Marchisio: «Há silêncio no balneário quanto à homossexualidade»

16 out 2020, 18:08
Claudio Marchisio (Itália): Médio, 33 anos, ex-Zenit

Antigo internacional italiano diz que o futebol reflete «todos os males da sociedade»: racismo, diferenças de género e discriminação

Claudio Marchisio retirou-se do futebol aos 33 anos e, desde então, tem tentado envolver-se em campanhas de luta social. Para o antigo internacional italiano, o futebol é «o símbolo do fracasso cultural da nossa sociedade».
 
«Os problemas do futebol são iguais aos do mundo. Em campo, todos os males da sociedade são refletidos. Racismo, diferenças de género, discriminação. Tornou-se uma grande indústria: é inevitável que percamos a paixão que se fazia sentir nas discussões do bar», confessou em declarações ao jornal Corriere della Sera.
 
Um dos assuntos que tem marcado o futebol moderno prende-se com a homossexualidade. Para o italiano, os jogadores homossexuais optam pelo silêncio por receio das consequências. «Se a homossexualidade é um tabu? Nenhum colega meu jamais me disse que era gay, mas não é verdade que não se fale sobre isso no balneário. Há silêncio, sem dúvida. Tanto pela reação da opinião pública quanto dentro do balneário. Se alguém se assume, sabes aquelas piadas idiotas sobre o sabonete? Bem, é melhor evitá-las. Assumir a homossexualidade é difícil», contou.
 
Marchisio apontou, ainda, Weston McKennie, reforço da Juventus, como um bom exemplo de intervenção na campanha contra o racismo. O jovem negro norte-americano prestou homenagem às vítimas de agressões raciais, depois da morte de George Floyd. «Fiquei muito impressionado com as palavras claras contra o racismo dele. Ele é muito jovem, acabou de chegar, mas imediatamente fez ouvir sua voz. Esses exemplos são bem-vindos», reconheceu o italiano.
 
Marchisio acredita ainda no «poder que as redes sociais podem ter», pois embora muitas vezes sejam «usadas como um instrumento de ódio», podem ser «úteis para comunicar iniciativas positivas».

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