"Embora seja fria e escura a noite, na nossa alma arde uma centelha". Manifestações cercam Netanyahu

23 mar, 17:20
Benjamin Netanyahu (AP)

Os confrontos entre manifestantes e a polícia já levaram a detenções junto à residência particular do primeiro-ministro de Israel. Noutra zona próxima, decorre uma vigília mais emotiva pela libertação dos 59 reféns ainda em Gaza

Este domingo, e logo pela manhã, milhares de manifestantes, em tentas, concentram-se junto à residência privada do primeiro-ministro israelita, em Jerusalém.

O protesto contra Netanyahu, pacifico mas ruidoso, rapidamente escalaria (quando tentaram romper as barreiras de contenção) e a polícia israelita deteve, já durante a tarde, dois manifestantes após confrontos entre estes e as autoridades. A informação foi avançada por uma rede de advogados que representa os ativistas anti-governo detidos, adiantando igualmente que ambos terão sido levados para uma esquadra para serem interrogados.

Já as autoridades, por agora, não emitiram qualquer informação sobre estas detenções. 

As detenções não significaram o fim do protesto. Deste e de vários, simultâneos. Este começou no Knesset, o parlamento israelita, mas depressa os manifestantes resolveram deslocar-se rumo à rua Azza - uma das ruas mais movimentadas de Jerusalém -, onde fica a residência do primeiro-ministro, e montando ali o seu acampamento, no asfalto.

Estes manifestantes empenhavam bandeiras e entoavam palavras de ordem, ambos sobre a situação dos reféns ainda presos em Gaza, culpabilizando Benjamin Netanyahu pela interrupção do acordo de cessar-fogo e, consequentemente, da libertação prevista daqueles cidadãos. "Aqui permaneceremos, custe o que custar."

Um momentos emotivo do protesto aconteceu quando os presentes cantaram uma conhecida melodia israelita, ouvida habitualmente durante o Hanukkah, que celebra a luta da comunidade judaica pela liberdade de praticar a sua religião. "Embora seja fria e escura a noite, na nossa alma arde uma centelha", ouvi-se já na rua Azza. 

A poucos metros da manifestação contra o governo de Benjamin Netanyahu, decorria uma segunda, mas num tom sereno, de vigília, organizada pelos familiares dos reféns ainda retidos em Gaza. Aqui, na casa das centenas - e onde se encontravam crianças em número significativo  -, muitos vestindo branco, os manifestantes permaneceram sentados, em silêncio - um silêncio somente interrompido quando algum familiar discursasse. Familiar ou não. 

Adina Bar Shalom é ativista política e filha do falecido rabino Ovadiah Yosef, fundador do partido ultraortodoxo Shas, e dela se ouviu, ao lado da mãe de um refém entretanto libertado - e  apontando a Netanyahu nas palavras: "Não há nada mais sagrado do que salvar vidas. Quem salva uma vida, é como se tivesse salvo o mundo inteiro". Adina Bar Shalom insitiu que ainda há "59 familiares 'nossos' mantidos em cativeiro em Gaza".

As ruas que convergem para Azza, a rua do primeiro-ministro, foram entretanto cortadas pelas autoridades, tendo sido criado um cordão de segurança na área. Os manifestantes não desmobilizam para já. 

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