É um comboio? É um autocarro? Sim

27 dez 2021, 06:09
DMV, autocarro-comboio no japão

No Japão, uma parceria público-privada lançou o primeiro autocarro-comboio, capaz de andar em estrada e sobre carris

Shikoku, uma ilha no sul do Japão, é o primeiro território a ser servido com um autocarro que se transforma em comboio. É um autocarro? Sim. É um comboio? Também. E demora tanto tempo a transformar-se de um para outro como Clark Kent a transformar-se em Super-homem: 15 segundos. Sem precisar de entrar numa cabine telefónica. 

Este híbrido que entrou recentemente em funcionamento chama-se DMV, iniciais de Dual-Mode Vehicle (veículo de modo dual), e é o resultado de uma parceria público-privada, a Asa Coast Railway. é o primeiro veículo deste tipo a ser lançado para uso do público geral, e só existe por enquanto um protótipo em funcionamento, num percurso de 15 quilómetros ao longo da costa, entre as prefeituras de Tokushima e Kochi. A curiosidade tem sido tanta que têm sido sobretudo turistas a esgotar a lotação do novo veículo.

A maior parte do trajeto é feita em estrada, ao longo de 10 quilómetros, até ao ponto em que a viagem prossegue sobre carris. Os pneus dão então lugar a rodas metálicas, iguais às dos comboios. A mudança de rodas demora cerca de 15 segundos, ou seja, menos do que uma paragem num semáforo. À chegada ao destino final, na cidade de Toyo, faz-se como um comboio normal, na estação de caminhos de ferro. 

O projeto foi lançado pela JR Hokkaido, uma subsidiária da Japan Railways, mas acabou por ser abandonado sob acusações de má gestão. Foi, então, retomado enquanto parceria público-privada, liderada pela prefeitura de Tokushima, que investiu cerca de 13 milhões de euros para terminar o protótipo e preparar os pontos de entrada e saída do veículo na rede local de caminhos de ferro. 

Encerrar ou investir?

A Asato Line é a única linha operada pela Asa Coast Railways, uma PPP local que está há algum tempo ameaçada devido à reduzida procura. A linha liga duas localidades costeiras numa ilha essencialmente rural, e com baixa densidade populacional. A necessidade de transferência de comboio para autocarro acaba por dissuadir muitos dos potenciais utentes locais da linha. 

O objetivo do novo veículo é garantir uma cobertura geográfica mais ampla, chegando mais perto de alguns pequenos agregados populacionais sem necessidade de investir em mais caminho de ferro e sem ser preciso mudar de meio de transporte. 

Por outro lado, as autoridades locais querem aproveitar com fins turísticos o facto de o DMV ser um veículo único no mundo. O início da operação tem-se revelado promissor, com bilhetes a esgotar. É obrigatória reserva antecipada, pois a capacidade máxima do veículo é de apenas 20 pessoas. 

A viagem num sentido custa 800 ienes (menos de 7 euros). Nos feriados e fins de semana também há percursos mais longos, até 50 quilómetros. 
O consórcio PPP está a desenvolver versões mais ambiciosas do DMV, com capacidade para mais passageiros.

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