Exclusivo. Jeff Bridges celebra a vida em “The Old Man”, depois da batalha contra o cancro e a covid-19

29 set 2022, 12:08

Apesar dos 72 anos, o ator não pensa na reforma. “Ainda há um jovem dentro de mim”, diz à CNN Portugal. “Sinto-o a borbulhar por todo o lado”.

Foi na televisão do final dos anos 50 que Jeff Bridges começou a trabalhar como ator, mas sempre em papéis secundários que acabaram por passar despercebidos. A oportunidade de interpretar um papel principal só surgiu com “The Old Man”, a série de ação e suspense que acaba de chegar ao Disney+ sobre num antigo agente da CIA que tem contas do passado para acertar. A pandemia forçou a interrupção das gravações em março de 2020, mas o pior veio depois quando os médicos disseram ao protagonista que tinha um linfoma não-hodgkin. Na fase do tratamento com quimioterapia, foi apanhado pela covid-19, a combinação das duas doenças fê-lo temer pela vida e é por isso que fala agora com alívio de dois anos muito difíceis. Regressar entretanto ao trabalho soube muito bem e falar desse processo é também um pretexto para refletir sobre uma carreira de várias décadas que podia não ter acontecido se não fosse a insistência do pai, o ator Lloyd Bridges. Aos 72 anos, com um Óscar de Melhor Ator por “Crazy Heart” e uma estrela no Passeio da Fama, Jeff Bridges não pensa na reforma. Não se sente, portanto, um “Old Man” tal como o novo personagem? “Ainda há um jovem dentro de mim”, diz à CNN Portugal. “Sinto-o a borbulhar por todo o lado”. 

Depois de dois anos difíceis, está de volta aos nossos ecrãs. Como se sente?

Sinto-me bem. Estou com algum jet lag, mas, tirando isso, sinto-me muito bem.

Porque está em Londres, certo?

Sim.

Na mesmo fuso horário que eu, em Lisboa. De certa forma, “The Old Man” é a sua celebração pública da vida, depois da luta contra um linfoma e a covid-19, não é?

É uma boa forma de o dizer, sim! Estou de volta ao terreno. Tivemos um hiato de dois anos pelo meio da série. Foi muito bizarro. Pareceu um regresso ao trabalho, depois de um longo fim-de-semana, com os mesmos atores, a mesma equipa…. Foi muito bizarro, mas também maravilhoso.

Em “The Old Man”, interpreta o seu primeiro papel principal na televisão. O que o entusiasmou mais nele?

Penso que aquilo que me entusiasma em todos os papéis que já interpretei é o trabalho com todos os outros artistas. Os próprios atores, claro, mas também os diretores de fotografia, os realizadores, os técnicos, eletricistas… Todos eles. Sendo uma forma de arte comunitária, conseguimos ir além das nossas maiores expetativas e, neste caso, alcançámos resultados maravilhosos.

Mas quanto ao personagem em concreto, o que empolgou mais?

Eu não sou um ator que precisa de interpretar um tipo específico. Resisto muito a entrar num novo projeto, mas lembro-me de ler o guião e o livro de Thomas Perry (2017) e de pensar: “Isto é atraente, Jeff. Tens de te encontrar com os criadores!” Costumo resistir a isso, porque os sonhos podem ser contagiosos. Não quero apanhar o entusiasmo de outros sem ter o meu, mas encontrei-me com Jonathan E. Steinberg (criado) e Warren Littlefield (produtor executivo), eles começaram a falar-me da sua abordagem e fui apanhado pelo sonho deles. Pareceu-me uma boa oportunidade e sendo fã de toda a produção que se tem feito para televisão, quis explorar isso… Não fazia televisão há 60 anos…

Há muito tempo…

Por isso, aceitei o trabalho e ainda bem que o fiz porque foi uma experiência maravilhosa. O personagem é um ex-agente da CIA e foi bom ter uma pessoa real como consultor técnico a explicar-me como é ser um tipo da CIA. O Christopher Huddleston foi esse consultor e foi muito prestável.

Esse personagem é, de certa forma, forçado a refletir sobre o seu passado. Como olha para a sua vida e para a sua carreira, ao fim de mais de 60 anos a trabalhar como ator?

Tenho tanta sorte, tanta sorte… Eu nasci no berço certo. O meu pai Lloyd Bridges foi ator e fez muitas séries de televisão. A mais popular foi “Sea Hunt” (1958-61) em que ele interpretava um mergulhador. Ao contrário de muitos pais do showbiz, os meus pais encorajaram todos os filhos a seguir pelo mesmo caminho. Eles gostavam tanto! Por isso, olho para trás… Lembro-me de contrariar o meu pai: “Não sei, Pai, se quero seguir representação… Tenho música, fotografia, pintura…” E ele disse-me: “Jeff, não sejas ridículo! Torna-te ator! Vais ser chamado a fazer todas essas coisas. É um ofício maravilhoso. Vais ter oportunidade de trabalhar com pessoas estupendas e viajar por todo o lado.” Estou tão feliz por ter dado ouvidos ao velhote, porque ele estava certo!

Aos 72, sente-se velho? Ou a idade não é um assunto para si de modo nenhum?

Um pouco das duas coisas. Ainda há um jovem dentro de mim, sinto-o a borbulhar por todo o lado… Mas as dores lembram-me que tenho 72.

Como é um dia normal para si, hoje em dia?

Não sei se há um dia normal. Hoje, tenho jet lag, até parece que estou noutro planeta, mas isso é meio normal… Já passei por isso antes. A minha mulher e eu vivemos numa pequena colina com vista para o oceano. Penso que é a minha casa preferida, embora muito pequena. Uma vez, fomos resgatados de uma inundação por helicóptero e acabámos por nos mudar para essa casa. A vida não é normal, pois não? Está sempre a mudar…

Mas pressinto que vive num lugar feliz.

Ah sim!  Acordo e jogo dados, vejo o tempo lá fora. Visto de dentro, até é melhor.

 

A série “The Old Man” (7 episódios) é uma das novidades da semana na plataforma Disney+.

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