Aqui estão os negócios que podem resultar em 2023

8 jan 2023, 08:00
Compras online (Pexels)

Inflação e conjuntura desfavorável ainda deixam espaço para o aparecimento de investimentos que podem ser lucrativos. Veja quais

Aplicações como a Vinted ou o aparecimento de novos negócios digitais podem ser um dos escapes para conseguir ter bons investimentos em 2023, num ano em que a inflação promete deixar marcas e originar a perda do poder de compra. Um sinal de que há uma rota de saída, mesmo que para isso seja preciso arriscar e tentar algo de novo.

Serviços inovadores no digital 

A Amazon já vai fazer 30 anos em 2024, mas continua por descobrir um mundo de oportunidades no ramo digital. Apesar do recente crescimento de aplicações como o Spotify, a Uber ou outros serviços, existe ainda espaço para encontrar modelos de negócios inovadores. Que o diga o fundador da Vinted, empresa fundada em 2008, mas que só no ano que agora acabou teve o seu verdadeiro boom em Portugal.

É precisamente nesta área que Ricardo Ferraz, O investigador do ISEG e professor de Economia na Universidade Lusófona,  vê algumas das melhores oportunidades para se investir em 2023. À CNN Portugal, o especialista explica que existem três conceitos que coexistem atualmente: digital, inovação e economia circular.

Ora, aplicações como a Vinted são tudo isso: digital por serem plataformas online, inovação por apresentarem coisas novas e economia circular por se basearem em pequenos compradores, “com negócios que vão aparecendo” e estimulam a troca de bens, como refere o especialista.

“Aquilo que é digital e tiver inovação vai continuar a dar, apesar da conjuntura mais desfavorável”, acrescenta, explicando que isso foi o que aconteceu com outras aplicações como as da revenda de comida mais barata. De resto, Ricardo Ferraz admite que também esta área poderá conhecer no próximo ano “mais impulso”.

Isto porque a pandemia “veio dar um forte impulso a essa tendência, que já existia”. Com efeito, a obrigatoriedade de ficar em casa durante meses a fio forçou as pessoas a desenvolverem as suas capacidades de lidarem com o digital, não só para comunicar, mas também para transacionar. Uma tendência com espaço para crescer: “Cada vez se utilizam mais aplicações, já nem precisamos de sair de casa. Aparecem mais empresas inovadoras, com o digital associado”, diz Ricardo Ferraz.

Esta economia circular pode funcionar também em aplicações ou redes sociais. No Facebook, por exemplo, já se fazem várias vendas de utilizador para utilizador.

Sempre o imobiliário

Uns anos mais, noutros anos menos, o imobiliário nunca deixa de ser uma boa aposta, nem que seja porque se fica sempre com o ativo, que dificilmente desvaloriza de forma brutal.

Para Filipe Garcia, presidente IMF - Informação de Mercados Financeiros, esta solução será sempre de considerar para quem tiver o dinheiro na mão, não necessitando de empréstimo. Mesmo que já se note um "arrefecimento" nos preços, uma vez que o especialista admite que possa ocorrer uma desvalorização da habitação, o que poderá querer dizer que a mesma casa em 2023 pode vir a custar um pouco menos que em 2022.

Mas o contrário também acontece, "às vezes compra-se caro". Ainda assim, e concluindo a análise, Filipe Garcia vê esta como "uma das alternativas clássicas de investimento para a qual faz sentido olhar".

E há outro cenário a ajudar quem quer comprar para depois arrendar: "Aquilo que se vê é que, se há taxas de juro mais altas e poderá haver um efeito no preço dos imóveis, também é verdade que as taxas mais altas poderá dificultar a aquisição de casas para algumas pessoas", acrescenta, vendo aí uma "boa notícia para o mercado do arrendamento". Até porque grande parte da população terá de continuar a arrendar, uma vez que ficará com menos capacidade para comprar casa.

Ações e fintechs

O ano de 2022 foi marcado por maus desempenhos em dois ativos: ações e obrigações. Filipe Garcia afirma que a normalização da inflação pode dar uma perspetiva de hipóteses interessantes, sobretudo no mercado obrigacionista.

O especialista é cauteloso a aconselhar estes investimentos, apontando que, independentemente da conjuntura ou do dinheiro disponível, o mais importante é que a pessoa analise bem o seu perfil de investidor, percebendo até onde e como quer ir na sua forma de investir. Assim, para este ano, prevê-se que o alívio da política monetária faça surgir novas oportunidades. Mas não para já.

"Não me parece que, em ambos os casos, isso vá acontecer no imediato", afirma, sublinhando "a necessidade de as pessoas se munirem de aconselhamento" na hora de investir.  De acordo com Filipe Garcia, tem-se assistido a "más experiências" de investimento, sobretudo quando ele é desadequado, mesmo que o produto em causa pudesse ser potencialmente bom.

"Se eu for uma pessoa muito avessa ao risco ou que tenha pouco dinheiro para arriscar e que as perdas possam influenciar muito o meu estilo de vida, se investir em mercados arriscados, o mais provável é não lidar bem com isso, sair logo do mercado e perder bastante dinheiro", reitera, explicando que as posições devem ser tomadas de acordo com o perfil de risco, mais importante do que "acertar em cheio no ativo A ou B".

Isto porque, defende Filipe Garcia, a gestão da carteira de investimentos depende muito desse mesmo perfil, e não apenas do comportamento dos ativos no mercado. Tudo porque "as pessoas não estão habituadas à volatilidade que as coisas têm".

Outra área a ter sempre em atenção é a chamada fintech, investimento em aplicações financeiras, a maioria delas não transacionadas em bolsa. São investimentos que, segundo Filipe Garcia, não são tão fáceis. "Depende muito dos projetos. Tivemos quedas muito pronunciadas em algumas ações desse segmento, o que não quer dizer que não venham a ter sucesso", diz.

Ainda assim, para o especialista algo é claro: a penetração destes serviços vai aumentar, o que significa que, desde que bem calculados, são investimentos que podem valer a pena. Mais uma vez, e tal como no caso das ações ou obrigações, é muito importante e necessário o aconselhamento. "As pessoas querem investir em fintech, veem o anúncio no Facebook e acham que é por ali, depois perdem o dinheiro", refere.

A aposta no "verde"

Há anos que ouvimos falar na necessidade de uma transição para as energias verdes, com o grande objetivo de atingir a neutralidade carbónica até 2050. Só que a guerra e consequente escassez de combustíveis fósseis como o petróleo e o gás natural precipitaram a procura por fontes alternativas de energia.

Ricardo Ferraz sublinha que "estão a surgir mais negócios ligados à produção e distribuição de energia limpa, sobretudo de formas inovadoras". Algo que o professor de Economia vê ganhar importância com a crise energética.

"Há empresas e universidade a trabalharem nestas pesquisas e projetos. Esta vai ser uma área chave", acrescenta.

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