Ordem de evacuação, medo, confusão e críticas. O efeito do lançamento de um míssil da Coreia do Norte no Japão

CNN , Gawon Bae e Emiko Jozuka
13 abr 2023, 10:43
Mísseis Coreia do Norte

Medo e confusão em Hokkaido, no Japão, à medida que míssil norte-coreano desencadeia ordem de evacuação. Muitos residentes foram críticos sobre a decisão de enviar o alerta

Um míssil norte-coreano lançou medo na ilha japonesa de Hokkaido, esta quinta-feira, depois de o sistema de alerta de emergência do governo ter alertado os habitantes para se abrigarem.

Milhões de pessoas receberam um Alerta-J, ou ordem de evacuação, pouco antes das 8 da manhã, exortando-as a procurar abrigo, já que o míssil em causa poderia aterrar na ilha ou perto dela.

Mas pouco tempo depois, o medo transformou-se em raiva e confusão, quando a ordem de evacuação foi levantada entre rumores de que a ordem tinha sido enviada por engano, com autoridades locais a dizerem que não havia qualquer possibilidade de o míssil ter atingido a ilha e Tóquio a confirmar, mais tarde, que ele tinha caído fora do território japonês, em águas ao largo da costa leste da Península Coreana.

Muitos residentes foram críticos sobre a decisão de enviar o alerta.

“Qual é a utilidade do Alerta-J, que avisa da queda de um míssil, quando não se sabe onde vai cair?”, questionou um utilizador do Twitter. “No final, não serve outro objetivo que não seja o de incutir no povo japonês a sensação de que o Japão é um alvo, e assustá-lo".

Outro utilizador do Twitter disse que, mesmo que o alerta tivesse sido justificado, teria havido muito pouco tempo para encontrar abrigo.

O secretário do chefe de Gabinete do Japão, Hirokazu Matsuno, defendeu a resposta do governo numa conferência de imprensa em Tóquio na quinta-feira, mas admitiu: “Não corrigimos a informação emitida pelo Alerta-J”.

O responsável afirmou que o alerta era “apropriado”, dada a informação limitada disponível na altura, e disse que o governo tinha atualizado o alerta assim que se determinou que o míssil não cairia perto de Hokkaido.

Esta não é a primeira vez que se verificam problemas com os Alertas-J. Em outubro passado, o Japão pediu desculpa pelo mau funcionamento do sistema de alerta precoce, quando foram erroneamente enviados alertas a residentes de nove das cidades e aldeias insulares de Tóquio. Nessa ocasião, a Coreia do Norte tinha disparado um míssil balístico, mas ele não passou sobre as comunidades que receberam os alertas.

O último alarme veio depois da Coreia do Norte ter disparado o que parecia ser um míssil balístico de médio ou longo alcance de uma área perto de Pyongyang, por volta das 7:23 da manhã de quinta-feira, hora local, de acordo com os Chefes do Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul.

Os militares sul-coreanos acreditam que Pyongyang estava a testar um novo míssil balístico, que tinha sido exibido num desfile militar, de acordo com um oficial militar. Esse míssil poderia ser alimentado por combustível sólido, um tipo de míssil que pode ser lançado mais rapidamente e movimentar-se mais facilmente do que os mísseis de longo alcance alimentados por combustível líquido que a Coreia do Norte testou no passado.

A autoridade oficial acrescentou que existe a possibilidade de a Coreia do Norte estar a testar uma parte de um satélite de reconhecimento, tal como um sensor.

A Coreia do Norte disse no ano passado que iria terminar os preparativos para lançar um satélite de reconhecimento militar até este mês.

Os Chefes do Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul disseram que o míssil foi lançado a uma trajetória elevada, voando cerca de 1.000 quilómetros.

Entretanto, o ministro da Defesa japonês, Yasukazu Hamada, afirmou que o míssil em causa pode ter sido um tipo de míssil balístico intercontinental, o de mais longo alcance de entre os mísseis balísticos da Coreia do Norte, mas que as autoridades japonesas continuavam a analisar detalhes.

Hamada acrescentou que o míssil caiu em águas fora da zona económica exclusiva do Japão.

Matsuno chamou ao lançamento “um ato escandaloso que agrava as provocações contra toda a comunidade internacional”.

“A série de ações da Coreia do Norte, incluindo os seus repetidos lançamentos de mísseis balísticos, é uma ameaça ao Japão, à região e ao mundo”, disse Matsuno.

Os Chefes do Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul apelidaram o lançamento de um “ato de provocação significativo” e instaram Pyongyang a parar imediatamente, reiterando que os lançamentos de mísseis balísticos estão a violar as resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

O lançamento de quinta-feira marcou o 12º dia deste ano em que a Coreia do Norte disparou pelo menos um míssil.

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