Boban: «A ideia de Infantino e Wenger é ainda pior do que a Superliga»

9 out 2021, 19:09
Boban secretario-geral adjunto da FIFA para o futebol

Antigo internacional croata, agora na direção da UEFA, insurgiu-se contra o Mundial de dois em dois anos

O antigo internacional croata Zvonimir Boba, que passou a integrar a direção da UEFA este ano, insurgiu-se contra a proposta da FIFA de realizar o Campeonato do Mundo de dois em dois anos, considerando que o projeto «é ainda pior do que a Superliga».

Numa longa entrevista ao jornal italiano Gazzetta dello Sport, o antigo jogador do Milan começou por manifestar orgulho pela forma como a UEFA fez frente ao projeto da Superliga Europeia. «Estou orgulho pela forma como a UEFA e o presidente Aleksander Ceferin reagiram. Foi uma iniciativa puramente conduzida por interesses de negócios de algumas pessoas que esqueceram valores, a história, a tradição e a identidade – tudo aspetos fulcrais do nosso desporto», referiu.

Boban vai mais longe. «Não há qualquer responsabilidade cultural e social dos clubes com as comunidades que os sustêm. Tudo porque estes bilionários cometeram erros na gestão dos seus clubes. São responsáveis. Querem tudo para eles, deitam fora os valores e querem fazer do futebol uma espécie de desporto americano», prosseguiu.

O antigo internacional croata é um defensor das novas tecnologias do futebol, mas considera que o futebol não se pode afastar muitos das suas raízes. «Sou a favor de novas coisas que tragam melhorias ao futebol, mas não podemos estar obcecados em mudar tudo. O futebol é adorado porque nunca mudou muito ao longo do tempo», comentou.

Quanto ao projeto da FIFA. «A ideia de Infantino e Wenger é absurda, ainda pior do que a ideia da Superliga. Seria mau para os jogadores, para as ligas e para os clubes também. Não respeita ninguém. Iria destruir as instituições do futebol em conjunto com a pirâmide que foi construída ao longo de décadas de trabalho. A UEFA nunca proporia um Euro bienal, mesmo que isso proporcionasse mais receitas», destacou ainda.

Boban rebateu ainda a ideia de Wenger que o projeto da FIFA significaria uma modernização do futebol. «Ele não compreende que isso traria apenas dinheiro, poder e a insaciáveis ambições. O futebol não pertence a Infantino e Wenger. Não é meu ou teu, pertence a toda a gente que gosta de futebol. Não nos podemos esquecer que tudo começa com a bola a rolar no relvado com jogadores, é o jogo do povo», referiu ainda.

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