Investigadores confirmam pela primeira vez existência de gelo fora do sistema solar

Agência Lusa , AM
15 mai, 06:01
Uma porção da galáxia anã Wolf-Lundmark-Melotte é mostrada, tal como capturada pelo Telescópio Espacial Spitzer (esquerda) e pelo Telescópio Espacial James Webb. A imagem do Webb mostra muito mais detalhes (NASA/ESA/CSA/IPAC/Kristen McQuinn)

O gelo de água foi detetado sob a forma cristalina, misturado com poeira fina, num sistema ativo onde corpos gelados colidem, libertando partículas detetáveis pelo Telescópio James Webb

Cientistas detetaram pela primeira vez a presença de gelo de água cristalina fora do sistema solar, através de uma observação feita com o Telescópio Espacial James Webb.

O estudo, liderado pelo cientista assistente de investigação da Universidade Johns Hopkins, Chen Xie, confirma definitivamente a existência deste elemento em estado sólido num sistema solar a 155 milhões de anos-luz da Terra, algo que os astrónomos suspeitavam há muito tempo com base em deteções anteriores na sua forma gasosa e na sua presença em estado gelado em planetas próximos.

Os investigadores esclareceram que o termo "gelo de água" especifica a sua composição, uma vez que muitas outras moléculas congeladas, como o dióxido de carbono ou o gelo seco, também são observadas no espaço, informou a Universidade de Oviedo, que também participou no estudo, em comunicado citado na quarta-feira pela agência Efe.

O gelo de água foi detetado sob a forma cristalina, misturado com poeira fina, num sistema ativo onde corpos gelados colidem, libertando partículas detetáveis pelo Telescópio James Webb. Nas zonas mais frias do disco, verificou-se que o gelo constitui mais de 20% do material observado.

De acordo com os investigadores, o gelo de água é um ingrediente vital nos discos que rodeiam as estrelas jovens, pois influencia muito a formação de planetas gigantes e pode ser levado por corpos pequenos, como cometas e asteroides, para planetas rochosos já formados.

Noemí Pinilla-Alonso, investigadora da Universidade de Oviedo e do Instituto de Ciências e Tecnologias Espaciais das Astúrias (ICTEA), participou nesta nova investigação e explicou que esta descoberta confirma que "os processos que afetam os corpos gelados nos limites dos sistemas planetários podem ser comuns no universo" e enfatizou a sua relevância para a compreensão da história térmica e dinâmica destes sistemas.

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