Maia, Rina e Lucy foram mortas a tiro quando iam de férias. Tensão em Israel destruiu a família de Leo

11 abr 2023, 10:45

Há um claro escalar da tensão no Médio Oriente. Britânico e a família são vítimas colaterais, mas não são os únicos

Maia e Rina, de 15 e 20 anos, morreram depois de um ataque que terá sido realizado por um palestiniano na Cisjordânia. Um caso que destruiu a família de Leo Dee, britânico que levou a mulher e os cinco filhos para Israel há nove anos para ser rabi.

O homem ainda chorava a morte das filhas quando, um dia depois do enterro das jovens, o hospital Ein Kerem, em Jerusalém, o informou que a mulher não tinha resistido aos ferimentos sofridos no mesmo ataque, acabando igualmente por morrer. Leo Dee ainda pensou que a mulher pudesse sobreviver, chegou mesmo a pensar como ia explicar a Lucy que as duas filhas tinham morrido. Infelizmente para ele, não teve de o fazer.

Família Dee no funeral de Maia e Rina (Ohad Zwigenberg/AP)

“Apesar dos intensos esforços, dada a natureza crítica dos ferimentos, a equipa teve de declarar a morte”, anunciou o hospital, confirmando a morte da mulher de 45 anos, que estava em coma desde o ataque ocorrido na sexta-feira, quando se deslocavam no Vale do Jordão a caminho de Tiberias, para um fim de semana em família. A família completa de sete vivia em Efrat, pouco a sul de Jerusalém.

O trajeto foi interrompido depois de o carro ter sofrido um acidente após vários disparos. O veículo capotou, mas os autores do crime ainda não tinham terminado. Saíram da viatura e dispararam um total de 22 balas com metralhadoras Kalashnikov. Os investigadores acreditam que os suspeitos se chegaram perto das vítimas para garantir que os disparos as atingiam.

“A Lucy tinha duas balas, uma delas no tronco cerebral, e outra alojada na coluna. Houve uma operação, havia razão para esperanças. Infelizmente, a nossa família de sete é agora uma família de quatro”, explicou Leo, numa conferência de imprensa após saber da morte da mulher.

Quando o rabi soube do ataque já lá estavam as equipas de emergência. O homem, que seguia noutro carro um pouco mais à frente, recebeu uma chamada da sua irmã a dar conta da situação. Só aí Leo percebeu que tinha uma chamada de Maia por atender precisamente à hora em que ocorreu o acidente.

Ainda antes de chegar ao local percebeu a dimensão do que estava a acontecer. É que nas redes sociais já circulava uma fotografia do carro em que seguiam Lucy, Maia e Rina. Uma imagem encontrada por outra filha de Leo, que seguia com ele.

Israel procura autores com tensão a aumentar

O primeiro-ministro de Israel reagiu prontamente ao caso, enviando as "mais sentidas condolências à família Dee", já depois de se saber que também Lucy tinha morrido. Benjamin Netanyahu, que tem endurecido a política diplomática com vários países do Médio Oriente, afirmou que este caso foi um "ataque terrorista severo".

As Forças de Defesa de Israel já lançaram uma investigação para identificar os responsáveis pelo ataque, que surge no meio de um agudizar da tensão entre Israel e Palestina, mas não só. Até ao momento, já foi localizado, em Nablus, o carro que terá sido utilizado pelos autores do ataque.

Também a embaixada de Israel no Reino Unido condenou o caso.

Além do constante conflito com a Palestina, Israel tem visto as tensões aumentarem com Líbano ou Síria, tendo mesmo já trocado fogo com estes dois países, igualmente vizinhos. Em paralelo houve também confrontos em Jerusalém, nomeadamente na mesquita de Al-Aqsa, onde as forças israelitas detiveram 400 palestinianos.

Já depois do ataque ao carro da família Dee, um turista italiano morreu em Telavive, depois de um carro ter investido contra uma multidão, provocando ainda vários feridos. Em paralelo, e já no sábado, as tropas israelitas mataram um palestiniano de 20 anos na Cisjordânia, alegando que o jovem atirou um "engenho explosivo" contra as autoridades.

Centenas juntaram-se no funeral de Ayed Slim (Majdi Mohammed/AP)

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