Ministro Matteo Salvini e o governo nacionalista de Giorgia Meloni são acusados de aprovar o plano para o aeroporto de Malpensa sem envolver a SEA, a empresa aeroportuária, nem as concelhias locais. Autoridade de aviação civil de Itália sucumbiu à pressão do governo, acusa Partido Democrata
O conselho municipal de Milão aprovou esta semana uma resolução para tentar travar em tribunal a tentativa "grotesca" de rebatizar o aeroporto de Milão-Malpensa com o nome do controverso antigo primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi.
A autarquia de Milão vai levar o caso ao tribunal regional da Lombardia após uma iniciativa para renomear aquele aeródromo ter sido acelerada por Matteo Salvini, atual ministro dos Transportes no governo nacionalista de Giorgia Meloni.
A tentar alterar o nome do aeroporto de Malpensa desde a morte do magnata multimilionário, em junho do ano passado, este verão Salvini recebeu finalmente luz verde da autoridade de aviação civil de Itália, a Enac, pondo em marcha o seu plano.
Em reação à decisão de Salvini, milhares de italianos assinaram uma petição a exigir ao governo que não avance com este plano, com vários protestos recentes contra o passo.
Muitos italianos já tinham manifestado a sua indignação perante a decisão do governo de pagar um funeral de Estado a Berlusconi, dados todos os escândalos em que esteve envolvido ao longo da sua carreira política. Da mesma forma, também houve protestos contra a aprovação de um selo comemorativo do político no primeiro aniversário da sua morte, em junho passado.
Nascido em Milão em 1936, foi nessa mesma cidade que Berlusconi morreu em 2023, aos 86 anos. O partido que fundou dez anos antes da sua morte, o Força Itália, integra a atual coligação liderada por Meloni.
Normalmente, indicam os media locais, existe um período obrigatório de 10 anos após a morte de uma personalidade para que um local público em Itália possa ser batizado em sua honra.
Giuseppe Sala, presidente da Câmara Municipal de Milão, acusa o governo Meloni de aprovar o plano para o aeroporto de Malpensa sem envolver a SEA, a empresa que gere aquele aérodromo, nem as concelhias locais dos municípios por ele servidos. Também acusa a Enac de sucumbir à pressão do governo de extrema-direita.
Questionado sobre a postura do conselho municipal de Milão, Pierfrancesco Majorino, líder da distrital do Partido Democrata na Lombardia, fala numa "decisão importante e imprevista".
"O conselho, juntamente com outras administrações municipais da área, não vai ficar de braços cruzados perante um ato grotesco e desnecessariamente divisivo por Salvini e pelo governo Meloni", disse, citado pelo Guardian.
Em resposta ao anúncio de Milão, o ministro dos Transportes escreveu na rede social X: "Mesmo após a sua morte, o ódio e rancor a Berlusconi não param."
