Isaltino Morais e atual deputada do PS entre os acusados pelo MP de prevaricação de cargo político

CNN Portugal , com Lusa
27 out 2022, 20:48
Isaltino Morais

São suspeitos de de favorecerem uma empresa de construção civil

O Ministério Público acusou, esta quinta-feira, seis titulares e ex-titulares de cargos políticos e dois presidentes de conselhos de administração de empresas de prevaricação de titular de cargo político.

Um dos arguidos é o presidente da Câmara de Oeiras, Isaltino Morais. Uma informação avançada em primeira-mão pela SIC Notícias e, entretanto, confirmada pela CNN Portugal. 

Na acusação do Ministério Público, da qual a CNN Portugal teve acesso, é possível perceber que estão ainda visados pelo mesmo crime: Susana Amador, atual deputada do Partido Socialista, ex-presidente da Câmara de Odivelas e ex-secretária de Estado da Educação; Paulo Vistas, ex-vice-presidente da Câmara de Oeiras; e o antigo autarca de Mafra, José Ministro dos Santos.

Questionada pela Lusa, fonte da Câmara de Oeiras disse que vão emitir um comunicado até ao final da manhã de sexta-feira sobre este caso e que o presidente, “até lá, não fala”.

De acordo com a Procuradoria-Geral Regional de Lisboa (PGDL), o inquérito “teve por objeto a investigação das parcerias público-privadas institucionais (PPPI) de três municípios da Área Metropolitana de Lisboa nas quais o parceiro privado escolhido foi sempre um consórcio liderado pela mesma empresa de construção civil, tendo todos os procedimentos concursais sido preparados e instruídos pela mesma empresa de assessoria/consultoria”.

A Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa diz estar “suficientemente indiciado” que, entre 2006 e 2012, “estas duas empresas encetaram contactos com os representantes de várias autarquias”, aos quais apresentaram um modelo de PPPI “em que a construção dos equipamentos ficava a cargo de uma sociedade de capitais maioritariamente privados, a qual adjudicava depois as obras ao parceiro privado”.

Umas vez concluídas as obras, o parceiro privado “arrendava os equipamentos ao município por um prazo de 25 anos, findo o qual estes passavam a ser propriedade do município”, acrescenta.

“Este modelo de contratação com recurso a PPPI permitia que as autarquias não se endividassem diretamente numa altura em que os níveis de endividamento se situavam já próximos do limite legal, pois a obra seria suportada por uma sociedade privada e não pelo município que só teria de assegurar o pagamento de rendas”, explica a PGDL.

No entanto, segundo a PGDL, o pagamento das rendas ao longo desses 25 anos “implicava um custo maior para o município quando comparado com o custo de construção dos equipamentos com recurso a uma empreitada de obra pública”.

Nesses contactos era “oferecida” aos municípios a preparação dos concursos das PPPI, serviço que era prestado pela empresa de assessoria/consultoria, mas pagos pela empresa de construção civil “por via de um contrato de prestação de serviços que já havia sido celebrado entre estas”, lê-se no comunicado.

“Por via desse contrato, a empresa de construção garantia a sua escolha como parceiro privado nas PPPI, através de um concurso feito ‘à sua medida’ e do qual tinha conhecimento antecipado”, indicou a Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa.

A PGDL afirma ainda que a relação e o contrato entre aquelas duas empresas era do conhecimento dos autarcas, que sabiam assim “de antemão que isso iria beneficiar aquela concreta empresa de construção civil e, necessariamente, prejudicar o município a longo prazo”.

Segundo a Procuradoria, os factos descritos da acusação ocorreram entre 2006 e 2012, a empresa de construção civil conseguiu obter lucros com margens superiores àquelas que eram habitualmente praticados no setor da construção civil e os municípios envolvidos saíram prejudicados.

A PGDL considera que o modelo de contratação tradicional – através de uma empreitada de obras públicas – teria tido custos inferiores aos que resultaram da construção dos equipamentos com recurso àquele modelo de PPP.

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