atentamente para os dados, que haveria subgrupos (onde o horário das refeições) poderia ter um efeito significativo", disse Lichtenstein.

Este estudo foi observacional, observou Bennett, o que significa que olharam para os padrões existentes em vez de fazerem alterações num grupo aleatório. Está em curso um trabalho adicional sobre este tópico, acrescentou.

Qualidade sobre quantidade

A grande conclusão é que não existe uma estratégia que funcione para todas as pessoas quando se trata de nutrição, e que a qualidade dos alimentos conta, disse Lichtenstein.

"Se fizermos algum esforço para fazer uma dieta saudável, para sermos fisicamente ativos, é menos provável que tenhamos diabetes, doença renal crónica, doença pulmonar obstrutiva e hipertensão", disse Lichtenstein.

São as coisas chatas que ninguém quer ouvir, acrescentou, mas não há como comer frutas e vegetais e ter atividade física quando se trata de controlar o peso.

Para algumas pessoas, fazer jejum intermitente ou restringir os intervalos de alimentação pode ser uma forma útil de tomar nota das tendências pessoais, mas muitas pessoas não conseguem mantê-lo por tempo suficiente para ver mudanças a longo prazo - ou manterem qualquer peso que percam, acrescentou Lichtenstein.

Stanford, que é médica de medicina da obesidade no Massachusetts General Hospital Weight Center, em Boston, não gosta de se concentrar muito na restrição calórica ou no jejum intermitente, disse. Em vez disso, ela quer que os seus clientes analisem o valor nutricional dos alimentos que estão a comer.

Para o corpo, 100 calorias de gomas não são iguais a 100 calorias de papas de aveia com fruta e nozes, acrescentou.

Mas diferentes abordagens funcionam melhor em diferentes estilos de vida, e cada um deve trabalhar com o seu próprio médico e o seu próprio corpo sem stress e vergonha, disse Stanford.

Se uma estratégia de nutrição funciona para outra pessoa, disse, "significa apenas que o corpo de alguém respondeu e o outro não". "Não significa que tenha falhado. Significa apenas que não é isso que o seu corpo precisava."

*Jen Christensen contribuiu para este artigo

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