Divulgado acordo entre Epstein e mulher que diz ter sido abusada sexualmente pelo príncipe André

3 jan 2022, 19:26
Príncipe André (Associated Press)

Defesa do segundo filho da rainha Isabel II espera que divulgação do documento o ajude a colocar um ponto final no caso. Acordo revela que Epstein pagou a Virginia Giufre 500.000 dólares para desistir do caso

Foi publicado esta segunda-feira um acordo legal, datado de 2009, entre Virginia Giufre e Jeffrey Epstein. De acordo com o documento, citado pela CNN, Epstein pagou a Virginia, uma das vítimas de abusos sexuais, 500.000 dólares para desistir do caso sem qualquer admissão de responsabilidade ou culpa.

O acordo foi divulgado por um tribunal de Nova Iorque e os advogados do duque de York já afirmaram que o mesmo protege André e outros acusados de serem processados pela alegada vítima.

Na cópia a que a CNN teve acesso, o nome de André não aparece explicitamente como parte envolvida. O acordo diz que serve para "remeter, libertar, absolver, satisfazer e ilibar para sempre" as partes e "qualquer outra pessoa ou entidade que poderia ter sido incluída como potencial réu ", mas não menciona explicitamente nenhuma outra pessoa no documento.

Príncipe André enfrenta semana decisiva

É uma semana crucial para o príncipe André. Acusado por Virginia Roberts Giuffre, uma das vítimas de Jeffrey Epstein, de abuso sexual, e depois de ter visto Ghislaine Maxwell ser acusada por tráfico sexual e aliciamento de menores, o filho da rainha Isabel II enfrenta agora uma semana decisiva no caso.

A defesa do príncipe espera que a divulgação do acordo seja suficiente para que o juiz indefira a ação contra o ex-marido de Sarah Ferguson.

Essa decisão será tomada na terça-feira, pelo juiz Lewis Kaplan. O segundo filho da rainha, de 61 anos, ainda não foi acusado criminalmente e negou as acusações de que, em 2001, agrediu sexualmente Virginia Giuffre quando esta tinha 17 anos.

Provas de suor

Esta não é a primeira vez que os advogados do príncipe tentam colocar um ponto final no caso. Na sexta-feira, o juiz rejeitou a tentativa de parar o processo perante o argumento de que a alegada vítima mora na Austrália e que por isso não pode recorrer à justiça norte-americana.

Na quinta-feira, os advogados de Giuffre exigiram que o príncipe André entregasse registos médicos demonstrando que não conseguia suar. Isto porque, em 2019, em entrevista à BBC, o príncipe negou a afirmação de Giuffre de que ambos teriam partilhado uma dança cobertos de suor numa discoteca londrina, alegando que não conseguia suar devido a uma condição relacionada com o período em que serviu na Guerra das Falkland (Malvinas), em 1982.

Na mesma entrevista, o filho da rainha Isabel II defendeu-se de todas as acusações, rejeitando qualquer comportamento impróprio, mas acabou por demitir-se das suas funções oficiais e afastar-se da vida pública.

Relações forçadas e ameaças

O processo deu entrada, no tribunal federal de Manhattan, em agosto de 2021, pelas mãos dos advogados de Virginia Giuffre, que em comunicado dizia que queria provar que tinha sido traficada e abusada sexualmente pelo membro da família real britânica.

“Estou a responsabilizar o príncipe André pelo que fez comigo. Os poderosos e ricos não estão isentos de serem responsabilizados pelas suas ações. Espero que outras vítimas vejam que é possível não viver em silêncio e medo e recuperar a própria vida exigindo justiça”, lia-se no comunicado divulgado na altura.

Segundo a acusação, que envolve um pedido de indemnização e punição, não divulgados, o príncipe abusou de Giuffre em várias ocasiões, quando esta tinha menos de 18 anos. E relata que, numa ocasião, o abuso sexual ocorreu em Londres, na casa de Ghislaine Maxwell, quando Epstein, Maxwell e o príncipe André a forçaram a ter relações sexuais com o príncipe contra a sua vontade.

Noutra ocasião, o príncipe terá abusado sexualmente de Giuffre na mansão de Epstein em Nova Iorque, quando Maxwell forçou Giuffre e outra vítima a sentarem-se no colo do príncipe André enquanto ele a tocava, frisa o processo. A acusação alega ainda que André abusou sexualmente de Giuffre numa ilha particular de Epstein, nas Ilhas Virgens.

Durante cada um dos alegados atos, Giuffre recebeu “ameaças expressas ou implícitas” de Epstein, Maxwell e/ou André para se envolver em atos sexuais com o príncipe, pode ler-se ainda.

O processo aponta ainda que o príncipe André sabia a idade da vítima naquela altura e que não obstante procedeu “com o propósito de satisfazer os seus desejos sexuais”.

Europa

Mais Europa

Patrocinados