Foi detido esta quinta-feira por envolvimento na enorme fuga de documentos confidenciais dos EUA sobre a guerra na Ucrânia e eventos paralelos (que envolvem António Guterres)
Jack Teixeira é lusodescente, apurou a CNN Portugal. O avô do jovem de 21 anos é açoriano - a informação foi confirmada à CNN Portugal por Francisco Viveiros, presidente da Casa dos Açores de Fall River. O jovem não tem dupla nacionalidade e o avô será natural de São Miguel.
Ao que a CNN Portugal conseguiu apurar, Jack Teixeira pertence a uma família muito reservada, que não participava muito nas atividades da Casa dos Açores de Fall River, apesar de viver perto da cidade.
A mãe, Donne Marie, é dona de uma florista em North Dighton, e chegou mesmo a partilhar uma fotografia de Jack Teixeira na página do negócio no Facebook.
O FBI deteve, esta quinta-feira à tarde, Jack Teixeira, líder do grupo "Thug Shaker Central" - um pequeno chat na rede social Discord -, que publicou documentos confidenciais dos serviços de informação dos Estados Unidos sobre a guerra na Ucrânia. Jack Teixeira é membro da Guarda Nacional Aérea do Massachusetts.
"O Departamento de Justiça deteve Jack Douglas Teixeira no âmbito de uma investigação à alegada remoção, retenção e transmissão não autorizada de informação confidencial sobre a segurança nacional", confirmou procurador-geral dos Estados Unidos, Merrick Garland, acrescentando que Teixeira é funcionário da Guarda Nacional Aérea e que "não apresentou resistência" no momento da detenção. Vai ser presente a juiz esta sexta-feira no Tribunal Federal Distrital do Massachusetts, em Boston.
Jack Teixeira pode enfrentar até dez anos de prisão por cada crime cometido, avança o The New York Times. O jovem de 21 anos será julgado de acordo com o previsto na Lei de Espionagem, que estabelece que cada documento vale a sua própria acusação.
Segundo entrevistas e documentos analisados pelo The New York Times, Jack Teixeira era o responsável pela supervisão de um grupo onde cerca de 20 a 30 jovens partilhavam memes racistas e a sua paixão por armas e videojogos. De acordo com membros do grupo entrevistados pelo The New York Times, o elemento que publicou os documentos - denominado "O.G." - é "mais velho" que os restantes e tem acesso aos documentos confidenciais, que vem partilhando há meses "através do seu emprego".
Os membros do grupo dizem também que a partilha dos documentos era de natureza "puramente informativa" e que não deveriam ter saído "do seu pequeno canto da internet". "Este tipo [que partilhou os documentos] é cristão, antiguerra, só queria informar alguns dos seus amigos sobre o que se está a passar. Temos algumas pessoas no nosso grupo que estão na Ucrânia. Gostamos de jogos de combate, gostamos de jogos de guerra", diz um dos participantes do chat, de apenas 17 anos de idade.
Entre as dezenas de documentos que já vieram a público, e que têm sido exaustivamente analisados pela comunicação social norte-americana, estão informações que vão desde a dificuldade da Ucrânia em lidar com uma quebra de mantimentos até relatos que sugerem que soldados de países da NATO, incluindo os próprios Estados Unidos, estão no terreno a combater. Uma das mais recentes revelações indica que os Estados Unidos temem que o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, esteja "demasiado recetivo" ao Kremlin.
Em paralelo, foram também identificados documentos que sugerem que Washington espia regularmente alguns dos seus aliados - não apenas a Ucrânia mas também Coreia do Sul ou Israel.