Mulher de 97 anos condenada a dois anos de prisão com pena suspensa por cumplicidade no assassínio de mais de 10 mil pessoas em campo nazi

20 dez 2022, 10:36
Irmgard Fuchner (Getty Images)

“Lamento tudo o que aconteceu. Arrependo-me de ter estado em Sttuthof na altura, é tudo o que posso dizer”

A antiga secretária de um comandante nazi responsável pela administração de um campo de concentração foi condenada a dois anos de prisão com pena suspensa.

Irmgard Furchner, hoje com 97 anos, foi contratada enquanto adolescente para ser datilógrafa no campo de Stutthof, no norte da Polónia, onde trabalhou entre 1943 e 1945. A alemã foi considerada cúmplice do assassínio de mais de 10.500 pessoas, entre judeus, ciganos e líderes da resistência polaca.

As estimativas dos historiadores apontam para que mais de 60 mil pessoas tenham morrido neste campo de concentração perto da cidade de Gdansk. No total, devem ter sido aprisionadas no local cerca de 110 mil pessoas. O comandante do campo, Paul Werner-Hoppe, foi detido em 1955 pela sua responsabilidade nos assassínios, mas acabou libertado cinco anos depois.

O tribunal distrital de Itzehoe, localidade no norte da Alemanha, julgou Furchner num tribunal especial para jovens, dado que tinha menos de 21 anos à data dos factos. O início do julgamento foi adiado em setembro do ano passado, refere a Reuters, após Furchner ter fugido do lar onde se encontrava. A mulher de 97 acabou por ser encontrada em Hamburgo.

Durante a audiência, Furchner quebrou o silêncio que mantinha desde o início dos procedimentos. “Lamento tudo o que aconteceu. Arrependo-me de ter estado em Sttuthof na altura, é tudo o que posso dizer”, afirmou perante o tribunal, citada pela BBC.

A sua equipa de advogados tentou que fosse ilibada, manifestando dúvidas sobre o que Furchner realmente sabia acerca do funcionamento do campo, mas os procuradores, com a ajuda do historiador Stefan Hordler, conseguiram provar que a datilógrafa conseguia visionar o campo a partir do escritório do comandante, considerado o “centro nevrálgico” de Sttuthof.

Europa

Mais Europa

Patrocinados