No entanto, a resposta do Ayatollah Ali Khamenei ao Presidente norte-americano já aconteceu: não é não
O Irão irá responder à carta do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, "após uma análise completa", afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Esmaeil Baghaei.
Na semana passada, um oficial dos Emirados Árabes Unidos entregou uma carta do Presidente norte-americano que propunha negociações nucleares com Teerão. No entanto, a resposta da liderança suprema do Irão, Ayatollah Ali Khamenei, foi clara e firme, considerando a proposta como uma "enganação" por parte de Washington.
Este episódio insere-se num contexto de tensões prolongadas entre os dois países, que atingiram níveis elevados desde a retirada unilateral dos Estados Unidos do acordo nuclear de 2015, o famoso JCPOA (Plano de Ação Conjunto Global), durante o mandato de Trump. O governo iraniano tem, desde então, expressado desconfiança quanto à sinceridade das intenções americanas, especialmente quando se trata de discussões sobre o programa nuclear iraniano - um tema delicado e de alta importância estratégica para o regime teocrático de Teerão.
A decisão de o Irão dar uma resposta só "após uma análise completa" é um reflexo dessa cautela e do complexo jogo de poder que se desenrola no Oriente Médio, onde os interesses de potências globais e regionais se entrelaçam de forma intricada.
Encontro de alto nível
O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Kazem Gharibabadi, vai encontrar-se esta segunda-feira em Viena com o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Rafael Grossi. O encontro, que terá lugar na sede da agência, foi confirmado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano.
O porta-voz do ministério, Esmaeil Baqaei, destacou que este encontro surge no seguimento de uma série de consultas diplomáticas que Gharibabadi manteve com os seus homólogos da Rússia e da China em Pequim, na última sexta-feira. De acordo com Baqaei, a reunião com Grossi faz parte do “compromisso contínuo do Irão com a AIEA” e visa reforçar o diálogo em torno do programa nuclear iraniano.
Este movimento diplomático ocorre num momento de crescente tensão internacional sobre as atividades nucleares do Irão, especialmente após o colapso do acordo nuclear de 2015, que limitava o enriquecimento de urânio por parte de Teerão em troca da suspensão de sanções económicas.
O encontro desta segunda-feira pode ser interpretado como uma tentativa do Irão de reafirmar a sua disposição para colaborar com a AIEA e, simultaneamente, de mostrar que, apesar das críticas internacionais, continua a insistir no direito de desenvolver a sua tecnologia nuclear de forma pacífica.
