Polícia Federal investiga agência brasileira de inteligência por alegada espionagem durante o governo de Bolsonaro

Agência Lusa , BC
17 mar 2023, 07:59
Jair Bolsonaro (AP)

Investigação foi solicitada pelo Ministério da Justiça depois do jornal O Globo ter revelado que a agência de espionagem utilizou equipamento de monitorização de dispositivos móveis para aceder à localização de cidadãos

A Polícia Federal anunciou ter aberto na quinta-feira uma investigação sobre alegada espionagem de cidadãos pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o Governo de Jair Bolsonaro (2019-2022).

A investigação foi solicitada pelo Ministério da Justiça após o jornal O Globo ter revelado que a agência utilizou equipamento de monitorização de dispositivos móveis para aceder à localização de cidadãos durante os primeiros três anos do mandato do ex-presidente brasileiro.

O equipamento "FirstMile" permitiu à Abin monitorizar até 10.000 pessoas por ano com base em informações dos seus telemóveis, numa ação que aparentemente não tinha autorização judicial.

Numa declaração, a agência admitiu ao jornal brasileiro que o contrato para a utilização do programa começou em 26 de dezembro de 2018 e terminou em 08 de maio de 2021.

"A agência está atualmente a aperfeiçoar e a rever o seu regulamento interno de acordo com o interesse público e o compromisso com o Estado de direito democrático", garantiu a Abin.

Este caso causou controvérsia no Brasil, especialmente entre os membros do Governo de Luiz Inácio Lula da Silva, alguns dos quais descreveram a situação como "muito grave" e afirmam que a forma como a vigilância foi levada a cabo poderia ser considerada um crime.

"Os factos, na forma como são apresentados, podem constituir crimes contra a administração pública e associação criminosa tal como definida no Código Penal", lê-se na carta oficial enviada pelo ministro da Justiça, Flávio Dino, à Polícia Federal.

Segundo a declaração divulgada pelas autoridades, a investigação será confidencial e será conduzida pela Direção de Inteligência da Polícia Federal.

Até ao momento não se sabe quem estava a ser monitorizado pela agência.

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