Qatar detém trabalhadores que protestavam contra pagamentos atrasados

22 ago 2022, 11:09
A bola do Mundial 2022 no Qatar (Adidas)

Detenção ocorre três meses antes do início do Mundial 2022

As autoridades do Qatar detiveram pelo menos 60 trabalhadores estrangeiros que protestavam contra atrasos salariais e deportaram alguns destes, denunciou esta segunda-feira um grupo de investigação, três meses antes de Doha sediar o Mundial 2022.

Mustafa Qadri, diretor executivo do grupo Equidem Research and Consulting, especialista em investigações sobre o respeito dos direitos laborais e direitos humanos disse que a resposta das autoridades aos protestos dos trabalhadores lança novas dúvidas sobre as promessas do Qatar de melhorar o tratamento dos trabalhadores.

O caso ocorre quando o Qatar enfrenta intenso escrutínio internacional sobre as suas práticas laborais antes do Mundial de futebol. Como outras nações árabes do Golfo, o Qatar depende fortemente de mão-de-obra estrangeira.

Num comunicado à agência de notícias Associated Press (AP) na noite de domingo, o Governo do Qatar reconheceu que «vários manifestantes foram detidos por violar as leis de segurança pública».

As autoridades do Qatar recusaram-se a dar qualquer informação sobre as detenções ou deportações.

Imagens de vídeo partilhadas na internet mostraram cerca de 60 trabalhadores, irritados com o atraso no pagamento dos seus salários, a protestar em 14 de agosto do lado de fora dos escritórios de Doha do Al Bandary International Group, um grupo empresarial da área da construção, imobiliário, hotéis, serviços de restauração e outros empreendimentos.

Alguns dos manifestantes não recebiam os seus salários há sete meses, de acordo com o Equidem Research.

Desde que a FIFA atribuiu a organização do Mundial de futebol ao Qatar em 2010, o país tomou algumas medidas para reformular as práticas de emprego, incluindo a eliminação do chamado sistema de emprego ‘kafala’, que determinavam se os funcionários podiam deixar os seus empregos ou até mesmo o país.

O Qatar também adotou um salário mínimo mensal de 1.000 riais do Qatar (275 dólares) para os trabalhadores e exigiu subsídios de alimentação e moradia para funcionários que não recebiam estes benefícios diretamente dos seus empregadores.

O Mundial 2022 realiza-se entre 20 de novembro e 18 de dezembro no Qatar.

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