Joselu e mais nove: quando a primeira vez com a camisola da seleção é perfeita

27 mar 2023, 08:06
Estreias de sonho pela seleção

Partindo da noite incrível do avançado pela Espanha, o Maisfutebol foi olhar para algumas das estreias mais memoráveis de jogadores pelas suas seleções. Dez histórias de proezas únicas, onde cabem heróis por apenas um dia, mas também craques que não perderam tempo a deixar a sua marca.

Uma estreia de sonho é isto. Vestir pela primeira vez a camisola da seleção aos 32 anos, sair do banco a menos de dez minutos do final e marcar duas vezes em dois minutos. Partindo da noite incrível de Joselu pela Espanha, o Maisfutebol foi olhar para algumas das estreias mais memoráveis de jogadores pelas suas seleções. Dez histórias de proezas únicas, onde cabem heróis por apenas um dia, mas também craques que não perderam tempo a deixar a sua marca.

O hat-trick de Palmeiro

Começando pela seleção nacional. A proeza mais incrível de um estreante com a camisola de Portugal aconteceu a 3 de junho de 1956. Portugal recebia a Espanha para um encontro particular e a única novidade em campo era Francisco Palmeiro, médio do Benfica que não era figura de primeiro plano, mas parecia talhado para golos marcantes. Foi ele o primeiro jogador das águias a marcar na Luz, na derrota com o FC Porto na inauguração do estádio, em 1954. Também seria dele o primeiro golo de sempre do Benfica nas competições europeias – em 1957, frente ao Sevilha, para a Taça dos Campeões Europeus. Com a camisola de Portugal, a sua primeira vez foi então no Jamor. E Palmeiro assinalou o momento com um hat-trick. Fez o primeiro logo aos cinco minutos, bisou aos 26m e fechou as contas ainda antes do intervalo. O terceiro golo foi o mais bonito, contou ao Maisfutebol em 2011. Palmeiro, que faleceu em 2017, só somou mais duas internacionalizações depois daquela estreia épica.

A noite perfeita de Rúben Micael

Passaram mais de 50 anos da proeza de Francisco Palmeiro até um jogador voltar a marcar mais do que um golo na estreia pela seleção nacional. Rúben Micael conseguiu-o em março de 2011. O médio que se destacou no Nacional e representava então o FC Porto foi lançado por Paulo Bento num particular frente à Finlândia em Aveiro e só precisou de dois remates para marcar os dois golos da vitória de Portugal. Inaugurou o marcador aos 10 minutos, fez o segundo aos 71 e saiu quatro minutos mais tarde, para a ovação. «Se dissesse que esperava isto, estava a mentir. Nunca pensei em jogar hoje e muito menos em marcar estes golos», admitiu no final. Não marcou mais nenhum golo nas 15 internacionalizações que somou depois, ele que esteve entre os convocados para o Euro 2012, sem ter jogado.

Paulinho, o último a bisar na estreia

Houve seis jogadores a marcar mais do que um golo na estreia pela seleção portuguesa e o último foi Paulinho. A 11 de novembro de 2020, o avançado do Sporting foi lançado no onze inicial por Fernando Santos, num particular frente a Andorra. O primeiro golo desse jogo, que Portugal venceu por 7-0, foi aliás marcado por outro estreante, Pedro Neto. Paulinho marcou à passagem da meia hora e bisou de cabeça aos 61 minutos, pouco antes de ser substituído. «Uma semana perfeita», disse no final o jogador, que tinha celebrado 28 anos já na concentração da seleção. Foi o único jogo que fez a titular. Nas duas partidas seguintes, frente a França e Croácia, a contar para a Liga das Nações, jogou apenas os minutos finais. Até agora, não voltou a vestir a camisola da seleção.

O incrível recorde de Jimmy Greaves

Jimmy Greaves é um dos grandes goleadores da história do futebol inglês. E ganha lugar nesta lista porque marcou na estreia pela Inglaterra, sim, mas sobretudo porque essa foi só mais uma das primeiras vezes que assinalou com golo, num registo incrível. O avançado que foi campeão do mundo em 1966 e que apontou mais de 700 golos ao longo da carreira marcou em cada estreia: pelo Chelsea, pelo Milan, pelo Tottenham, pelo West Ham. E pela Inglaterra. Aliás, logo na estreia pela seleção sub-23 também bisou. Depois, fez o primeiro jogo pela equipa principal em maio de 1959, numa digressão da Inglaterra pela América do Sul. Marcou o único golo numa derrota por 4-1 frente ao Peru.

O outro Müller de ouro

Um «hat-trick» na estreia, na meia-final do Campeonato da Europa. É difícil bater isto. Na época em que o Europeu se decidia numa espécie de «final four», a campeã do mundo Alemanha defrontava a Jugoslávia por um lugar na final do Euro 1976. Já não tinha Gerd Müller, o bombardeiro que marcara 14 golos nos dois últimos Mundiais. Mas teve um sucessor à altura. O segundo Müller da linhagem de goleadores alemães, uns bons anos antes de Thomas, apresentou-se com estrondo. Já agora, uma curiosidade: esse não era originalmente o apelido de Dieter, era do seu padrasto, e ele adotou-o quando já era jogador do Colónia. Então, naquela meia-final a Jugoslávia chegou aos dois golos de vantagem, antes da reação em cadeia da Alemanha. Flohe reduziu aos 65 minutos, e depois Dieter Müller fez o resto. Um, dois, três golos. A Alemanha venceu por 4-2 e marcou encontro na final com a Checoslováquia. Dieter Müller voltou a marcar na decisão, mas não chegou. O jogo terminou com um empate a duas bolas e foi a penáltis. Decidiu-se no remate de Antonin Panenka. Sim, aquele penálti.

Josip Weber, uma manita da Croácia à Bélgica

Josip Weber nasceu na antiga Jugoslávia e em 1992 chegou a representar a Croácia. Mas depois optou por representar a Bélgica, ele que jogou no Cercle Brugge e no Anderlecht e tinha antecedentes familiares no país. Estreou-se pelos Diabos Vermelhos num jogo particular com a Zâmbia. Foi em junho de 1994, um ano depois do acidente de viação que vitimou 18 jogadores da seleção africana. Frente a uma Zâmbia em reconstrução, a Bélgica venceu por 9-0. E o estreante Josip Weber marcou nada menos que cinco golos. Seguiu com a Bélgica para o Mundial 1994 e esteve nos quatro jogos da campanha dos «Diabos», que caíram nos oitavos de final frente à Alemanha. A carreira internacional de Weber acabou ainda em 1994, ao fim de oito jogos e seis golos.

A apresentação de Zidane

A 17 de agosto de 1994, a França iniciava um novo ciclo, depois do choque do apuramento falhado para o Mundial. Aimé Jacquet era o selecionador, a construir uma equipa que faria história. No banco, naquele particular com a Rep. Checa, estava Zinedine Zidane, então um jovem de 22 anos a dar que falar no Bordéus. Não começou bem para os Bleus, que chegaram ao intervalo a perder por 2-0. A meia hora do fim, Jacquet fez entrar Zidane, a substituir Corentin Martins. Zizou demorou uns minutos a embalar, e depois tomou conta do jogo. O primeiro golo é Zidane clássico, o movimento de pés a controlar a bola, antes de um enorme remate de longe. Depois, bisou de cabeça para fixar o 2-2 final. O resto é história.

Klose, o início da história

Miroslav Klose podia ter representado a Polónia, mas preferiu esperar pela Alemanha. A história daquele que viria a tornar-se o melhor marcador de sempre em Campeonatos do Mundo começou em tom épico. Em março de 2001, a Alemanha defrontava a Albânia num jogo de qualificação para o Mundial 2002 e estava em apuros quando Rudi Voller fez entrar a 15 minutos do fim o avançado que estava a aparecer no Kaiserslautern. O jogo estava empatado a uma bola e Klose fez o que faria muitas vezes daí para a frente: apareceu na área, cabeceou e marcou, para garantir a vitória da «Mannschaft».

Gnabry, um hat-trick para começar

Em novembro de 2016 Serge Gnabry estava de volta à Alemanha e brilhava no Werder Bremen, depois de várias épocas em Inglaterra, sem ter conseguido afirmar-se no Arsenal e depois num empréstimo ao West Brom. Mas estava só a começar. Tinha 21 anos quando chegou a primeira oportunidade com a camisola da Alemanha. E apresentou como cartão de visita nada menos que três golos na vitória por 8-0 sobre San Marino em jogo de qualificação para o Mundial 2022. Na época seguinte chegou ao Bayern Munique. Confirmou o potencial no empréstimo ao Hoffenheim, antes de se tornar a referência que é hoje no Bayern e na Mannschaft.

O sonho de Joselu

Luis de La Fuente sucedeu a Luis Enrique e promoveu uma revolução na convocatória da Espanha. Entre muitas novidades, chamou os melhores marcadores da época na Liga espanhola. Entre eles Joselu, o veterano avançado que nasceu em Estugarda, passou pelo Real Madrid, jogou na Alemanha e em Inglaterra e chegou esta época ao Espanhol, onde leva 12 golos em 23 jogos no campeonato. Chegou a ser internacional pelas seleções jovens, mas nunca tinha chegado à seleção principal. Como seria de esperar, começou no banco na estreia do novo selecionador, frente à Noruega. Mas entrou, quando o relógio marcava 81 minutos. E marcou, de cabeça, aos 84 minutos. Depois, ainda não tinham passado dois minutos, aproveitou uma recarga para bisar. «Ainda não acredito», dizia no final o avançado que celebra hoje33 anos.

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